ESPORTES
Contos Olímpicos #12: Santos
“Esse Santos múltiplo que não pode ser resumido a um só”.
Publicado em 03/08/2021 às 13:40 | Atualizado em 18/04/2023 às 15:12
Por Phelipe Caldas
Tem uma oração antiga que diz assim:
"Pela poderosa intercessão de todos os Santos".
Pois, hoje, os Santos escutaram as nossas preces.
O paraibano, o agricultor de Cabaceiras, o ajudante de pescador, o mais novo de oito irmãos, o goleiro, o atleta do Athlético Paranaense, o titular da seleção olímpica brasileira, o campeão da Copa do Brasil, o campeão da Copa Sul-Americana, o menino pobre que venceu na vida, o jogador de base que já precisou pegar carona em carro de boi para poder treinar no início do sonho de virar boleiro.
Foram todos esses Santos que nos protegeram hoje.
E a esses somaram-se, agora, o pegador de pênalti em semifinal olímpica, o já medalhista, aquele que no sábado pode se tornar mais um campeão olímpico paraibano.
Não foi um jogo bonito. Sem o outro paraibano, Matheus Cunha, que estava machucado, a Seleção teve muitas dificuldades no ataque. Mas um time vencedor não é feito apenas de jogos bonitos. Um time vencedor passa também por saber superar as adversidades. Passa por um goleiro que, no limite entre a vitória e a derrota, pode se apresentar e ser digno da confiança de seus companheiros.
Santos foi gigante.
Esse Santos múltiplo que não pode ser resumido a um só.
Um Santos que representa muito o que é ser paraibano. O paraibano que supera adversidades, preconceitos, a descrença daqueles de fora, o paraibano que deixa sua terra para conquistar um futuro melhor, para mostrar ao mundo o valor de um povo que, tal como ele, é múltiplo.
É importante demais registrar o feito de Santos.
Afinal, a posição de goleiro é, certamente, a mais ingrata do futebol.
E é justo na cobrança de pênaltis, apenas na cobrança de pênaltis, que a lógica do futebol é invertida e o goleiro ganha ares de herói.
Pois foi herói, o paraibano.
Agigantou-se, voou, defendeu, classificou a todos nós.
Que venha a final. Que venha quem vier na decisão.
A glória olímpica está logo ali.
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