ECONOMIA
Renda Renascença é principal fonte de renda para 20% das mulheres do Cariri
Profissionalização e inovação são propostas do Sebrae para que rendeiras ampliarem potencial.
Publicado em 29/07/2018 às 7:00 | Atualizado em 30/07/2018 às 10:18
A Renda Renascença produzida na Paraíba é exportada para vários países da Europa e é a principal fonte de renda para mais de quatro mil artesãs do Cariri paraibano, cerca de 20% da população feminina das cidades polo da região.
Há cerca de 80 anos a Renda faz parte da história do Cariri e atualmente mais de 600 famílias, das cidades de Monteiro, Zabelê, São Sebastião do Umbuzeiro, São João do Tigre, Camalaú, Congo, Sumé e Prata fazem parte da produção. A Renda já esteve presente em grandes e importantes desfiles de moda pelo Brasil e pelo mundo, como na São Paulo Fashion Week, tradicional semana de moda brasileira e na semana de moda Maison Paris na França.
A Renascença é uma atividade familiar, passada de geração para geração. Além do peso histórico e cultural que a atividade carrega, ela também representa um grande potencial econômico para as oito cidades que fazem parte do pólo de produção da renda renascença. Segundo a gerente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Monteiro, Maria Madalena de Arruda Andrade, o cenário da produção de renda é desafiador e de grandes oportunidades, mas para isso é necessário inovação por parte dos produtores.
Eventos estimulam empreendedorismo
Ainda segundo Madalena, o cenário da produção de Renda Renascença já foi mais difícil. Hoje, com a criação das 13 associações distribuídas nas cidades polo, os produtores estão mais organizados e pensando na renda de uma forma empreendedora. Para estimular esse pensamento entre as rendeiras, o Sebrae organiza cursos, palestras e workshops mostrando novidades e formas de produzir que elevem o patamar da renda já produzida na região e que assim possa alavancar ainda mais as vendas e transformar a renda em um negócio de sucesso.
Um exemplo dessa procura por fortalecer a produção da renda renascença na Paraíba é o workshop de Desing de Renda+Moda, que o Sebrae realiza na quinta (2) e quarta-feira (3). O objetivo é mostrar às rendeiras novas formas e técnicas de fazer a renda para inserir o produto no pedido atual do mercado da moda. Madalena afirma que o intuito é tornar o negócio da renda mais competitivo, mais profissional. Para ela, criatividade e inovação são essenciais para a conquista de novos mercados e para se manter nos espaços já conquistados.
Necessidade de profissionalização
Uma das rendeiras que lutam por levantar a Renda Renascença no Cariri é Maria Socorro da Costa, conhecida como Dona Socorrinha, moradora da comunidade de Cacimbinha, distrito da cidade de São João do Tigre. Ela começou a fazer renda aos sete anos de idade. Aprendeu com a mãe, na época em que a renda era a principal fonte de renda das mulheres da família dela e da comunidade. Agora, aos 41 anos ela são vive mais do dinheiro da renda renascença. Formada em pedagogia, usa a renascença como forma de complementar o salário.
Dona Socorrinha comenta que a produção de renda ainda paga pouco às mulheres e que a produção precisa ser mais profissionalizada. "Ainda temos muito caminho a vivenciar com relação à profissionalização da renda. A gente já avançou bastante em alguns sentidos, mas ainda temos pessoas que querem continuar produzindo da mesma forma de antigamente, como a gente começou. E temos mulheres que querem se modernizar, evoluir. Então, nesse contexto de gente que quer ir e gente que quer ficar, acaba que a gente não torna o trabalho tão profissionalizado. Não dá a ele o poder que ele tem. E assim não conseguimos ganhar dinheiro como poderíamos", acredita.
Renda e identidade
Segundo Dona Socorrinha, a Renda Renascença tem um significado especial para as mulheres do Cariri "A renda representa toda uma história, a vida de várias mulheres da nossa região, porque a grande maioria de mulheres que tem a minha idade, tudo que conseguiu foi através da renascença. Antes que tivesse esses programas sociais como bolsa família, a única fonte de renda dessas mulheres era a renda renascença. E isso garantiu pra elas a sobrevivência, algumas conseguiram mobiliar a casa... A renda garantiu praticamente tudo a essas mulheres, principalmente em épocas de secas na nossa região que sabemos bem como é difícil".
A renda renascença produzida na paraíba é referência e modelo do estilo em todo o mundo. Não é à toa que o produto é exportado para diversos países e está presente em vários desfiles de moda ao redor do mundo. Para as rendeiras da região, falta a percepção de ver no seu trabalho toda a magnitude e potencial de gerar ainda mais renda e transformar realidades.
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