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ESPORTES

Contos Olímpicos #5: Paraibaiano

Publicado em 24/07/2021 às 13:08 | Atualizado em 18/04/2023 às 15:13

https://www.youtube.com/watch?v=SLqSpduNQ04&

Eu preciso, de verdade, confessar uma coisa. E vou dizer na lata, sem rodeios, sem medos.

Eu acho que nunca vou perdoar Ricardo por ter nascido na Bahia.

Amigos baianos, calma, falo isso com o maior respeito possível. Mas ao mesmo tempo entendam o meu lado.

Eu cresci nas praias de Tambaú e Cabo Branco. E desde muito cedo Ricardo estava lá. Treinando, jogando, vencendo. E como venceu, meu amigo. Venceu demais. Três medalhas olímpicas, inclusive uma espetacular de ouro em 2004.

Calma, a gente ainda chega lá.

O que importa aqui, ao menos por ora, é que eu aprendi a conviver com Ricardo em João Pessoa. E o via como um paraibano como eu.

Eu me encontrava com ele no supermercado, no meio da rua, nas festas.

Ricardo é tão paraibano, que tempos atrás tentou reerguer um famoso clube da capital, assumindo as piscinas e a academia de ginástica do local.

Veja mais:

+ Contos Olímpicos #4: Que comecem os Jogos! + Contos Olímpicos #3: Os Medalhistas da Paraíba

+ Contos Olímpicos #2: Formiga

+ Contos Olímpicos #1: O Começo de Tudo

Ricardo é tão paraibano, que fez dupla com Zé Marco. E aqui fixou residência.

Eu adoro Ricardo, sabe? Adoro Olimpíada. Adoro vôlei de praia. Adoro a Paraíba.

Mas, sempre que esses assuntos se entrecruzam, eu preciso apelar para o odiento do asterisco explicativo.

Veja bem, que absurdo. Não me permitem colocar Ricardo na lista de campeões olímpicos da Paraíba. Não me permitem somar três a mais para a lista de medalhas conquistadas pela Paraíba.

Logo o Ricardo que é quase meu vizinho, que mora por perto, que está sempre por Tambaú e Cabo Branco, que tem três conquistas olímpicas, que vai entrar no Hall da Fama do vôlei de praia... como me convencer que eu não posso dizer que ele é paraibano?

Lembra quando disse que ainda voltaríamos à medalha de ouro conquistada por ele?

Pois ela foi vencida em 25 de agosto de 2004.

Eu recordo como se fosse hoje esse dia.

Vibrei, gritei, chorei, amei. E, claro, bati no peito e disse que era medalha da Paraíba.

Aí, anos depois, quando comecei a escrever sobre esportes, vieram me dizer que não era bem assim.

Quer saber? Eu acho que nunca vou perdoar Ricardo por ter nascido na Bahia.

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