ECONOMIA
Quatro empresas vão investir R$ 718,5 mi
Empresas firmaram com o Estado um protocolo de intenções; juntas elas deverão gerar 585 empregos diretos.
Publicado em 20/05/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 14:40
Em evento realizado no Palácio da Redenção, representantes das companhias Votorantim, Moais, LM-Came e Paulista Praia Hotel firmaram um protocolo de intenções junto ao governo do Estado para a instalação de unidades na Paraíba – três delas no Parque Industrial de Caaporã, no Litoral Sul da Paraíba, divisa com o Estado de Pernambuco, e outra em João Pessoa. Juntas, as quatro companhias deverão gerar 585 empregos diretos quando as plantas estiverem concluídas, em um investimento conjunto de R$ 718,5 milhões.
A Votorantim Cimentos será instalada no Parque Industrial e irá gerar cerca de 1,8 mil postos de trabalho temporários durante a etapa de construção. Quando concluída, em 2017, a fábrica irá empregar 200 trabalhadores diretamente e outros um mil distribuídos pela cadeia produtiva. A empresa fará o investimento mais substancial, que irá somar R$ 700 milhões.
Edvaldo Rabelo, diretor-executivo de Energia, Sustentabilidade e Segurança da Votorantim Cimentos, destaca que esta será a sexta fábrica da empresa no Nordeste brasileiro – que já conta com duas unidades no Ceará (Sobral e Peçanha), e outras três em Pernambuco, Maranhão e Sergipe. “A Votorantim está expandindo sua capacidade de produção no Brasil e nós já temos os direitos minerais de calcário na Paraíba. É um mercado importante em infraestrutura, mas o que foi determinante para a escolha da Paraíba foi a parceria com o governo, que concedeu incentivos fiscais para a viabilização do projeto”, comenta Rabelo.
Segundo o executivo, a capacidade inicial de produção da fábrica será de dois milhões de toneladas de cimento por ano – em todo o Estado, a capacidade atual é de 2,4 milhões de toneladas ao ano, conforme números do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). Com isso, a Paraíba passaria a ser o primeiro do Nordeste e um dos maiores produtores nacionais de cimento, competindo com Minas Gerais, São Paulo e Paraná. “Não pretendemos, num primeiro momento, exportar o produto, porque o nosso compromisso é abastecer o mercado brasileiro para permitir o contínuo crescimento do país”, destaca. A produção nacional da Votorantim é de 31,7 milhões de toneladas ao ano.
Já Edinson Muñoz, presidente da Moais – empresa focada em produção têxtil para uso militar – afirma que a Paraíba apresenta vantagem logística em relação a outros estados. “Temos tanto a posição geográfica importante, como também o apoio do governo na instalação da nossa indústria”, fala. A Moais irá investir R$ 3 milhões na edificação de uma fábrica em João Pessoa, com a expectativa de gerar até 250 postos de trabalho diretamente.
A LM-Came, companhia focada em dispositivos e linhas de solda para a indústria automobilística, irá aproveitar a instalação da fábrica da Fiat em Goiana (PE) para se posicionar estrategicamente em Caaporã – que faz limite ao sul com o município pernambucano –, tornando-se uma fornecedora da montadora italiana. A empresa irá desembolsar R$ 5,5 milhões e gerar 80 empregos diretos.
“Em um primeiro momento estamos vindo em função da Fiat, o sucesso deles será o nosso sucesso. Em termos de números, esperamos faturar, por ano, pelo menos R$ 10 milhões. A expectativa, no entanto, é explorar novos mercados; se vierem outras montadoras para cá, teremos uma oportunidade ótima para diversificar a carteira de clientes”, explica Giuseppe Davide Dell'Acqua, sócio-diretor da LM-Came.
A outra empresa que firmou o protocolo de intenções foi a Paulista Praia Hotel, que construirá um hotel voltado ao turismo de negócios em Caaporã. O investimento será de aproximadamente R$ 10 milhões e gerará 55 empregos diretos.
