ECONOMIA
Vendas do varejo do Sertão já sofrem queda
Devido ao prejuízo sofrido pelos negócios no campo, menos dinheiro entra em circulação nas cidades.
Publicado em 27/05/2012 às 8:00
No comércio, com menos circulação de dinheiro do campo na cidade, os efeitos da estiagem também já são sentidos. “No Sertão, muitos comerciantes já estão comentando que as vendas estão mais fracas”, informou o presidente em exercício da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas da Paraíba (FCDL-PB), José Lopes da Silva Neto. “Os setores mais prejudicados são aqueles que vendem produtos mais supérfluos, pois em um momento em que muitas famílias ficam com a renda prejudicada por causa dos efeitos da estiagem, estas famílias passam a comprar apenas o essencial”, frisou.
Mesmo quem trabalha em um setor que teoricamente teria um aumento de vendas na época da seca também já está tendo prejuízos. É o caso do empresário Paulo Moreira, que possui uma empresa de equipamentos para irrigação e defensores químicos. “Por causa da estiagem, ampliamos nossa dedicação aos produtos de irrigação, mas mesmo assim ainda estamos tendo uma queda de faturamento por causa da grande redução nas vendas dos defensivos”, relatou.
“Por enquanto, a venda de equipamentos de irrigação ainda está em alta, mas acreditamos que a procura também deverá diminuir nos próximos meses, pois a situação dos reservatórios de água do Sertão não é boa e não adianta ter o sistema de irrigação se não tem água para utilizá-lo”, justificou.
PERDAS PARCIAIS DE 69%
Por causa da estiagem, a estimativa do agrônomo José Rinaldo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que a produção de grãos na Paraíba sofra uma redução de 69,8% em 2012, em comparação com a produção que estava sendo esperada neste ano.
Já para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, as perdas devem ser ainda maiores, mesmo que ainda não existam dados consolidados.
“Acho que o IBGE ainda está sendo muito otimista. No Sertão e no Cariri a produção foi praticamente zero. Muitos agricultores nem plantaram e quem plantou perdeu tudo". Além das perdas agrícolas, muitos pecuaristas também já estão perdendo parte dos rebanhos. “Animais estão morrendo de fome e de sede, mas ainda não temos como contabilizar os prejuízos”, informou.
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