ECONOMIA
Reajuste do piso do salário mínimo será apenas a reposição da inflação
Previsão do Banco Central é que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fique em 7,57% neste ano.
Publicado em 05/03/2016 às 10:00
Os trabalhadores e aposentados que recebem o salário mínimo, que somam mais de 1,1 milhão de pessoas, ficarão mais pobres em 2017. É que não haverá ganho real do salário mínimo, no próximo ano, considerando que o reajuste concedido pelo governo federal utiliza como cálculo a soma da inflação com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos anteriores. Como a economia brasileira teve queda de 3,8% em 2015, o trabalhador e os aposentados do INSS que ganham até um mínimo só contarão com a reposição da inflação.
Por enquanto, a previsão do Banco Central é que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fique em 7,57% neste ano. O dado consta na última edição do Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira. Considerando essa previsão, em 2017, o piso subirá dos atuais R$ 880 para R$ 946,61, mas sem ganho real.
Segundo o economista Celso Mangueira, a economia paraibana deve amargar maus resultados nos próximos anos. “A economia da Paraíba, como a dos demais estados nordestinos, cresceu em níveis superiores à média nacional nos últimos anos, justamente por causa do aumento real do salário mínimo, o que permitiu a alta do mercado consumidor da região. Mas este modelo econômico baseado no consumo, fortaleceu a lei da oferta e da procura e contribuiu para a alta da inflação”, explicou ele.
Celso Mangueira destaca que outro fator desta inflação alta, que está em 10,7%, é o uso do IPCA como indexador econômico. “Os preços são reajustados com base na inflação passada, contribuindo para um aumento ainda maior”.
A economia paraibana está baseada nos setores de comércio e serviços. Conforme o IBGE, os setores caíram, 10,3% e 6,2%, respectivamente, em 2015, mesmo com ganhos reais do salário mínimo. Celso Mangueira estima que a situação deve se manter crítica ou até piorar nos próximos anos. Além do PIB negativo deste ano, a “inflação deve seguir alta, bem acima do teto da meta, que é de 6,5%, os juros estão altos (taxa Selic), em 14,25%, o crédito está restrito. Portanto, tudo isto reduz as possibilidades de crescimento da economia”, comentou.
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