ECONOMIA
Trios de forró aproveitam São João para faturar
Além dos eventos, muitos comerciantes contratam os trios para tocarem dentro das lojas, garantindo mais que o dobro da renda para os músicos.
Publicado em 13/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 13:15
Basta chegar o período junino que os trios de forró começam a aparecer em vários pontos das cidades paraibanas. Em Campina Grande, terra do Maior São João do Mundo, é comum andar pelas ruas e encontrar os famosos trios que, em sua grande parte, valorizam o autêntico forró pé de serra. Além dos eventos, muitos comerciantes contratam os trios para tocarem dentro das lojas, no centro, para atrair clientes. Graças a isso, a renda destes profissionais, no mês junino, chega a mais que dobrar.
Em média, os trios do forró conseguem faturar entre R$ 5 mil e R$ 6 mil com as festividades juninas. O trio Puxando o Fole, que existe há 12 anos e irá se apresentar dois dias no Parque do Povo e na Locomotiva Forrozeira – o trem que vai de Campina Grande até o distrito de Galante nos finais de semana, é um exemplo de grupo que lucra bem com o São João. De acordo com o dono do trio, José Roberto Cruz, os números de contratações não são muito bons durante os outros meses do ano, por isso os integrantes trabalham em outras profissões para garantir o sustento das famílias.
Mas, no mês de junho, o ritmo é de dedicação exclusiva ao forró. O faturamento que em meses normais não passa de R$ 2 mil, em junho chega até R$ 6 mil. Segundo José Roberto, ao longo do ano é possível manter uma agenda regular de shows, mas é no São João que se obtém o maior lucro. Para o mês de junho a agenda do trio está lotada.
“A procura por trios de forro é muito grande durante os festejos juninos. Antes da metade do mês já estamos com a agenda lotada, com 30 shows já confirmados, além de outros que estão em aberto e que podem surgir até o final do mês”, conta. O trio cobra R$ 100 por cada hora de apresentação, mas o preço varia em casos que a apresentação é em uma cidade distante.
Eventos como o Maior São João do Mundo são de fundamental importância para esses trios de forró. Este ano, a Prefeitura Municipal de Campina Grande contratou 139 trios de forró pé de serra para se apresentarem ao longo dos 30 dias de festa, no Parque do Povo, e nos distritos de Galante e São José na Mata.
De acordo com o coordenador de eventos, responsável pelas contratações dos trios de forró, Everaldo Dantas, cada um dos 139 trios de forró contratados para o Maior São João do Mundo se apresentará entre três a cinco dias. Para cada show, os trios recebem um cachê de R$ 400. Segundo ele, é importante a valorização destes artistas para preservar o forró. “Muitos dos trios de forró vivem apenas da música e a contratação desses trios de forró locais são de grande importância para valorização do que é da terra, e também para eles que precisam de agenda para se sustentar”, disse ele.
Além dos produtores de grandes eventos como o Maior São João do Mundo e festas em casas de shows, muitos comerciantes contratam os trios de forró para tocarem nas lojas do centro da cidade, com o objetivo de atrair clientes. A cozinheira de casa Jucilene Guedes, 34, moradora do bairro do Catolé, disse que aprovou a ideia dos trios de forró nas lojas. “Eu acho muito legal quando eu passo em uma loja e vejo um trio de forró tocando.
Involuntariamente a gente para para ver um pouco e acaba aproveitando para dar uma 'olhadinha' nos produtos da loja”, disse ela.
MÚSICO TAMBÉM FABRICA INSTRUMENTO
Um dos trios de forró pé de serra mais tradicionais de Campina Grande é o Trio Andorinha, que existe há 30 anos e nunca mudou sua formação. De acordo com o líder Antônio Rodrigues da Silva, 61 anos, conhecido como “Toinho do Triângulo”, o segredo é o compromisso com a música e o respeito entre os integrantes.
Segundo “Toinho do Triângulo”, um dos grandes problemas, que acabam prejudicando a formação dos trios de forró é a dificuldade enfrentada durante os outros meses do ano. Para lidar com este problema, Toinho complementa a renda familiar fabricando instrumentos musicais. Sua especialidade são os triângulos. Ele
trabalha com encomenda e vende a cada peça pelo valor de R$120.
O músico é famoso pela fabricação dos triângulos e já vendeu seus produtos para renomados artistas do forró, como Dominguinhos, Flávio José, Amazan e Ton Oliveira. “Eu recebo as encomendas e fabrico os triângulos, que são feitos com um aço especial, para que não enferruje”, disse ele. Além de fabricar instrumentos para grandes artistas, Toinho também já tocou com o 'Rei do Baião' Luiz Gonzaga e com Os Três do Nordeste.
EM JOÃO PESSOA, TRIO FATURA ATÉ R$ 15 MIL
Em João Pessoa, os grupos musicais também conseguem faturar alto durante o São João. Há integrante de bandas de forró pé de serra que consegue incrementar a renda mensal em até 500% no mês de junho, em relação aos meses considerados de baixa. Não é à toa que estes profissionais consideram as festas juninas a melhor época do ano para o segmento.
Este é o caso de Wellington Xavier dos Santos, que durante todo o ano trabalha como motorista de uma locadora de carro. Mas também faz apresentações esporádicas e consegue ter uma renda mensal de R$ 2.500. Mas no São João o grupo 'Forró Fiando', em que ele participa como vocalista, fatura alto. “Eu mesmo ganhei no ano passado, sozinho, R$ 15 mil no mês de junho”, confessou.
Wellington dos Santos afirma que neste período há convites para tocar e cantar em festas de prefeituras e em lojas do comércio pessoense. Ele contou que o pacote de 20 dias em uma loja da cidade sai por cerca de R$ 400. Já uma noite de show fica por R$ 4 mil. “Esse ano acredito que não vou faturar como em 2012. Por enquanto só tenho promessas para me apresentar em algumas prefeituras”, frisou.
Já o sanfoneiro Aldo Marques disse que só trabalha como músico e é contratado da quadrilha 'Lajeiro Seco' como produtor musical. De março a junho ele fechou o pacote em R$ 3.500 com a quadrilha.
Nos demais períodos do ano a renda de Aldo Marques é mais baixa e chega a apenas um salário mínimo. Nos ensaios da 'Lajeiro Seco' ele está trabalhando este mês cerca de 9 horas por semana. “Mas se eu tiver algum show no dia do ensaio sou liberado”, lembrou. (Colaborou Alexsandra Tavares) (Especial para o JP)
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