PARQUE INDUSTRIAL
Ontem, também foi assinada a Ordem de Serviço, junto à empresa Sanccol, para a construção da infraestrutura do Parque Industrial de Caaporã, que terá uma área inicial de 157 hectares desapropriados pela Prefeitura de Caaporã, sendo 151 para condomínio logístico – como implantação de 112 lotes industriais – e 6 para hotelaria. O objetivo é atrair empresas dos setores metal-mecânico, cimenteiro e vidreiro. A infraestrutura inclui drenagem, pavimentação, rede elétrica, fibra ótica, esgotamento sanitário, abastecimento de água, ciclovias, criação de áreas verdes.
A presidente da Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep-PB), Tatiana Domiciano, destacou que o parque industrial terá capacidade para abrigar várias empresas de grande porte. “O Parque Industrial de Caaporã vai abrigar empresas de grande porte que vão atender a cadeia produtiva não só do polo cimenteiro, mas também do setor automotivo, vidro e química”, disse. O investimento total é de R$ 40 milhões.
Hoje assinamos a ordem de serviço da primeira etapa, que vai abranger em torno de R$ 6,7 milhões em investimentos. Serão ao todo 49 quadras, divididas em lotes, que darão para abrigar uma média de 50 grandes empresas”.
Tatiana Domiciano também aproveitou para ressaltar o aumento da capacidade de produção cimenteira com a chegada da Votorantim na Paraíba. “O grupo Votorantim conclui agora as quatro indústrias cimenteiras instaladas na Paraíba que, juntas, vão colocar o nosso Estado no patamar de segundo lugar em produção de cimento”, observou.
Segundo Tatiana, o polo de Caaporã futuramente contará com uma unidade do Senai para formar trabalhadores qualificados em atividades relacionadas às indústrias instaladas na cidade. Segundo ela, outro diferencial será a sustentabilidade do empreendimento.
O secretário de Desenvolvimento Industrial de Caaporã, Aderaldo Dantas, afirma que a consolidação do município como polo industrial é um processo que teve início há cinco anos.
“Agora explodiu. Para a população é de fundamental importância para gerar emprego e renda. Para isso, a Prefeitura de Caaporã irá estimular os jovens que querem atuar nas fábricas buscarem qualificação na capital para quando as indústrias estiverem instaladas, a cidade já pode contar com mão de obra disponível”.
GOVERNO CRITICA PACTO FEDERATIVO E PREVÊ 'LIBERTAÇÃO ECONÔMICA'
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, enfatizou em seu discurso, que durou cerca de 30 minutos na solenidade, a mudança da base econômica do Estado – que, segundo ele, deixa de orbitar a máquina administrativa pública e passa a ser absorvida pelo capital privado, mas fez críticas ao atual pacto federativo. Para Ricardo, daqui a três anos a Paraíba irá adquirir uma “libertação econômica”, isto é, terá a maior parte da sua receita oriunda de arrecadação própria, e não apenas dos repasses via Fundo de Participação dos Estados (FPE).
“Desde 1988 se descentraliza serviços, como saúde, educação e transporte. Mas os recursos repassados pela União estão cada vez menores. É uma estrutura cruel. Não se pode considerar o Brasil como uma federação sem que municípios e Estados tenham o mínimo de fôlego para articular políticas próprias”, enfatizou.
O governador destacou também o aumento no número de empregos nos últimos anos e o crescimento na arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). “Hoje somos o maior Estado em crescimento do ICMS. A nossa economia está dando conta disso. Temos R$ 5,8 bilhões em investimentos privados gerando cerca de 30 mil empregos”, afirmou Coutinho.
Segundo ele, em 3 anos e 3 meses de governo a Paraíba gerou 56.483 postos de trabalho – uma média de 1.443 empregos por mês. Com isso, o gestor espera que o Estado se firme como um fornecedor competente de mão de obra, considerando os 21 campi do IFPB e 6 escolas técnicas estaduais.
“O polo de Caaporã não será apenas para atender a Fiat.
Queremos que a Paraíba agregue uma coisa que é fundamental: condições para gerar competitividade. Não há outra saída. Temos uma boa base na formação de Recursos Humanos, uma das melhores do Nordeste”, garante.
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