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ESPORTES

Botafogo-PB x Pouso Alegre: enfim, um pouco de realidade

Crônica do empate em 1 a 1 entre Belo e Pouso Alegre, pela Série C do Campeonato Brasileiro 2023, por Phelipe Caldas.

Publicado em 21/05/2023 às 11:21


                                        
                                            Botafogo-PB x Pouso Alegre: enfim, um pouco de realidade
Netinho empata para o Botafogo-PB | Foto: Cristiano Santos/Botafogo-PB

Não tem jeito.

A Série C do Campeonato Brasileiro é uma competição para lá de difícil, complexa, repleta de desafios. E, simplesmente, não é possível o acesso sem boas doses de sofrimento, incredulidade, medo, dor, raiva.

É isso.

A contemplação sufocante do imponderável é um processo obrigatório que todo torcedor que um dia ousou ser um sonhador precisa enfrentar.

E não adianta rezar, apelar para o além, pedir aos santos, aos orixás.

Todo mundo sabe, afinal.

Os deuses não costumam visitar a Série C.

Somos nós e nós mesmos, os torcedores. Abandonados à própria sorte. À própria convicção vacilante de que um dia seremos felizes.

Transformamo-nos, assim, em andarilhos. A buscar, a cada nova rodada, novos motivos para seguir vivendo.

Nesse sábado, pois, foi noite de Almeidão.

Não se é triste indo para o Almeidão. Às vezes, se é triste voltando. Indo nunca.

Porque, na ida, carrega-se a magia, a memória afetiva, a coletividade, o sonho, o mundo que se ajudou a construir em torno de si.

Na volta... bem, na volta tudo é diferente.

Às vezes, a volta é a mais pura percepção da plenitude. Noutras, a crua demonstração da tristeza.

E tem também dias como o desse sábado, de empate em 1 a 1 entre Botafogo-PB e Pouso Alegre, pela quarta rodada da Série C.

Foi uma volta para casa com a mais indescritível sensação de estranheza.

Que faz a pessoa parar no meio do nada, no relento, suspirar profundamente, e refletir demoradamente tentando assimilar tudo o que se passou.

Não é que tenha sido um resultado ruim. Também não chega a ser bom – quase nunca é – empatar em casa.

Mas não é bem isso o que se tenta assimilar.

Busca-se entender como é possível uma sequência tão insana de acontecimentos que faz o Belo terminar o jogo com o seu terceiro goleiro em campo. E, depois de ter começado perdendo, conseguir o empate, quase encontrando a virada que seria apoteótica.

Bem, é isso. Não tem jeito.

Foi mais um sábado de Série C. Sem receber a visita dos deuses. Abandonados à própria sorte. Surpreendidos com doses de realidade que só a terceira divisão é capaz de oferecer e que ajudam a ensinar que não só de euforia se faz um campeonato.

Mas, mesmo com tudo isso, tendo conseguido renovar os motivos de continuar vivendo, sonhando, acreditando e desejando o acesso em 2023.

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Phelipe Caldas

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