O Botafogo-PB que hoje barra a imprensa é o mesmo que há 6 anos promovia o diálogo

Em 2017, com Zezinho Botafogo à frente de um Botafogo-PB pacificado, jornalistas eram convidados para um jantar a fim de estreitar as relações com a imprensa e melhorar as condições de trabalho na Maravilha do Contorno.

Foto: Divulgação

Um dia após o Botafogo-PB barrar a Rádio CBN da coletiva de imprensa pós-jogo contra o Floresta, pela Série C, o Facebook nos lembra de uma ação promovida pelo clube seis anos atrás. Acreditem, naquela época, o Belo chamava os profissionais de imprensa para um jantar, a fim de discutir a melhor forma de trabalhar. E, claro, de ter um relacionamento saudável respeitando as diferenças de opinião.

Como as coisas podem mudar tanto em tão pouco tempo? Se, em 2017, o Belo se preocupava em oferecer melhores condições de trabalho para a imprensa, inclusive ouvindo sugestões de jornalistas, por que agora essa relação não importa mais?

A resposta está na própria conjuntura política. Em 2017, Zezinho Botafogo estava assumindo a presidência pregando a união entre todos os segmentos. Não só com a imprensa, mas nas próprias correntes do clube. Nelson Lira, Guilherme Novinho, Breno Morais, Alexandre Cavalcanti, Ariano Wanderley, Sérgio Meira, Luciano Wanderley, o próprio Zezinho… Todos estavam no mesmo barco. Hoje contamos nos dedos quem se senta à mesa para tomar as decisões.

Nesta outra foto, abaixo, feita na mesma época, muitos desses dirigentes estão lado a lado numa clara demonstração de unidade. Que hoje não existe mais…

Dirigentes do Botafogo-PB em 2017: Alexandre Cavalcante, Sérgio Meira, Luciano Wanderley, Zezinho Botafogo, Ariano Wanderley e Breno Morais
Dirigentes do Botafogo-PB em 2017: Alexandre Cavalcante, Sérgio Meira, Luciano Wanderley, Zezinho Botafogo, Ariano Wanderley e Breno Morais

Que Botafogo-PB é este?

O Botafogo-PB está ficando cada vez mais um clube autocrático. Importa barrar este ou aquele repórter para manter a bolha, os interesses de poucos. Os grandes botafoguenses, um a um, vão se afastando. A torcida mostra a sua indignação nas redes sociais. Mas ela também não é levada a sério por esses dirigentes. Ou seria melhor colocar no singular, já que uma só pessoa parece mandar no clube?

Ah, mas o Botafogo-PB tem dono? Para mim, se há uma resposta para essa pergunta do milhão, a alternativa correta deveria ser: A TORCIDA. E por que danado ela também não é respeitada? Barrar a Rádio CBN de fazer perguntas numa coletiva de imprensa está muito mais para uma medida tirânica do que propriamente o medo do que viria a seguir. E impedir que essa torcida, que precisa e merece ser respeitada, tenha todos os lados possíveis para tirar suas próprias conclusões.

É possível que tentem deturpar a reação — não só da Rede Paraíba, mas também de outros companheiros de profissão que se sentem ultrajados com a forma de agir do clube. Lembrem-se que o cerceamento partiu de lá para cá… E respinga na torcida, que fica privada de receber as informações. De uma forma ou de outra, só vale aquilo que os dirigentes têm o interesse de noticiar.

É uma diretoria retrógrada, que parece mais preocupada com elogios pífios de seus pares, do que com o reconhecimento da sua grande comunidade de torcedores e simpatizantes.

Por fim, há uma inconsequência implícita. Afinal, se a moda pega e os bravos dirigentes começam a impedir a imprensa de fazer o seu trabalho, isso também vai de encontro aos interesses de quem patrocina o clube. Se não há imprensa, também não há exposição da marca. Isso custa caro e pode refletir na relação de negócio. Talvez, por esse prisma, eles se preocupem.

O Botafogo-PB de 2017 não subiu para a Série B. Mas iniciava ali o primeiro passo para o tricampeonato estadual, a última grande conquista do clube. Mais do que isso, era um time com mais empatia com a imprensa, com os patrocinadores e, principalmente, com a sua torcida.

Bons tempos que um dia hão de voltar.