ECONOMIA
Quem é o padeiro que causou comoção entre clientes após supermercado no Bessa fechar
Loja do DoDia Supermercados no Aeroclube foi vendida ao grupo RedeCompras. Nova empresa garantiu que vai manter a receita do pão e o emprego do padeiro.
Publicado em 05/01/2024 às 8:02
Após uma rede de supermercados anunciar que iria fechar a loja no Bessa, em João Pessoa, uma comoção ganhou espaço nas redes sociais para que o padeiro responsável pelo pão do lugar continuasse com o emprego. O Jornal da Paraíba descobriu quem é o padeiro, que faz pão desde criança e garantiu que, mesmo após o fechamendo do supermercado, vai continuar trabalhando no mesmo local.
A loja do bairro Aeroclube (chamado por muitos de Bessa) do DoDia Supermercados foi comprada pela RedeCompras, e os clientes ficaram sem saber se o tão querido pão do bairro continuaria sendo vendido. Até uma vaquinha para abrir uma padaria própria para o padeiro foi cogitada nas redes sociais por "fãs" do produto feito por ele. No entanto, a ideia não precisou sair do papel, porque a nova empresa responsável pelo local já disse que o padeiro vai continuar na padaria no novo empreendimento.
Mas de quem são as mãos por trás desse tão querido pão? Quem é o homem por trás da fama, que ganhou visibilidade nas últimas semanas? O Jornal da Paraíba explica quem é o padeiro do supermercado, que preferiu se identificar somente como Marconde, que tem 49 anos e contou a própria história, o segredo para a receita do pão ter tantos apreciadores e também confirmou a continuidade na nova fase do local.
Padeiro desde criança
Marconde não é natural da capital João Pessoa. Ele, juntamente com a família, nasceu na cidade de Pocinhos, que fica localizada no Curimataú paraibano, e conta que trabalha no supermercado do Bessa há 3 anos, mas que durante quase toda a vida sempre esteve dentro de uma padaria.
Comecei a trabalhar com pão desde os 9 anos de idade. Tenho 40 anos de padaria e comecei em Pocinhos, depois fui para Soledade, depois vim para João Pessoa trabalhar em uma padaria de Tambaú. Depois, fiquei mais 14 anos em uma padaria do Bairro dos Estados e nos últimos três anos estou no Bessa”, relatou.
O padeiro explicou que a vocação para seguir a profissão veio dos ensinamentos da família, desde pequeno. “Na minha família tem eu e outro irmão que era padeiro e pasteleiro, e tenho um filho que trabalha na cidade de Soledade atualmente como padeiro também. Foi passando de geração em geração”, contou.
Além dos serviços como padeiro, Marconde disse também que já fez os “famosos” bicos para conseguir renda extra além do salário que sempre conseguiu fazendo pães. “Já trabalhei também como vigilante, servente de pedreiro, já fui um monte de coisas, para conseguir uma renda a mais. Só que agora não tem mais isso não, só é padaria, porque a idade não deixa mais não”.
O segredo do pão
Marconde disse que a receita do pão do supermercado é relativamente simples de se fazer, no entanto, o que é primordial para que o produto seja um dos mais relevantes não é a complexidade dos ingredientes que são utilizados, mas sim o tratamento que ele e uma equipe composta por outras cinco pessoas na cozinha do supermercado dão na hora de fazer o produto.
O pão é o mesmo de sempre, o segredo é só a boa vontade de fazer, e eu acho que quem for fazer tem que pensar em fazer algo como se fosse para si mesmo, pensando em fazer para mim mesmo, aí o resultado é esse. Tem que fazer com coração, com boa vontade”, disse.
O padeiro conta também que a receita não é desenvolvida por ele, e foi formulada pelas pessoas que eram responsáveis pelo empreendimento anterior. Recentemente, o sócio-presidente do DoDia Supermercados, que era responsável pelo local no Bessa, Cláudio Freitas, explicou ao Jornal da Paraíba que, durante o processo de venda da loja, ficou acordado que a mesma receita da padaria seria seguida para servir aos clientes do novo supermercado.
De acordo com Marconde, o novo dono disse que a receita continua a mesma, inclusive em conversa com ele e a equipe. "O dono disse que não quer mudar nada, vai continuar a mesma coisa, o mesmo padrão, mesmo tamanho. É aquele velho ditado 'time que tá vencendo não se mexe', porque quando se mexe dá muito problema", ressaltou.
Padeiro ex-peladeiro e fã de Roberto Carlos
Apesar de sempre ter sido padeiro, Marconde disse que a vida dele não se resume às cozinhas e que gosta de fazer esportes nas horas vagas, como jogar futebol. Pelo menos até quando tinha condições de entrar em campo, já que teve uma lesão no joelho, que abreviou a carreira dele nas peladas paraibanas. Ele disse que, quando era mais novo, se arriscava em jogar futebol de forma amadora, inclusive, se categorizando como um bom atleta.
Eu deixei de jogar uma bolinha, porque o joelho não deixa mais não. Joguei muito tempo, mas faz 20 anos que parei, por conta disso que o joelho estourou e não dá mais não. Até quando eu jogava, era zagueiro central, fui lateral também, e hoje eu vejo os até os jogadores profissionais jogando e acho que eu era melhor", ressaltou.
Além de ter sido jogador de futebol amador por parte da vida, Marconde é fã do cantor e compositor Roberto Carlos desde cedo. Ele contou que todo domingo tem a rotina de ligar o rádio e escutar uma seção especial das músicas do "Rei Roberto".
"Eu gosto de ouvir Roberto Carlos e a música que eu mais gosto dele é 'Rotina'. Sou um fã dele, eu e um irmão meu que faleceu, que era padeiro também. Todo final do ano eu assisto o especial na TV Globo. E não somente, porque todo final de semana ligo a rádio para ouvir as músicas dele, no domingo de manhã".
Emoção pelo carinho dos 'fãs'
A comoção que foi resultado de muito engajamento dos "fãs" do pão de Marconde, em posts e comentários nas redes sociais, não passou desapercebida por ele e pela própria família. Isso porque ele conta que ficou muito feliz ao se deparar com toda a reação das pessoas com o trabalho que ele vem desenvolvendo na criação de pães e outros produtos na padaria do supermercado no Bessa.
"Eu fiquei impressionado. Depois de tanto tempo trabalhando, sempre fiz pães muito bons, todo mundo elogiava, mas não teve essa repercussão que tem hoje. Não imaginava não, sinceramente, depois de velho não acreditava nisso não, mas achei muito bonito, adorei, isso infla o ego da gente. E, claro, não sou só eu, é uma equipe todinha, composta por outras cinco pessoas: Jean, Joana, Valmir, Alex e Cláudio", disse.
Marconde ainda contou, por fim, que a família dele, que parte mora em Campina Grande, além da esposa e de dois filhos que estão em João Pessoa, ficaram estupefatos com tudo que vem acontecendo de repercussão com o trabalho dele.
"Minhas irmãs ficaram todas doidas lá em Campina Grande com tudo que aconteceu, falaram até em fazer uma vaquinha para abrir uma padaria. Fico muito feliz mesmo", contou.
Comentários