ECONOMIA
Tarifa de ônibus de JP fica 131% mais cara em uma década
Em 2002, o valor da tarifa era de R$ 0,95 contra os atuais R$ 2,20.
Publicado em 10/01/2012 às 7:23
Entraram em vigor ontem os novos valores das passagens de ônibus urbanos nos municípios de João Pessoa e Campina Grande. Na capital, a tarifa passou de R$ 2,10 para R$ 2,20 e em Campina Grande saiu de R$ 1,95 para R$ 2,10.
Apesar de o reajuste em João Pessoa este ano (4,78%) ter ficado abaixo da inflação (6,5%) medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no acumulado da década a tarifa foi reajustada em 131,57% contra uma inflação de 87,89%, no mesmo período. Em 2002, o valor da tarifa era de R$ 0,95 contra os atuais R$ 2,20.
Na Rainha da Borborema, o índice de aumento foi de 7,69%, portanto acima da inflação. Em ambos os municípios, os prefeitos optaram por aprovar valores mais baixos que os sugeridos pelos respectivos Conselhos de Transportes (CTT, na capital e Comut em Campina) que haviam solicitado o reajuste para R$ 2,30 em João Pessoa e R$ 2,20 no interior.
O diretor-executivo da Associação das Empresas de Transporte Coletivo de João Pessoa (AETC-JP), Mário Tourinho, explicou que o reajuste é consequência do aumento nos custos do serviço de transporte, somado ao número crescente de gratuidades concedidas. “Elaboramos planilhas detalhadas dos custos operacionais que as empresas tiveram para manter nas ruas os ônibus prestando um serviço de qualidade. Elas foram submetidas ao Conselho que entendeu a necessidade do reajuste”.
Tourinho explicou ainda que no sistema de transporte por ônibus, a tarifa é a única forma de remuneração dos serviços prestados, ao contrário dos sistemas de trens urbanos, que são subsidiados pelo poder público. “O reajuste é necessário para garantir que se possam aumentar os salários dos funcionários das empresas, para garantir a compra de veículos novos, além de cobrir os custos com manutenção dos ônibus, combustíveis e mão de obra”, argumentou.
Para o consultor financeiro Gustavo Baía, o aumento no valor das passagens de ônibus afeta de maneira negativa o orçamento das famílias de baixa renda, maiores usuárias dos serviços.
“Quando o reajuste ultrapassa a inflação, o consumidor do serviço sente de forma mais intensa. Este ano, especificamente, o público sentirá de forma mais amena esse impacto porque o salário mínimo subiu 14,12%”, explicou.
Com relação ao acúmulo de 131,57% no reajuste dos transportes públicos registrado na capital entre os anos de 2002 e 2011 que excedeu a inflação (87,89%) no mesmo período, Guilherme Baía esclarece que isso ocorre porque no caso da capital, a AETC é a única fornecedora do serviço e isso lhe dá poder de estabelecer frente à Prefeitura os valores que serão reajustados.
“A população de João Pessoa se acostumou aos abusos e não protesta, apesar de estar sendo lesada. Os únicos que ainda vão às ruas são os estudantes o que é insuficiente para mudar as coisas. O panorama só pode mudar quando os usuários reclamarem seus direitos”, disse.
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