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Garrincha e Nilton Santos já vestiram a camisa do Treze
Orgulho de Campina Grande, Galo da Borborema quer superar 2005 e ir além das quartas na Copa do Brasil. Primeiro adversário será o São Paulo.
Publicado em 02/02/2011 às 13:26
Do Globoesporte.com
Torneio mais democrático do futebol brasileiro, a Copa do Brasil desbrava o país e dá a oportunidade para equipes modestas alçarem voos mais altos como conquistar um título nacional – em uma competição de tiro curto, mata-mata – e a vaga na Taça Libertadores da América de lambuja. Foi assim com o Criciúma, em 1991, Juventude, em 1999, Santo André, em 2004, e Paulista de Jundiaí, em 2005. E é com base na superação e estrutura – ainda que modesta – que o Treze de Campina Grande quer surpreender o São Paulo, na próxima quarta-feira (16), e largar bem na competição. Para isso, conta com a bênção de dois craques históricos, que um dia vestiram a camisa do Galo da Borborema: Garrincha e Nílton Santos, em 1968 e 1969, respectivamente.
"A direção do clube resolveu promover grandes embates capazes de atrair grande público. O time enfrentou a seleção de novos da Argentina e perdeu por 3 a 2. O Garrincha, que já era bicampeão do mundo, a convite do clube, fez um jogo-exibição contra a seleção da Romênia, e, no ano seguinte, contra o Campo Grande, do Rio de Janeiro, o Nilton Santos também foi convidado para atuar pelo Treze. O curioso é que o Nilton Santos só vestiu três camisas em toda a sua carreira, a da Seleção Brasileira, do Botafogo e do Treze", explica Mário Vinícius Carneiro, autor do livro "Treze Futebol Clube – 80 anos de história".
Naquela época, os clubes costumavam convidar craques para partidas de exibição. Entretanto, sequer imaginavam o que seria uma Copa do Brasil. O Treze sabe.
Em 1999, foi o primeiro clube paraibano a passar da primeira fase da competição ao derrotar o Santa Cruz, em Recife. Na segunda, o time foi eliminado pelo Corinthians, nos pênaltis, após dois empates em 2 a 2, tanto em Campina Grande quanto em São Paulo.
Seis anos mais tarde, o Treze chegou até as quartas de final, quando também foi eliminado nos pênaltis, em Campina Grande, para o Fluminense. O jogo ficou marcado pela dura disputa. Houve mais de dez cobranças de cada lado – inclusive os goleiros tiveram que bater. No fim das contas, o Tricolor das Laranjeiras, apesar de ter chegado à decisão, perdeu o título para o Paulista de Jundiaí.
O São Paulo que se cuide
Único campeão paraibano invicto, em 1966, o Treze não perde em seus domínios desde 2009. A última vez foi em casa (no Amigão), na final do Campeonato Paraibano daquele ano, quando acabou derrotado pelo Sousa por 2 a 1. São 37 jogos oficiais sem derrota em Campina Grande, números que passam por seis competições distintas: foram três partidas na Série D 2009 e sete na Copa Paraíba. No ano seguinte, o Galo da Borborema não sucumbiu em 15 jogos no Paraibano, um na Copa do Brasil, sete no Nordestão e quatro na Série D 2010.
"Vejo este confronto como um grande evento. Respeitamos o São Paulo, que é o favorito, mas o Treze também é grande. Em 1986, em Campina Grande, pelo Brasileirão da Série A, o São Paulo estava invicto na competição e ganhamos por 1 a 0. Em 2002, em Campina Grande, eu era o vice-presidente, e também ganhamos de 1 a 0, pela Copa do Brasil. Mas fomos eliminados no Morumbi, por 4 a 1. De qualquer forma, independentemente da Copa do Brasil, trabalhamos para levar o Treze de volta ao lugar dele, que é a Primeira Divisão", revela o presidente Fábio Azevedo, de 34 anos, que assumiu o cargo em dezembro de 2010, para o próximo biênio.
Mascote vem do jogo do bicho
O clube foi fundado em 7 de setembro de 1925 por Antônio Fernandes Bióca, que deu início ao futebol em Campina Grande, que está situada na Serra da Borborema – o nome "Borborema" vem do tupi-guarani e significa "lugar deserto, sem habitantes". Tudo começou com uma reunião no dia 2 de setembro, no Clube dos Comerciários. Nesta reunião, se propôs a fundar uma agremiação esportiva na cidade. Entusiasmado com a ideia, Bióca marcou um novo encontro em sua residência com as presenças de José de Castro, José Eloy Junior, Amélio Leite, Plácido Véras, José Sodré, Zacarias Ribeiro, José Rodolfo, Olívio Barreto, José Casado, Alberto Santos, Osmindo Lima e Luiz Gomes, além do anfitrião. Porém, não se definiu o nome do novo clube.
Apenas em uma terceira reunião, em 20 de outubro de 1925, José Casado resolveu contar o número de presentes e observou que eram 13 componentes. Nascia então o "Galo da Borborema", expressão de autoria do poeta Murilo Buarque, fazendo alusão ao número 13 no jogo do bicho.
Com 85 anos de história, tem o seu estádio, o Presidente Vargas, fundado em 17 de março de 1940, com capacidade para 10 mil pessoas. Conta com concentração, vestiários e academia – atualmente o gramado passa por uma reforma, e os jogos estão sendo mandados no Amigão.
Os 14 títulos estaduais ainda deixam o Galo da Borborema atrás dos rivais Botafogo-PB e Campinense. O primeiro tem 25, e o segundo, 17. No entanto, é do Treze a maior torcida do estado da Paraíba e a trigésima do Brasil, segundo a última pesquisa do Datafolha.
"O Treze tem esse diferencial. A nossa torcida valoriza a marca, é o que nos fortalece. Temos que ter, pelo menos, a cota de televisão, para isso precisamos estar na Série B. Nas finanças, estamos equilibrados. A questão de INSS é paga pela Timemania. Atualmente há teto salarial e pagamos em dia jogadores e funcionários. Conseguimos caminhar com as nossas próprias pernas – orgulhou-se o mandatário.
Apesar da pouca idade – 34 anos – para um dirigente, Fábio Azevedo explica como reestruturou o clube. "Na década de 80, era criança. Na época, o Treze disputava a Primeira Divisão. Depois, entrou em crise, houve uma mudança no futebol brasileiro, começou o Clube dos Treze. E isso me incomodava. Além disso, o clube passava por dificuldades administrativas e achava que precisava de uma união maior de forças. Fui o conselheiro mais jovem, com 18 anos. Depois passei para a diretoria de marketing, com 21. Com 23, era vice-presidente. Nos últimos 11 anos venho participando da vida ativa do clube", completa.
De dois em dois anos, presidente e vice são eleitos por voto direto. Os demais diretores acabam nomeados pelo presidente, e o Conselho Deliberativo funciona como uma Assembleia Legislativa.
O clube revelou jogadores como o lateral Wagner Diniz, campeão paraibano em 2005, com passagens por Vasco e São Paulo, hoje no Atlético-PR. Para a atual temporada, a maior contratação foi o atacante Warley, que já jogou no São Paulo, Palmeiras, Grêmio, e foi campeão do Pré-Olímpico com a Seleção Brasileira, em 2000.
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