ECONOMIA
Valorização atingiu 195% em JP
Mas, a renda dos paraibanos não acompanhou a alta do metro qudrado em João Pessoa, ficando em 107% contra 200%.
Publicado em 30/09/2012 às 10:05
Ainda que a demanda por novos imóveis permaneça satisfatória para os empresários do setor, números do Sinduscon-JP, consolidados pelo corretor e tecnólogo em negócios imobiliários Fábio Henriques, comprovam que o incremento da renda da população não acompanhou a alta no valor do metro quadrado em João Pessoa. O salário mínimo, que dobrou de valor nos últimos sete anos, variou em 107%, índice bem inferior ao referente às altas dos preços dos imóveis.
Em janeiro de 2005, o metro quadrado médio em João Pessoa custava R$ 1.047,00, valor que chegou a R$ 3.096,49 em 2012, o que representou uma variação de 195,76% no período. Na orla da capital, essa diferença é ainda maior. Valendo R$ 1.477,00 em 2005, o metro quadrado nos bairros nobres da cidade subiu para R$ 4.454,64 neste ano (201,55% de variação). Enquanto isso, o salário mínimo foi de R$ 300,00 a R$ 622,00 nos últimos sete anos.
“De fato, houve uma desaceleração nas vendas no último semestre, mas não diria que essa discrepância entre a renda da população e os valores dos imóveis foi o principal motivo.
Estamos em ano de eleições e muitas pessoas preferem conter os gastos por muitas vezes dependerem do resultado do pleito.
Além disso, 2010 foi um ano atípico, durante o qual muita gente deixou de investir em ações na Bolsa para partir para o ramo de imóveis, não dá para compararmos com os anos seguintes”, explicou Fábio.
Para ele, o boom da construção civil contribui com a renda da população em geral. “Uma obra em andamento acaba movimentando muitos setores, da empresa que prepara o jardim até a vidraçaria”, complementou. Ainda de acordo com informações do Sinduscon-JP, o faturamento registrado pelo setor na capital em 2011 foi de 6,68% na comparação com 2010, enquanto de 2009 para o ano seguinte essa diferença foi de 75,6%.
O diretor comercial da Construtora Planc, Clóvis Cavalcanti, lembra o estímulo dos bancos como ponto fundamental para manter as vendas em um patamar bom, mesmo com a forte elevação do preço da moradia. “Hoje em dia existem uma série de financiamentos que possibilitam a compra e os juros foram reduzidos. Além disso, o mercado oferece uma vasta opção de imóveis, que variam em tamanho, localização e opções de lazer, o que possibilita que o comprador consiga encontrar casas e apartamentos bem em conta em determinados bairros. Há dez anos, eram poucas as alternativas”, afirmou.
SELEÇÃO DE MERCADO
A forte dependência da economia paraibana no setor público e a incompatibilidade dos valores dos imóveis com a renda familiar da maior parte da população não ameaça, porém, o faturamento do setor. Segundo o diretor administrativo da Fibra Construtora, Diogo Leandro, o Brasil ainda tem um déficit enorme no que diz respeito à moradia.
“A demanda vai existir sempre, o que pode acontecer é a eliminação de algumas construtoras do mercado. A tendência é que só permaneçam as melhores, que cumprem com as necessidades de um público consumidor cada vez mais exigente.
O que está havendo no momento é uma recuperação da desvalorização do setor nos anos anteriores, durante um período no qual o Brasil encontrou dificuldades em comercializar imóveis”, concluiu.
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