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Com futebol da PB sob investigação, CBF afasta Amadeu Rodrigues do comando da FPF
Ele é um dos alvos da investigação que apura esquema de manipulação. FPF vai ser chefiada por interventor.
Publicado em 14/05/2018 às 11:20 | Atualizado em 16/05/2018 às 8:44
O presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Amadeu Rodrigues, foi afastado temporariamente do cargo. A decisão foi do Conselho de Ética da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com base no fato do mandatário ser um dos alvos da Operação Cartola, que investiga um esquema de manipulação de resultados envolvendo a FPF, clubes do estado e árbitros. O afastamento foi decidido na sexta-feira (11), mas divulgado apenas na noite de domingo (13) pelo programa Fantástico, da TV Globo. A FPF vai ser comandada por um interventor.
A Operação Cartola foi deflagrada em 9 de abril, um dia após o encerramento do Campeonato Paraibano 2018, que consagrou o Botafogo-PB como campeão. Além da manipulação, a ação também apura compra de árbitros e fraudes em sorteios. Ao todo, 85 pessoas são alvos das investigações, entre elas o presidente da FPF, dirigentes e árbitros. A Polícia Civil e o Ministério Público têm mais de 104 mil conversas telefônicas dos envolvidos.
A decisão da CBF de afastar Amadeu Rodrigues da presidência da FPF (veja nota no final do texto), cargo que ele ocupa desde 2015, foi divulgada no mesmo dia em que o Fantástico exibiu uma nova reportagem sobre a Cartola, mostrando em detalhes o esquema criminoso. O programa teve acesso às escutas telefônicas que comprovam que dirigentes subornavam árbitros para conseguir os resultados.
Com o afastamento de Amadeu, quem deve comandar a FPF enquanto as investigações estiverem em andamento é o mineiro Flávio Boson Gambogi, que faz parte da 5º Comissão Disciplinar do STJD. O nome vai ser confirmado nesta segunda-feira (14)
Amadeu Rodrigues havia convocado, para as 16h desta segunda-feira, uma entrevista coletiva na sede da Federação Paraibana. Com o afastamento, não se sabe se ela será mantida.
Ao Fantástico, o jurídico da FPF negou ter conhecimento dos fatos investigados. “Quem fez alguma coisa de errado tem que pagar e ser afastado do futebol paraibano”, disse o advogado Hilton Souto Maior Neto.
Botafogo-PB foi o maior beneficiado
Em um dos trechos gravados pela polícia, aparece uma conversa suspeita entre o vice-presidente de futebol do Botafogo-PB, Breno Morais, e o então presidente da Comissão de Arbitragem da FPF, José Renato Soares, que foi afastado do cargo no dia 20 de abril.
“Eu quero um cara (árbitro) domingo. É o seguinte: se o jogo estiver apertado, ele dá um jeito de criar oportunidade, né? Uma bola que o cara raspou a perna no meu jogador dentro da área, é pênalti. É isso que precisa. Mas para fazer só o que o time faz e depois buscar o dinheiro não dá, né, filho?, disse Breno a Renato.
De acordo com as investigações, o Botafogo-PB foi o maior beneficiado. Na maior parte das escutas, Breno aparece tratando com José Renato Soares. Mas ele também tinha contato direto com os árbitros e assistentes. Em uma das gravações, ele cobra satisfação do assistente Tarcísio José, após o clássico Botafogo-PB e Treze.
“Ele combinou um negócio com você e você dá um gol daquele... Aí é f... pra gente, né? É para ajudar, meu filho. Você quer entrar no time que ajuda ou quer ficar fora do time”, disse Breno Morais em conversa no telefone. Ele questionava o primeiro gol do Treze, quando o Botafogo-PB vencia por apenas 1 a 0. A bola do time de Campina Grande não tocou as redes e o lance levantou dúvidas.
A reportagem do Fantástico procurou Breno Morais, mas ele não atendeu os recados deixados em seu telefone e nem retornou as ligações. Em seu depoimento à Polícia, o dirigente preferiu exercer o direito de ficar em silêncio. Em nota, o Botafogo-PB disse que "preza pela ética e que ninguém pode ser condenado antes do fim de um processo".
Nota sobre afastamento de Amadeu
Com base no que consta nos processos éticos, na última sexta-feira, a Comissão de Ética do Futebol Brasileiro determinou o afastamento temporário do presidente da Federação Paraibana de Futebol, Amadeu Rodrigues, e recomendou à CBF a nomeação de um interventor independente. Nesta segunda-feira, a CBF confirmará o auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Dr. Flávio Boson Gambogi, para conduzir as atividades da Federação Paraibana até a conclusão das investigações. Durante este período, ele estará licenciado de suas funções no STJD. Cabe ressaltar ainda que, tão logo tomou conhecimento das denúncias, a Comissão de Arbitragem da CBF suspendeu de forma preventiva todos os árbitros e assistentes ligados ao quadro da entidade paraibana.
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