ECONOMIA
Produção de couro está ameaçada
Dificuldade para encontrar a casca de angico-vermelho está prejudicando produção de trabalhadores que lidam com o curtimento.
Publicado em 08/07/2012 às 15:00
Uma cultura secular está correndo o risco de ter sua produção ameaçada em um futuro bem próximo. Com dificuldades para encontrar angico-vermelho, planta característica de regiões mais secas, artesãos do Cariri paraibano que trabalham com o tingimento de peles encontraram em um estudo realizado por um grupo de Pesquisa da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) em Patos, três alternativas para substituição da espécie que poderá garantir a continuidade da produção de utensílios de couro, e o melhor, sem perder a qualidade e originalidade de uma das marcas tradicionais do nordestino. As alternativas são cajueiro e juremas vermelha e preta.
Segundo explicou Carlos Roberto Lima, coordenador de estudos em madeira do Semiárido da UFCG, os trabalhadores que lidam com o curtimento de pele começaram a sentir dificuldades para encontrar no Cariri a casca de angico-vermelho, matéria-prima que sempre foi utilizada no tingimento do couro. Dessa forma, a intenção do estudo foi pesquisar outras plantas que pudessem substituir parcial ou totalmente o angico-vermelho, já que, segundo ele, esta espécie está escassa na região.
“Para que haja o curtimento de pele é necessário a utilização de taninos, que são substâncias presentes no angico-vermelho.
Então nosso primeiro passo foi levantar um grupo de espécies que também tenham a presença de tanino, de forma que compensasse a exploração. Após isso, nós verificamos a aplicação no curtimento das peles e verificamos que deu certo nas espécies cajueiro e nas juremas vermelha e preta”, explicou o professor.
Contudo, dessas três plantas, a que mais se adequou às extrações de tanino para aplicação durante o processo de curtimento foi a jurema vermelha, que segundo o pesquisador, apresentou resultados satisfatórios. “Foi bastante positivo o resultado que obtivemos, já que a presença de tanino na jurema vermelha está muito próximo do que encontra-se no angico.
Como esse tipo de planta é extraída para a produção de lenha, já se pode aproveitar e realizar a retirada da casca, que é onde o tanino está presente”, acrescentou.
Além de possibilitar uma alternativa para os produtores de artigos em couro de extrair de outra planta sua matéria-prima, o coordenador da pesquisa ainda ressaltou o bem que poderá ser feito ao meio ambiente, uma vez que a plantação de angico-vermelho não estará mais ameaçada de extinção, como também a extração de madeira de jurema não sofrerá aumento já que as que forem retiradas do solo para comercialização da lenha é que terão retiradas suas cascas.
“Além dos produtores ganharem mais uma opção para o curtimento da pele, não haverá mais uma redução na população de angico-vermelho, o que beneficiará o meio ambiente”, pontuou Carlos.
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