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ESPORTES

Copa: Natal rejeita rótulo de atrasada e exalta hotéis e novo aeroporto

Obra na Arena das Dunas não começou, mas segundo organizadores da capital potiguar está dentro do cronograma.

Publicado em 31/03/2011 às 20:17

Do Globoesporte.com

"A Copa do Mundo é amanhã, e os brasileiros pensam que é depois de amanhã". A frase é do presidente da Fifa, Joseph Blatter, e desencadeou uma série de reações no país. O Ministro do Esporte, Orlando Silva, rebateu e afirmou que todos estão conscientes da urgência de preparar as cidades para o Mundial. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse que tudo está acontecendo dentro do prazo e que a própria Fifa havia feito elogios no início do mês. No estica-e-puxa das críticas está Natal.

A capital potiguar é considerada, ao lado de São Paulo, como uma das mais atrasadas. As obras no estádio Machadão, que vai se transformar na Arena das Dunas, sequer começaram. O local só será fechado na primeira quinzena de maio e será demolido para virar a Arena das Dunas. Apesar dos problemas, os organizadores espantam o clima pessimista.

O árbitro Rodrigo Cintra, que assumiu o cargo de secretário da Copa em Natal há cerca de um mês, disse que a cidade potiguar deu um grande passo depois que conseguiu mapear as áreas de ação e estabelecer um cronograma. Ele discorda de quem afirma que a capital potiguar está um passo atrás no tempo.

"Dizem que estamos atrasados, mas duvido que duas cidades-sede tenham o que nós temos: um documento completo de como fazer uma Copa do Mundo. Fomos à África do Sul, Espanha, França, Alemanha para desenvolvermos um plano diretor. Nossa maior dificuldade era mapear. Dentro de 60 ou 90 dias, estaremos com isto fechado para sabemos o que fazer, quando fazer, como fazer, se tem que fazer ou se é apenas recomendação. Não estamos atrasados como diziam há 30 dias. Em alguns pontos, estamos até adiantados".

A grande obra de Natal para a Copa do Mundo será a Arena das Dunas, com capacidade inicial para 42 mil torcedores – após o Mundial o número será reduzido para 30 mil espectadores. O estádio Machadão será demolido assim que o campeonato estadual acabar, dia 7 de maio. Serão feitas desapropriações perto do local para aumentar a área de construção. O prazo para entregar o local pronto é dezembro de 2013.

"Já estamos desocupando as áreas. Não está liberado por causa do campeonato estadual. O estádio está todo em dia em relação ao cronograma. Não estamos mais devendo nada", disse Rodrigo Cintra.

A ideia dos organizadores é fazer um estádio que posteriormente possa abrigar outras modalidades e eventos culturais e, desta forma, torne-se autosustentável. O secretário municipal disse que uma grande preocupação é como tornar as instalações úteis depois que a Copa terminar. Os potiguares não querem nem ouvir falar em "elefante branco".

"É muito importante pensarmos como vamos utilizar tudo isto depois para não acontecer o que vimos no Pan do Rio de Janeiro, em 2007. O fator principal é ser uma arena multiuso. A construção é para 42 mil pessoas, que é o mínimo exigido pela Fifa. Acabou a Copa, reduz para 30 mil, que para os jogos do estado é suficiente. Além do futebol, a expectativa é ter ao menos 60 eventos culturais e sociais durante o ano. Se chegarmos a este número, ela se torna sustentável. O importante não é só construir, é manter".

Novo aeroporto em dezembro de 2013

Demétrio Torres comentou sobre outro problema que era considerado um dos principais entraves para Natal: aeroporto, já que o atual não comporta a demanda exigida por uma Copa. O que é um problema agora, para o secretário especial para a Copa será uma grande solução para a cidade quando o segundo aeroporto ficar pronto (a previsão é dezembro de 2013).

"Será um dos maiores da América Latina. A Infraero é que vai cuidar disto. Será feito em etapas para a Copa e estará pronto para receber os voos quando o Mundial começar. A área de cargas, por exemplo, pode ser feita depois. A pista já está praticamente pronta e estamos construindo um acesso novo para ligá-lo à cidade.

Rodrigo Cintra também está animado com o novo aeroporto, que promete ser bastante amplo e, como é o ponto mais próximo da Europa, servir como uma espécie de entrada para os voos que chegam ao Brasil. O local será feito no esquema das PPPs (Parcerias Público Privadas).

"Será o primeiro aeroporto privado do Brasil, que será construído em São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana de Natal. Será uma porta de entrada da Europa, porque é a cidade mais próxima do continente europeu e tem uma localização estratégica. O planejamento é que esteja pronto em dezembro de 2013. Também faremos um terminal de passageiros no porto para acessibilidade marítima. Tudo está encaminhado.

Carnaval fora de época é exemplo positivo

Se tem muitas dificuldades, Natal também tem seus pontos favoráveis. O principal deles é estar acostumada a receber turistas. Cintra disse que a atual rede hoteleira da cidade é suficiente para comportar a demanda da Copa. Ele deu como exemplo um carnaval fora da época que acontece na cidade, que recebe a mesma quantidade de pessoas que deve receber no Mundial, só que em um espaço de tempo mais curto.

"A cidade tem menos de um milhão de habitantes e é considerada a capital mais segura do país. Na rede hoteleira, temos hoje prontos 27 mil leitos, o que é suficiente. No período de “Carnatal” (carnaval fora de época), recebemos cerca de 200 mil pessoas em sete dias. Na Copa do Mundo, esperamos receber isto em 30 dias, fica mais diluído. Não estamos 100%, assim como todas as outras cidades, mas, caso a Copa fosse hoje, poderíamos receber, exceção à Arena. Natal está acostumada a receber turistas".

Os organizadores esperam o "ok" de um importante passo para o futuro. Eles tentam liberar a verba do BNDES, que ficou suspensa após o Ministério Público sugerir a discussão de alguns pontos.

Demétrio Torres, Secretário Especial para a Copa, garantiu que o problema será solucionado e que não trará prejuízos significativos para a cidade. Ele sequer cogita que Natal perca a condição de uma das 12 sedes. Um dos trunfos dos potiguares é a possibilidade de utilização de recursos dos royalties do petróleo e gás do estado.

"Na quinta-feira vamos até o TCU (Tribunal de Contas da União), em Brasília, junto com o Ministério Público, Procurador do Estado e OAS (empresa que venceu a licitação) para encerrarmos este assunto. Se não fosse obra para a Copa, ninguém ia saber. Não houve prejuízo algum, nada do que foi feito está em desacordo com o edital. Não temos o menor receio de perder a Copa em Natal.

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Jornal da Paraíba

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