ESPORTES
Futuro incerto: jogadores defendem volta do Campeonato Paraibano de portões fechados
Alguns dirigentes não concordam com esse pensamento dos atletas.
Publicado em 29/04/2020 às 16:39 | Atualizado em 29/04/2020 às 17:36
Esse é um dos momentos mais difíceis, se não o mais difícil encarado pelo futebol paraibano. A história já registrou crises de um ou outro clube, mas agora todo mundo está no mesmo barco, um adversário em comum mas não é aquele que as equipes estão acostumadas a encarar. E os clubes se sentem de mãos atadas, eles pouco podem fazer para ter a rotina de volta. E a volta é a grande dúvida neste momento. O futuro é o tema da última reportagem da série ‘Futebol Paraibano na Pandemia’
Já são mais de 40 dias sem jogos. A pandemia segue com números preocupantes. Como eles, os atores do espetáculo imaginam esse retorno? Uma coisa é certa, todos esperam que a bola volte a rolar o quanto antes, até por uma questão de sobrevivência.
Entre os jogadores o discurso é que as partidas devem ser retomadas mas eles estão preocupados com uma série de situações. O lateral do Campinense Matheus camargo defende que o campeonato paraibano seja retomado, porém com os portões fechados.
"Tem que ser finalizado porque dá vaga para Série D, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e não tem como fugir disso, não tem como, agora se com torcida ou sem torcida já não sei, isso vai depender de como estiver a pandemia ainda mas acredito que melhor maneira seja sem torcida, infelizmente", disse.
Meio-campo do Treze, Dedé também espera a retomada do campeonato estadual nem que seja com portões fechados por que tem muita coisa em jogo.
"Espero que volte logo, volte sem torcida mesmo, para que a gente possa ver a situação do estadual para terminar logo, buscar os objetivos que o clube precisa, um calendário melhor para o próximo ano para que não passar pela situação que tá passando agora e que já passou", declarou.
O zagueiro e capitão do Botafogo, Fred, está com medo de uma possível volta agora das partidas, ele lembra que os riscos não são só para os jogadores.
"Eu quero que seja feito, que tenha uma decisão pensando não só no espetáculo, tem que pensar em todo mundo. Nós atletas também, a gente ficar concentrado, conviver no vestiário, a gente não sabe como que nossos companheiros se relacionam dentro de casa, vai na família, vai no shopping e sai para algum lugar. Eu acho que primeiro a gente tem que prezar pela saúde, pelo bem-estar de nossos atletas, comissão técnica, diretoria também porque quando a gente vai pro estádio não é só a gente. Então a gente espera que seja resolvido o mais rápido possível né. O difícil é a gente ficar em casa sem ter um norte”
Finanças preocupam
Entre os clubes sertanejos, a preocupação vai além dos jogos em si. Como vai estar a situação financeira para o retorno. O técnico do Atlético de Cajazeiras, Ederson Araújo, disse que não sabe como vai ser a sequência da temporada.
“Eu acredito que o restante da temporada vai ser muito complicado, acreditamos que hoje muitos clubes ainda não sabem o que vai acontecer daqui para frente. Não sabe se vai ter dinheiro, não sabe se os jogos vão ser com torcida ou sem torcida então a situação é muito delicada para o restante da temporada. Aqui a gente está numa incógnita, ninguém sabe o que vai acontecer”, disse.
Já Aldeone Abrantes, presidente do Sousa, disse que o futebol da Paraíba só tem condições de voltar se tiver ajuda do governo e da CBF.
"A única esperança que se tem, é mesmo que a volta seja com os portões fechados, só há viabilidade de você botar o time em campo se essa lei de incentivo ao esporte for liberada para ter o recurso ou a CBF chegar com suporte para os clubes disputar os estaduais. De outra forma não vejo como ninguém voltar mais para jogar. Pra jogar, o jogador vai ter que receber seu dinheiro e como é que eu vou pagar se o portão está fechado? Então eu acho que a volta do futebol da Paraíba a responsabilidade é de muitas pessoas", avaliou Abrantes.
Treze contra portões fechados
O presidente do Treze, Walter Cavalcante Júnior, é contra o retorno dos jogos com os portões fechados. O clube precisa das rendas para sobreviver.
"O Treze tem uma torcida imensa, fazer jogos com portões fechados seria o pior de tudo, sou contra a volta com os portões fechados. Mas infelizmente se não houver outra opção, o que a gente pode fazer? A gente tem que ir pra batalha, pra guerra. O formato de volta do campeonato, eu acho que tem que dar continuidade sim e a federação já sinalizou dessa forma.", ponderou Cavalcante.
O Botafogo já faz o planejamento para um possível retorno. O presidente Sérgio Meira acredita na volta dos treinos ainda em maio, e o retorno das competições em junho.
"Imagino e espero que na segunda quinzena de maio, a gente já possa estar fazendo a programação para retornar na última semana de maio e começar já algumas atividades já na primeira semana de junho e na segunda quinzena de junho, as competições retornem.. Esse é o cálculo que eu imagino e que eu desejo que aconteça efetivamente para que a gente possa retornar às nossas atividades normais”,
O certo é que o futebol paraibano parece estar entre a cruz e a espada, o meia-atacante Birungueta resumiu toda essa situação. Medo de contrair a doença, medo de ficar desempregado, medo de não ter como sustentar a família.
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