EDUCAÇÃO
PMJP inova para evitar evasão nas turmas de adultos
Projeto de escolas municipais cria espaço para receber crianças filhas de alunos como estratégia para manter adultos estudando.
Publicado em 11/05/2014 às 8:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 13:01
Cerca de 40% dos alunos inscritos na Educação de Jovens e Adultos (EJA) atendidos na rede municipal de João Pessoa abandonam os estudos antes da conclusão do período letivo que nesta modalidade de ensino é de seis meses e realizada por ciclo. Para reverter o quadro, equipes técnicas e pedagógicas desenvolvem projetos para motivar o alunado. Na lista de atividades está o acolhimento de filhos da EJA, cursos de capacitação profissional e até o vale transporte gratuito.
Voltada para pessoas com 15 anos ou mais de idade que não tiveram acesso ou continuidade de estudo, na idade apropriada, a EJA proporciona a possibilidade do acesso a educação independente da idade do interessado. Este ano, 9.978 alunos se matricularam na EJA em 80 escolas municipais de João Pessoa. Os dados são da coordenadoria da EJA e foram levantados junto às escolas em abril último, contudo ainda podem ser alterados.
“ Já temos novas matrículas. Na EJA a gente não fecha a possibilidade de matrículas de novos alunos, se ele chegar em junho a gente matricula e faz um acompanhamento para ver se ele tem a possibilidade de continuar e ao final do ano ser aprovado ou a gente continuar com ele para aproveitá-lo no ano seguinte naquela mesma série que ele se matriculou”, esclareceu o coordenador da modalidade de ensino na capital, Adriano Soares.
Historicamente, a evasão escolar está atrelada à entrega da carteira estudantil para o aluno. Logo após receber o documento, que permite o pagamento da meia passagem no transporte coletivo público, a evasão acontece. O fato é confirmado pela diretora adjunta da escola municipal Anayde Beiriz, do bairro Cidade Verde, na capital, Maria Zélia dos Santos. Com 11 turmas e mais de 380 alunos, a unidade de ensino também confirma esta realidade. “Muitas pessoas procuram se matricular na EJA para conseguir a carteira estudantil. Quando conseguem o documento desistem de estudar e deixam de vir às aulas”, declara.
O coordenador da EJA explica que desde 2012, o índice de evasão tem apresentado redução de 50% para percentuais que variam entre 40% e 35%. “A Escola Municipal Anayde Beiriz do Cidade Verde conseguiu, no ano passado, terminar com um índice de 40%. Já a escola Luiz Vaz de Camões, em Mangabeira, terminou com evasão de 25%. Aos poucos estamos criando estratégias e mecanismos para diminuir esta evasão na EJA”, ressaltou Adriano Soares.
Na lista de projetos que vem apresentando resultados positivos está o acolhimento dos filhos da EJA. “Para os alunos que não têm com quem deixar os filhos, levá-los à escola enquanto estudam pode ser determinante para que não faltem às aulas”, explica Adriano Soares. Segundo ele, 40% das instituições que oferecem aulas para jovens e adolescentes já implantaram a ação.
Para integrar o projeto é preciso informar a secretaria de educação municipal sobre a necessidade do alunado. Só após ser informada da demanda, o órgão vai destinar uma cuidadora para oferecer o atendimento à criançada de 3 a 12 anos. Caberá à escola a criação de um espaço e da infraestrutura necessária para atender a criançada, o trabalho é voltado basicamente para atividades recreativas e lúdicas.
“Enquanto os pais estão recebendo formação escolar, os filhos ficam com uma cuidadora que vai desenvolver atividades lúdicas com as crianças. Os pais voltam a se juntar com os filhos no momento do intervalo ou da merenda. Ao término, eles voltam a se separar e só se encontram novamente no encerramento das aulas” explica o diretor geral da Escola Anayde Beiriz, Marcos Freitas. Na unidade de ensino, em média 30 crianças participam do projeto.
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