EDUCAÇÃO
Pesquisa aponta que jovens terminam o ensino médio sem aprender o básico
Levantamento mostrou que faltam aos recém-formados competências básicas em comunicação, raciocínio lógico e tecnologia.
Publicado em 08/07/2015 às 18:57
Um levantamento feito com jovens que terminaram o ensino médio mostrou que há uma desconexão entre o que é ensinado nas escolas e os conhecimentos e habilidades exigidos na vida adulta. A pesquisa Projeto de Vida – O papel da Escola na Vida dos Jovens, da Fundação Lemann, foi apresentada hoje (8) em seminário que debateu a base curricular nacional comum para a educação básica em Brasília.
A análise dos resultados mostrou que faltam aos jovens competências básicas em comunicação, raciocínio lógico e tecnologia. Também foi constatado que há dificuldades de interpretar o que leram, de se expressar oralmente e de construir argumentos consistentes. Além disso, os entrevistados sentiam dificuldades para escrever textos do dia a dia, como, por exemplo, e-mails, e enfrentavam problemas com concordância e ortografia.
Foram entrevistados jovens que concluíram o ensino médio – 80% de escolas públicas – e que ingressaram recentemente no mercado de trabalho, na faculdade, além de professores, empregadores, especialistas em educação e organizações não governamentais que atuam na formação e orientação de jovens.
No campo do raciocínio lógico, a pesquisa mostrou que os jovens não dominam conteúdos básicos da matemática, têm dificuldades com estimativas de valores, com cálculos de descontos e reajustes e para ler planilhas e gráficos.
Os jovens ouvidos relataram que já erraram ao passar troco a clientes e que saíram da escola sem noções básicas de informática, o que dificultou a entrada no mercado de trabalho. “Apesar de extensos, ainda falta aos currículos conteúdos e habilidades que são essenciais para a vida adulta”, sublinhou a pesquisa Projeto de Vida.
O levantamento apontou que a base curricular nacional, comum para a educação infantil, fundamental e média, em discussão no Ministério da Educação (MEC), é uma oportunidade de diminuir a desconexão entre o que é ensinado na escola e o que o jovem realmente precisa aprender.
O diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, avaliou que a base comum pode contribuir para que a escola abandone o papel de ser apenas um transmissor de conteúdo e prepare o estudante para que ele tenha bom desempenho nas atividades da vida cotidiana.
“Nosso grande desafio na construção da base comum é escolher o que é essencial, não o mínimo, e não se limitar a listagens, mas ir além e mostrar como as disciplinas se conectam, como agregar a isso as habilidades do século 21, ser mais investigativo, mais crítico”, disse.
O secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Manoel Palácios, explicou que o MEC criou um grupo de trabalho responsável pela redação de uma proposta preliminar da base nacional comum curricular. A proposta é estabelecer um amplo debate para a elaboração do documento, ouvindo professores, estudantes, secretários de Educação, especialistas e organizações envolvidas com o tema.
“Colheremos as opiniões de professores e de estudantes que também devem participar desse debate. Especialmente, os estudantes que estão no ensino médio e tem a expectativa de ingresso na universidade e de profissionalização, para se manifestarem sobre os objetivos de aprendizagem que integrarão a base comum”, disse Palácios.
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