ESPORTES
Orgulho LGBTQIA+: Dandara FC segue sendo sinal de resistência, mesmo com menos adeptos no time
Pandemia do novo coronavírus foi divisor de águas na sequência das atividades do time, que segue firme, mesmo com a presença ativa de poucos atletas.
Publicado em 28/06/2022 às 21:39

Primeiro time LGBTQIA+ da Paraíba, o Dandara FC tem resistido à luta da afirmação no esporte travando embates inesperados. É que, após a pandemia do novo coronavírus, a equipe perdeu adeptos, viu a configuração administrativa se desfazer quase por inteira e, hoje em dia, segue seu destino com a presença de poucos e aguerridos atletas.
Mas, nessas horas, o que importa mesmo é prosseguir. Ainda mais quando o verdadeiro propósito do time, fundado em 2018, é trazido à memória e posto em prática: oferecer voz, espaço, abraços e alegria. Jogar futebol, além da qualidade de vida, saúde e bem-estar, é, na verdade, o principal pretexto para que pessoas se reúnam e se reconheçam. O verdadeiro sentido do esporte, que muitas pessoas, clubes e grandes entidades fazem questão de, muitas vezes, delimitar, regidos por uma intolerância muito bem disfarçada em discursos prontos e ultrapassados.
De acordo com Gabriella Araújo, que hoje está na direção da equipe, um dos grandes motivos para que as pessoas fossem deixando os encontros semanais de lado foi os impactos da pandemia. E, mesmo com o retorno gradativo das atividades, a ideia de que tudo poderia ser como antes perdeu força. As dificuldades seguem sendo muitas.
— Todo mundo foi abandonando o barco. Foi pesando muito (a pandemia). A baixa tem sido grande. Hoje, quem está comparecendo, são pessoas novatas, que vieram pós-pandemia. As de antes, nenhuma delas comparecem. Está bem difícil de angariar fundos, de buscar patrocínios e, até mesmo, de buscar atletas. O que a gente não deixa é morrer. Mas, a força que tinha antes, não tem mais — explicou.
Importância do Dandara FC serve de inspiração
Apesar da turbulência vivida, a vontade de dar sequência à ideia que trouxe o Dandara FC até aqui segue imponente. Na pandemia do novo coronavírus, a rede de apoio entre os atletas foi, muitas vezes, motivo para que eles encontrassem força uns nos outros e não se isolassem afetivamente. E se mantiveram de pé, firmes, diante do abalo de um vírus mutável e que já matou mais de 600 mil brasileiros. Na pandemia do novo coronavírus, a rede de apoio entre os atletas foi, muitas vezes, motivo para que eles encontrassem força uns nos outros e não se isolassem afetivamente. E se mantiveram de pé, firmes, diante do abalo de um vírus mutável e que já matou mais de 600 mil brasileiros desde 2020. O acolhimento foi o mesmo de sempre, atraiu novos componentes, e o time segue de pé, mesmo que longe das competições e de toda estrutura que um dia teve à sua disposição. Seguem pelo propósito e pela representatividade que a equipe alcançou desde que surgiu. — O Dandara FC está passando por certas dificuldades, mas quando pensam em um time (LGBTQIA+), nós temos esse grau de importância no estado. Nós temos pessoas não-binárias que tinham dificuldades de participar de times. E elas não se identificam com nenhum dos gêneros. O Dandara FC não faz distinção. É um espaço de inclusão e de acolhimento. O Dandara FC surgiu por conta disso, porque não tínhamos espaço pra gente, como atletas. A influência é se fortalecer e abrir espaço para as narrativas dessas pessoas, para que elas falem sobre suas dificuldades. No final, nós somos mesmo uma grande família — disse Gabriella.
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