ESPORTES
Contos Olímpicos #6: Fadas existem
Publicado em 27/07/2021 às 16:34 | Atualizado em 18/04/2023 às 15:13
https://www.youtube.com/watch?v=sFC9Y39_vPk
Sim, fadas existem.
E é engraçado isso. Porque quando eu tinha 13 anos eu não acreditava mais em fadas.
Aí precisou passar mais de duas décadas até que justo uma menina de 13 anos surgisse de repente para provar que elas, as fadas, existem sim.
Rayssa Leal. Uma nordestina como nós. Medalha de prata em Tóquio. A fadinha que deu os primeiros voos em Imperatriz, no Maranhão, que ganhou o mundo de forma precoce e que voou com pura graciosidade em terras olímpicas.
É a terceira atleta mais jovem da história das Olimpíadas a conquistar uma medalha. A mais jovem desde os Jogos de 1936.
E sabe o que ela disse após subir ao pódio?
Que, enquanto competia, estava se divertindo.
Simples assim. Divertindo-se, ora.
E aí não tem jeito. É uma atleta, claro. Buscando suas marcas e títulos. Mas sem pressões, medos ou aflições. Porque, no fim das contas, é apenas uma menina “brincando” de andar de skate. Fazendo o que mais gosta da vida. Dançando, sorrindo, saltando de cima de uma rampa com o skate no pé.
Veja mais:
+ Contos Olímpicos #4: Que comecem os Jogos! + Contos Olímpicos #3: Os Medalhistas da Paraíba
+ Contos Olímpicos #2: Formiga
+ Contos Olímpicos #1: O Começo de Tudo
Aliás, foi a segunda medalha de prata do skate brasileiro, já que um dia antes o paulista Kelvin Hoefler já tinha garantido a sua.
Sobre isso, aliás, é preciso que se diga algo importante. Que a experiência olímpica no Japão se transforme em legado no Brasil. Que tudo isso sirva de inspiração para que o poder público, que as forças policiais, que parte da população deixem de tratar os skatistas como simples marginais. Que permitam que eles circulem pelas cidades sem serem criminalizados. Que entendam que um rolê é apenas um rolê. Não são desocupados, são skatistas. Não se trata de vandalismo, mas lazer, esporte, estilo de vida.
Inclusive, essas medalhas olímpicas têm mais a ver com a Paraíba do que você pode imaginar. Porque foi uma brava mulher de Uiraúna quem, 32 anos atrás, derrubou um decreto que proibia a circulação de skatistas na maior cidade do país.
Você não sabia?
Até 1989, era proibido andar de skate pelas áreas públicas de São Paulo justamente porque era considerada uma atividade de vagabundos. E foi a paraibana Luíza Erundina, na época em que foi prefeita da cidade, que derrubou a lei e ajudou de alguma forma na luta do skate contra o preconceito. Que criou as bases para novas gerações de skatistas
Tudo bem, eu sei que ainda falta muita luta pela frente. Mas com duas medalhas olímpicas e com uma fada como embaixadora do esporte, o caminho há de ser menos árduo.
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