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ECONOMIA

Queijos para consumidor seleto

Com produtos regionais e orgânicos, fazendas Tamanduá e Taperoá ganham destaque em lojas do mercado local e nacional.

Publicado em 27/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 12:19

Os produtos paraibanos 'tipo exportação', de qualidade genuína e fabricação rigorosa, ultrapassaram as barreiras das Américas e já conquistaram o gosto dos europeus, como franceses e italianos. As iguarias que mais se destacam são frutos, como mangas, e os queijos à base de leite de cabra ou de gado, que vão desde os de origem francesa, idealizados por Pierre Landout, da Fazenda Tamanduá, até os tipicamente nordestinos como os da Fazenda Taperoá, do septuagenário Manuel Vilar.

Mas vale lembrar que até agora apenas os frutos foram levados para terras estrangeiras. Os queijos têm venda direcionada a um público nacional seleto, espalhados por várias lojas refinadas do Brasil, como em São Paulo, Brasília e Minas Gerais e também na Paraíba.

As duas fazendas, Tamanduá e Taperoá, produzem no Estado mais de 4,8 toneladas de queijos por mês, mas na lista dos itens cultivados ainda há mangas, mel, leite e arroz. A fazenda Tamanduá fica situada na cidade de Santa Terezinha, a mais de 300 quilômetros distante de João Pessoa. Mas existe outra unidade na cidade de Sousa, Sertão paraibano.

Ao chegar ao Brasil na década de 1970, o suíço Pierre Landolt queria provar que das terras áridas do Sertão poderiam brotar riquezas. Então, ele apostou na plantação do algodão Mocó, considerado na época o “ouro branco”. Mas nos anos 1980 o bicudo acabou com a cultura do suíço, que foi obrigado a mudar de atividade e ingressou na agricultura e criação de gado.

Atualmente a Tamanduá produz, mensalmente, cerca de 3 toneladas de queijos (cabra e gado), mais de 30 toneladas de mangas Tomy e Keitty, 3 mil litros de leite de cabra biodinâmico, 4 toneladas de arroz castanho e 2,5 toneladas de arroz negro. O número de empregos gerados no Grupo Tamanduá, incluindo as duas fazendas e a indústria Mocó Agropecuária chega a mais de 100 postos de forma direta.

“Nossos produtos abastecem os estados como São Paulo, Pernambuco e Paraíba. Mas só a manga é exportada e vai para a França, Suíça, Alemanha e Itália”, afirmou Manoel Zacarias, gerente da Mocó Agropecuária há 20 anos.

Os queijos biodinâmicos, fabricados de forma diferenciada e com alta tecnologia, são do tipo Saint Paulin, Reblochon e Ricota. Ao contrário dos queijos frescos, os Tipos Saint Paulin e Reblochon são maturados por um tempo que varia entre 20 a 30 dias em câmaras especiais, cuja temperatura e higrometria (conjunto de técnicas de medição da quantidade de vapor d'água existente no ar) são controladas, sendo escovados e revirados diariamente, antes de serem vendidos. O Ricota é um queijo cuja produção foi aprovada tanto pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) como pelo Instituto Biodinâmico (IBD).

TAPEROÁ

Já as fazendas Carnaúba e Pau Leite, situadas na cidade paraibana de Taperoá, distante pouco mais de 200 quilômetros da capital do Estado, fabricam produtos com origem tipicamente nordestina como os queijos Borborema, Cariri e Arupiara.

O proprietário das fazendas Carnaúba e Pau Leite, Manuel Dantas Vilar Filho, 77 anos, contou que era engenheiro civil nos anos 1960 e trabalhou durante 15 anos na Politécnica de Campina Grande. Mas largou tudo e foi morar em Taperoá para se dedicar ao negócio.

A Fazenda Pau Leite tem 4 mil hectares e a Carnaúba, pequena segundo ele, tem mais de 800 hectares. A Laticínio Grupiara, onde os produtos são fabricados, fica situada na Fazenda Carnaúba. “Grupiara significa uma jazida de diamante situada no topo de uma serra”, explicou o nome do laticínio Manuel Vilar (ou Manelito como é conhecido).

Mas o tesouro do empresário não vem das pedras, mas das cerca de 2.000 cabras que possui e da produção de queijo. Os animais fornecem a matéria-prima para a elaboração do produto, que são vendidos apenas em estabelecimentos selecionados.

“Eles têm dimensões de iguarias”, destaca o senhor Manelito.

Inês Dantas Vilar, filha do empresário e administradora da Laticínio Grupiara, explica que o leite oriundo das raças de cabras nativas é analisado em laboratório e possui maior teor de componentes sólidos (proteína, caseína, gordura, etc) o que proporciona um produto diferenciado em sabor e aroma.

