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ECONOMIA

Uma jornada bem mais longa

Trabalhadores negros entram mais cedo e saem mais tarde do mercado de trabalho.

Publicado em 27/05/2012 às 8:00

O estudo apresentado na última terça-feira pelo coordenador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Estado, Renato Silva de Assis, mostrou que os trabalhadores negros entram mais cedo e saem mais tarde do mercado de trabalho.

Para cada grupo de 100 trabalhadores paraibanos, 14 são jovens negros com idade entre os 10 e os 17 anos, revelando também nuances do trabalho infantil nesse segmento.

Na faixa dos 18 aos 24 anos de idade a relação é de 60/100. Em 2009 a taxa de desemprego foi de menos de 8% entre os afro-paraibanos, menor que a dos não negros (8,7%), mas aí, o que poderia ser uma vantagem, revela-se que grande parte dos trabalhadores negros possui o que o Dieese chama de “emprego precário”, que são aqueles temporários com pouca estabilidade.

No setor agrícola paraibano, a distribuição da ocupação por raça/cor tem uma relação de 27,86 dos negros contra 17,46 para pessoas não negras. Nos serviços domésticos a relação é de 23 mulheres afrodescendentes para 16,06 de trabalhadoras não negras. Na administração pública a vantagem é dos não negros com 9,66, contra 6,59 dos negros.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica como cor ou raça negra a soma entre as pessoas pretas e pardas. Já a parcela não negra é composta por cidadãos brasileiros brancos e amarelos.

Para Renato Silva, esse tipo de indicador serve para que o poder público possa estabelecer metas para a mudança do quadro desfavorável ao cidadão afrodescendente.

“Agora em 2012 foram reservados no orçamento do Estado R$ 629 mil para ações de promoção da equidade racial pelo governo da Paraíba. Enquanto que apenas a Secom (Secretaria de Comunicação) possui um orçamento de R$ 21 milhões. Alguma coisa está errada nesse tipo de priorização”, avalia.

Segundo Renato, a estrutura das convenções coletivas de trabalho, que os sindicatos negociam com a classe patronal não favorece a discussão da promoção da igualdade racial. O Dieese avalia que o salário mínimo no Brasil deveria ser de R$ 2.300,00.

O órgão possui hoje na Paraíba 15 sindicatos sócios, além da própria CUT-PB que também recebe assessoramento do Departamento. Silva informou ainda que em agosto vai ocorrer a Conferência Nacional do Trabalho Decente, um evento adequado para o aprofundamento da discussão sobre políticas públicas de promoção da igualdade racial no mundo do trabalho.

Imagem

Jornal da Paraíba

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