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ECONOMIA

Sem inovar, indústria paraibana sucumbe

Das 7 mil indústrias do Estado, apenas 60 foram escolhidas em um projeto de renovação do processo produtivo.

Publicado em 31/03/2013 às 10:24


A fórmula parece simples: investimento em inovação e tecnologia resultam em sustentabilidade e bons resultados nos lucros de qualquer indústria. Mas na Paraíba, apesar de existirem companhias que se destacam nesse campo, ainda é tímida a aplicação de ideias inovadoras no polo industrial. Das cerca de 7.000 indústrias presentes no Estado, apenas 60 delas foram escolhidas pela Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep) para fazerem parte de um projeto direcionado a empresas dispostas a renovarem seu processo produtivo.

Mesmo assim, grandes companhias que atuam na Paraíba apostaram em inovações de ideias e tecnologias. Uma delas é a mineira Coteminas, que tem uma unidade em João Pessoa.

A empresa fabrica artigos de cama, mesa e banho das marcas Santista e Artex. A produção mensal é superior a 120 mil toneladas no mercado paraibano. A empresa exporta para países do Mercosul, mas a maior parcela de seus produtos segue para abastecer o mercado interno. A Coteminas emprega atualmente 4.000 pessoas apenas de forma direta no Estado.

A partir da iniciativa de engenheiros que fazem parte do corpo de funcionários da indústria, houve, no ano passado, uma mudança no sistema de amarração das ourelas (ou bordas) das toalhas. Neste processo, algumas peças foram alteradas.

Segundo o diretor da Coteminas na Paraíba, Magno Rossi, após o amadurecimento da ideia, a indústria buscou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) que foi o responsável pelo desenvolvimento e produção das peças. “A mudança trouxe redução no custo da manutenção das máquinas, aumento da produtividade, diminuição no tempo de parada para substituição de peças e correção do processo e melhoria na qualidade final das toalhas”, enfocou Rossi.

PIB INDUSTRIAL
O Produto Interno Bruto (PIB) do setor industrial da Paraíba, que representa a soma das riquezas do setor, subiu de 18,5%, em 1995, para 22,5% em 2010.

Para Magno Rossi, essa participação pode recuar se a indústria não inovar e agregar valores.

“A inovação é o caminho para a sobrevivência das empresas, principalmente daquelas que enfrentam grande concorrência.

Se não há investimento em inovação, cai a produção, os lucros e consequentemente isso interfere no PIB do Estado, sem falar da empresa”, alertou.

CACHAÇA TRIUNFO
Outro exemplo de renovação no Estado foi a cachaça Triunfo, produzida no Engenho Triunfo, situado na cidade paraibana de Areia, distante cerca de 130 quilômetros da capital paraibana. O produto já nasceu diferenciado no mercado nacional.

Fundada em 1994, a bebida foi apresentada aos consumidores na garrafa de 300ml, ao invés do convencional vasilhame de 600ml. A iniciativa surgiu quando o diretor da indústria, Antônio Augusto Monteiro Baracho, passou a observar, nos bares, que os consumidores não conseguiam ingerir todo o conteúdo das cachaças vendidas nos recipientes de 600ml. Com isso, as sobras dos clientes eram misturadas a outros tipos de cachaças, geralmente de qualidade inferior, e colocado novamente à mesa para consumo. O produto adulterado prejudicava a imagem do fabricante.

“Após o nosso lançamento no mercado, servimos de modelo para outros empresários. A partir da nossa ideia, a indústria de vidro Saint-Gobain passou a fabricar as garrafas para cachaças com 300 ml”, disse Baracho.

Agora, o Engenho Triunfo está tentando alçar voos maiores, investir na produção de Carvão Ativado (CA) a partir do bagaço da cana-de-açúcar resultante da produção da cachaça. A estimativa é que a fabricação do CA ocorra no mês de outubro.

“O projeto partiu do meu filho que estuda Química e a expectativa é muito boa. O bagaço da cana-de-açúcar é difícil de ser descartado. Com este projeto ele poderá ser o nosso principal produto no futuro. O Carvão Ativado é usado em siderúrgicas, para queima, e em filtros usados em piscinas e para consumo humano”, frisou Baracho.

Num total de 20 unidades fabris, o Engenho Triunfo produz cerca de 30 toneladas por dia de bagaço da cana-de-açúcar. O objetivo é fabricar o carvão ativado com qualidade superior ao existente no mercado nacional. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com o Laboratório de Carvão Ativado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que contribuirá com os estudos científicos. O Senai é outro parceiro. Ele irá dispor dos equipamentos destinados à fabricação de peças necessárias à produção de fornos que serão usados neste processo.

ENTREVISTA

O exercício contínuo da mente humana na busca por mudanças que alterem positivamente o ambiente pode trazer inovações surpreendentes. Mas, para inovar, não é preciso, necessariamente, se portar como o homem das cavernas que descobriu o fogo e criar algo colossal. Um olhar diferenciado na indústria e mudanças operacionais na rotina de trabalho podem atrair crescimentos significativos para as empresas. Este é um dos pensamentos do palestrante, comunicador formado pela Universidade Mackenzie em São Paulo e escritor Luciano Pires. Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, ele afirmou que "a indústria tem hipocrisia institucional" e, na verdade, "odeia mudanças". Luciano Pires, que também é editor do www.portalcafebrasil.com.br, deu dicas de como inovar.

JORNAL DA PARAÍBA - Como podemos definir algo tão complexo como inovação?

Luciano Pires - Costumo tratar inovação como uma busca sistemática organizada e contínua por novas oportunidades. Hoje em dia é mais viável a inovação de ideias do que aquela que se compra, porque esta última pode ser aplicada na minoria das indústrias.

JP - Mas como se configura o papel das indústrias dentro deste contexto?

Luciano Pires - Nas indústrias há um monte de hierarquia e regras que se deve seguir, ainda mais depois da globalização, que tudo tem um jeito específico para ser feito. Quando eu contrato um empregado já dito os passos que ele têm que seguir. Ou seja, a indústria vive fechada nas suas próprias regras. O funcionário é obrigado a ter estabilidade e controle e isso é inimigo da inovação. Então, a pessoa acaba se tornando uma engrenagem da empresa e quando uso esta definição, quero injetar inteligência nesta engrenagem.

JP - Mas não podemos dizer que o processo inovador não é aplicado em todas as indústrias do país?

Luciano Pires - Claro que não. Algumas empresas já perceberam a importância da inovação e já apostam até em premiar as ideias inovadoras de seus funcionários. Mas o problema que é comum hoje é como inovar.

JP - E como pode-se aplicar mudanças numa indústria se correr tantos riscos?

Luciano Pires - Primeiro, o funcionário tem de ter consciência da sua importância dentro da empresa e entender como ela funciona, para depois questionar o por que dela ser daquela forma. Ou seja, compreender a engrenagem. Depois, ele tem de testar suas novas ideias, mas ter domínio do que está dizendo e para isso necessita ter preparo e conhecer outros setores fora da indústria. Deve haver também o ambiente propício para absorver as mudanças e, geralmente, os chefes não criam este ambiente favorável. A indústria tem hipocrisia institucional, da boca para fora ela adora inovação, mas na verdade ela odeia porque isso traz instabilidade.

JP - E o que pode ocorrer caso as indústrias não mudem seu posicionamento e não invistam cada vez mais em inovação?

Luciano Pires - A indústria que não inovar vai ficar obsoleta, perder competitividade e ser atropelada por aquelas que estão à sua frente neste sentido.

Imagem

Jornal da Paraíba

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