Mesmo sem falar em faturamento mensal, Manelito dá uma vaga dimensão de seus rendimentos. “O segredo do meu sucesso é muito trabalho, acordar às 4 horas da manhã e dormir às 22 horas. Hoje meus cinco filhos tomaram conta do negócio e estou cultivando a maior preguiça. E o que ganho dá para sustentar as famílias de todos eles”, brincou.

SECA ATINGE PRODUÇÃO

A seca dos últimos dois anos trouxe prejuízos às fazendas dos empresários Pierre e Manuel Vilar. No Grupo Tamanduá, a produção de manga caiu 70%. Com relação ao mel, cuja extração chegava a 10 toneladas por ano, as perdas foram de 95% neste período e a de melão não houve nos últimos dois anos. Na Taperoá, as perdas na produção do queijo alcançaram cerca de 60%.

“Nós somos preparados para a seca e não superseca. Temos vários poços artesianos e açudes na fazenda, mas todos secaram e a água só dá para segurar o gado. A comida a gente está indo buscar em Sousa, onde há um projeto de irrigação nas várzeas de Sousa. Temos uma área de 300 hectares lá e foi quem salvou a gente”, afirmou Manoel Zacarias, gerente da Mocó Agropecuária do Grupo Tamanduá.

Ele acrescentou que a produção de leite não caiu muito porque o gado come ração balanceada e capim.

Nas fazendas Carnaúba e Pau Leite, em Taperoá, a estiagem também trouxe perdas que chegaram a 60% do total produzido. “Esta última seca foi a pior já registrada nos últimos 100 anos e nos surpreendeu. Porém, estabelecemos tentando nos adaptar, ampliando os campos de palma e capim buffel para alimentar os animais. Mas a produção de queijo está dando certo, está se tornando mais que um alimento, carrega uma mensagem forte de resistência, de tradição e bom gosto e tem nos trazido muito reconhecimento”, afirmou Inês Vilar, administradora da Laticínio Grupiara, das fazendas de Taperoá.

FAZENDAS AMPLIAM DISTRIBUIÇÃO

Na Grande João Pessoa, os queijos das fazendas Tamanduá, Carnaúba e Pau Leite são vendidos em estabelecimentos especializados e também em alguns supermercados. Mas a distribuição dos produtos são feitos em várias partes do país e vem crescendo com aceitação, que têm mercado seleto. Os da Fazenda Taperoá possuem 49 pontos de vendas e são levados para Estados como Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e o Distrito Federal, além dos municípios paraibanos. Já a Tamanduá possui 30 unidades de comercialização espalhadas por Paraíba, Pernambuco e São Paulo.

No Empório San Patrick, em Cabedelo, e supermercado La Torre, João Pessoa, é possível comprar os queijos Saint Paulin, Reblochon e Ricota, bem como o queijo coalho orgânico, feito com leite de gado da Fazenda Tamanduá. Já na Padaria Bomfim pode-se encontrar o Borborema, de Taperoá.

O preço dos queijos orgânicos da Tamanduá de cabra fica em torno de R$ 47,00 o quilo. Já o orgânico feito com leite de gado custa aproximadamente R$ 38. O Borborema fica um pouco mais caro, mais de R$ 50 o quilo. “Mensalmente o queijo é rentável para a empresa e a cada dia o pessoal vai se acostumando com o sabor, porque é um produto diferenciado. Como o local funciona há apenas três meses, ainda estamos formando nosso público e não podemos precisar o perfil deste público que compra o queijo da Tamanduá, mas percebemos que eles estão preocupados com a saúde e por isso fazem esta opção”, contou a gerente de loja do Empório San Patrick, Érica Torres.

Um dos gerentes da Padaria Bonfim, situado na orla pessoense, Gerlânio Barbosa, o leite de cabra Borborema é bem aceito no local e já tem público cativo. “A saída é boa e semanalmente vendemos de 20 quilos a 25 quilos do produto, que é feito com leite de cabra. Ele é apropriado para pessoas que não se dão bem com lactose. Esse produto é especial porque já é produzido com cabras que recebem um tratamento diferenciado, da própria fazenda Taperoá e, além de ser nutritivo, o sabor e qualidade têm a aprovação total dos clientes”, confessou Gerlânio.

A professora aposentada Maria do Socorro Lino consome o queijo orgânico da Fazenda Tamanduá há cerca de três anos e não esconde a satisfação que teve desde o dia que o descobriu nas prateleiras do Supermercado La Torre, em João Pessoa.

“Comprei por curiosidade e gostei por ser também mais saudável. Alguns parentes também aprovaram, inclusive minha irmã. Como consumo de forma moderada, gasto um valor razoável por semana, cerca de R$ 20 com o produto”.

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Jornal da Paraíba

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