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ESPORTES

Contos Olímpicos #8: Três vezes Mayra

"Mayra Aguiar é a primeira mulher da história brasileira a conquistar três medalhas olímpicas em esportes individuais"

Publicado em 29/07/2021 às 13:30 | Atualizado em 18/04/2023 às 15:13

Por Phelipe Caldas

O que você está disposto a fazer em sua vida para chegar à glória olímpica?

Sim, porque essa história de que o esporte faz bem à saúde só é verdade quando estamos falando dos exercícios matinais ou noturnos a que todos nós deveríamos nos submeter para ter um melhor estilo de vida.

Quando estamos relacionando esporte à saúde, insisto, certamente não estamos falando em alto rendimento.

Na tentativa de alcançar o ápice, na busca pelos melhores resultados, na batalha incansável contra os próprios limites, a regra é exigir o máximo possível do corpo. E esse, meu amigo e minha amiga, nem sempre aguenta.

Então... o que você está disposto a fazer em sua vida para chegar à glória olímpica?

Pois, com você, Mayra Aguiar. Três medalhas de bronze olímpicas, sete cirurgias ao longo da vida. E isso antes mesmo de chegar aos 30 anos de idade.

Conquistas, dor, choro. Muito choro. Choro de emoção, choro de esgotamento, choro de alívio, choro de quem não aguenta mais continuar e ainda assim segue em frente. Choro de quem conquista o que nenhuma outra de seu país já havia conquistado.

Mayra Aguiar é a primeira mulher da história brasileira a conquistar três medalhas olímpicas em esportes individuais. Três medalhas de bronze no judô que a coloca num lugar de destaque no esporte nacional. E isso sem contar os dois títulos mundiais que ela já conquistou em sua carreira.

Nesta última conquista, contudo, o limiar entre tragédia e arrebatamento foi ainda mais tênue.

Em novembro do ano passado, passou por mais uma cirurgia, após uma grave contusão no joelho esquerdo, e precisou passar por oito meses insanos para conseguir se recuperar da lesão e voltar ao nível técnico que uma olimpíada exige.

É um bronze incrível. Que escancara toda a entrega que atletas de alto rendimento são capazes de se submeter em nome do inimaginável.

A propósito, para não perder o costume, queria falar um pouco de Paraíba também.

Por quatro olimpíadas seguidas, entre Atlanta 1996 e Pequim 2008, a mesma categoria de Mayra foi dominada por Ednanci Silva. A paraibana sempre bateu na trave, nunca conquistou uma medalha olímpica, mas foi fundamental para aumentar o nível do judô brasileiro em sua faixa de peso.

Depois, entre Londres 2012 e Tóquio 2020, só deu Mayra. A incrível Mayra. A Mayra que recebeu o bastão de Edinanci para provar que não existem obstáculos possíveis para interromper a jornada de quem sabe exatamente onde quer chegar.

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