ECONOMIA
Zona Sul de JP concentra metade do crescimento imobiliário
Disponibilidade geográfica e preços mais acessíveis ajudam a explicar boom imobiliário em bairros como Bancários.
Publicado em 23/07/2018 às 7:00 | Atualizado em 23/07/2018 às 19:17
Em janeiro deste ano, de acordo com dados do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon), 42% dos imóveis vendidos na capital paraibana estavam concentrados na Zona Sul, que abrange bairros como Bancários, Mangabeira e José Américo. Considerando a manutenção dos negócios da construção civil no Estado mesmo em cenário de crise, a Zona Sul da capital configura-se, atualmente, com um dos principais polos de investimento do setor na Paraíba.
Para o diretor executivo da Sinduscon, João Henrique, o crescimento exponencial dos investimentos na área em relação às outras regiões da cidade pode ser explicado por fatores tanto geográficos quanto econômicos.
"Essa região de João Pessoa é a última grande fronteira para exploração das construtoras", explica. "Todas as outras regiões já estão limitadas: na Zona Norte temos o limite com o município de Cabedelo; na Zona Oeste, com Bayeux; e, na Zona Leste, há o oceano. Então, por simples disponibilidade geográfica, a Zona Sul é o espaço natural que a cidade tem para se expandir", diz.
Segundo Henrique, questões econômicas também influenciam na ascensão da construção e venda de imóveis nos bairros ao sul da capital. Os imóveis construídos nesses locais estão, geralmente, alocados na Faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida - ou seja, são empreendimentos mais baratos, voltados para famílias com renda de até R$ 1.800 mensais.
A discrepância entre os preços praticados em empreendimentos nesta parte da cidade e os de imóveis mais próximos à orla, por exemplo, fica clara nos dados sobre o preço do metro quadrado em João Pessoa, divulgados pela Sinduscon. O bairro de Castelo Branco, localidade da Zona Sul com o m² mais caro da capital, ocupa apenas a décima posição considerando todos os 27 bairros da cidade:
Preço do m² na capital, por bairro, em 2017 (bairros na Zona Sul estão em itálico).
1. Tambaú: R$ 10.036,24
2. Cabo Branco: R$ 7.980.49
3. Altiplano: R$ 5.804,64
6. Manaíra: R$ 5.488,72
9. Bairro dos Estados: R$ 4.950,23
10. Castelo Branco: R$ 4.744,98
13. Centro: R$ 3.765,04
14. Bancários: R$ 3.743,68
15. Água Fria: R$ 3.680,53
19. Mangabeira: R$ 2.975,84
21. Alto do Matheus: R$ 2.849,32
22. José Américo: R$ 2.739,69
23. Geisel: R$ 2.701,76
26. Valentina: R$ 2.433,26
"São imóveis com valores acessíveis e facilidades de venda, como gratuidade do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e custos de cartório cobertos", diz Henrique. "Por causa disso, são lançamentos que costumam vender com mais facilidade", acredita.
Baixo valor e boas vendas atraem construtoras
O baixo valor do metro quadrado, aliado à alta procura, vem atraindo construtoras que se "especializaram" em imóveis em bairros como Bancários e Água Fria. É o caso da Delta Engenharia, que atua na região há 19 anos e, recentemente, intensificou os investimentos aproveitando a demanda.
"A região tem um grande potencial e sempre há procura", diz Patrícia Rodrigues, gerente comercial e de marketing da construtora. Desde o início de suas operações, a Delta já entregou mais de 2 mil imóveis residenciais na Zona Sul; somente em 2019, há a expectativa de entrega de outros mil empreendimentos na região. Em dezembro deste ano, a empreiteira pretende lançar seu primeiro imóvel comercial, localizado no bairro dos Bancários. O Delta Center deve contar com 174 salas e 32 lojas distribuídas em 15 andares.
"A região sul tem como vantagem um público sempre presente e os valores mais baixos de mercado, possibilitados principalmente pelo [Programa] Minha Casa, Minha Vida", garante Rodrigues. "Isso ajuda a explicar o boom imobiliário na região. O momento é propício", conclui.
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