ECONOMIA
Varejo paraibano tem 2ª menor alta do país
Número de vendas cresceu apenas 3,2% se comparado ao mesmo mês de 2013, que registrou expansão de 13,1%.
Publicado em 14/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 18/07/2023 às 14:32
Diferente do ano passado, o ritmo de vendas do comércio varejista começou mais tímido no primeiro mês do ano na Paraíba. Em janeiro, o volume de vendas cresceu apenas 3,2% comparado ao mesmo mês de 2013. Foi a segunda menor taxa de crescimento registrada entre as 27 unidades da Federação do país, acima somente do estado de Roraima, que apresentou alta de 2,8% no mesmo período. Já a alta do varejo no país expandiu 6,2% em janeiro.
O cenário é bem diferente de janeiro do ano passado, quando o varejo paraibano apresentou o terceiro maior crescimento do país, com 13,1% de expansão em janeiro sobre o ano anterior.
O desempenho no acumulado dos doze meses de 2013, quando cresceu 9,2%, também esteve bem acima do país (4,3%), com o terceiro melhor índice.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas da Paraíba (FCDL-PB), José Artur de Melo Almeida, afirmou que o quadro diferente em 2014 ocorreu, em parte, por causa do bom desempenho de janeiro em 2013. “Fica difícil crescer sobre uma base comparativa mais forte. Então é complicado superar um desempenho maior que 13%”, explicou.
José Artur destacou ainda que o setor varejista no Nordeste tem sofrido com o quadro atual da economia do país. Segundo ele, os custos de segmentos como vestuário e calçado são muito altos, sem falar que as pessoas quando viajam para o exterior estão substituindo cada vez mais as compras de produtos tecnológicos por roupas e sapatos.
Ele cita as chamadas “sacoleiras internacionais”, que adquirem no mercado externo produtos mais baratos e repassa aos consumidores roupas com os preços mais em conta.
“O custo operacional das empresas no Brasil também é muito alto. Pagam-se altas taxas tributárias, as despesas com manutenção nos shoppings são altas, sem incluir os gastos com a folha de pagamento e tudo isso recai no preço final para o consumidor”, explicou Artur.
O presidente da FCDL-PB acrescentou que 2014 será um ano atípico e não se pode prever qual será a tendência do varejo nos próximos meses.
“Com o Carnaval em março, tudo anda mais lento. Há quem diga que o ano começou segunda-feira. Depois vem abril com muitos feriados e em junho chega a Copa do Mundo, um evento imprevisível para o comércio. Algumas pessoas dizem que o evento será bom por causa do número de turistas, mas para que cidades estes visitantes vão?”, indagou.
O pesquisador do varejo Jairo Pontes afirmou que vários fatores podem ter influenciado o desempenho do varejo paraibano em janeiro deste ano. Ele explicou que os consumidores podem estar mais endividados do que 2013, outros se programaram melhor para pagar contas de início do ano como as matrículas escolares, emplacamento de veículos e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Taxa de Coleta de Resíduos (TCR).
Além disso, ele citou o comportamento das taxas de juros, que apresentam outras variações comparadas ao ano anterior.
“Então, quando se avalia essa série de fatores, alguns segmentos podem ter tido crescimento menor e outros maior”, afirmou Jairo Pontes.
NO PAÍS
Já no país, as vendas do comércio varejista seguiram tendência de crescimento no mesmo mês sobre o ano anterior (6,2%) e na passagem de dezembro para janeiro (0,4%), recuperando-se da queda registrada no mês anterior. A maioria das atividades pesquisadas registrou expansão, mas o destaque foi o desempenho dos supermercados.
A inflação de alimentos deu uma trégua, o que impulsionou o volume vendido de produtos alimentícios. O calor forte também aumentou a procura por bebidas e eletrodomésticos, como aparelhos de ar condicionado e ventiladores.
No varejo ampliado, que inclui os setores de veículos e material de construção, a expansão de 2,1% no mês foi puxada pelas vendas de automóveis. Montadoras e concessionárias ainda tinham em estoque veículos mais baratos.
Embora a pesquisa do IBGE mostre um aumento do consumo em janeiro, o cenário para o volume vendido pelo varejo em 12 meses ainda é de desaceleração, devido à perda de fôlego dos bens duráveis, ressaltou Aleciana Gusmão, técnica da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. As vendas acumularam uma alta de 4,3% nos 12 meses terminados em janeiro, contra uma taxa de 8,3% no mesmo mês do ano passado.
APÓS TOMBO NO NATAL, JANEIRO REGISTRA ALTA
O mês de janeiro apresentou alta de 0,4% sobre dezembro do ano passado. Por outro lado, o mês natalino, que deveria ser o melhor período do ano em vendas no varejo, mostrou queda de 5,8% comparado a novembro. O índice foi o segundo maior do país, liderado por Tocantins (-11,9%). A queda do Brasil foi menor (-0,2%).
O presidente da FCDL-PB, Artur de Melo, explica o quadro atípico com as baixas vendas registradas no Natal, que ficaram abaixo das expectativas. “Dezembro foi um mês ruim para vendas, deixou muito a desejar. Tudo isso faz parte de como está nossa economia. O Brasil só fechou um PIB (Produto Interno Bruto) positivo por causa do bom desempenho do agronegócio. Mas nossa esperança é que em 2014, o mês de dezembro supere as vendas de novembro e janeiro de 2015”.
Para o pesquisador do varejo Jairo Pontes, a menor saída de produtos em dezembro, superada inclusive por janeiro, pode ter sido influenciada pela antecipação das compras feitas por alguns consumidores. “Muitas empresas e órgãos públicos anteciparam o pagamento do 13º salário e isso faz com que as pessoas antecipem suas compras de fim de ano”.
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