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Ruthyanna Camilo comemora sua atuação pioneira no Clássico dos Maiorais e destaca dia histórico do futebol paraibano
Árbitra do quadro estadual e da CBF foi a primeira mulher a apitar o maior clássico do futebol paraibano e, em entrevista à CBN João Pessoa, ressaltou como se preparou para essa chance.
Publicado em 27/03/2022 às 11:31
A arbitragem paraibana viveu um momento histórico no último dia 16 de março, quando pela primeira vez uma mulher apitou o Clássico dos Maiorais, entre Treze e Campinense. A maior autoridade do jogo foi Ruthyanna Camila, árbitra da Federação Paraibana de Futebol (FPF) e do quadro da CBF. A árbitra comemorou a chance e a atuação que teve na vitória do Campinense sobre o Treze por 1 a 0.
- Tudo é um processo. Não caí de paraquedas ontem no jogo. Venho trabalhando há muito tempo para que essa oportunidade chegasse. O cavalo selado só aparece uma vez. Então a gente tem que corresponder. Foi uma das melhores sensações da minha vida. Me preparei muito. Tive a sensação de dever cumprido ao fim do jogo — comentou a árbitra, em entrevista à CBN João Pessoa.
Ruthyanna conseguiu conduzir bem o jogo, esteve sempre perto do lance, mas viu os nervos ficarem mais exaltados na segunda etapa do clássico. A árbitra aplicou quatro cartões amarelos para a Raposa, quatro para o Galo e ainda advertiu com cartão amarelo o treinador do Treze, Marcelinho Paraíba. Além disso, expulsou Christian, do Rubro-Negro, após apresentar o segundo amarelo ao atleta. Confira abaixo mais trechos da entrevista de Ruthyanna à CBN João Pessoa.
Quebra de barreiras
Eu acho que o quadro feminino vem tendo uma crescente e fazendo por onde ter esse crescimento. A nível mundial e brasileiro. Essa quebra já tinha passado do tempo de acontecer. A gente sabe que é um processo. Passamos pela mesma prova dos homens, A gente prova que estamos no mesmo nível. A gente sabe que todo dia temos que quebrar barreiras. Hoje foi um exemplo. Mas tenho muito a provar ainda.
Clássico dos Maiorais
Não estava lá fazendo apenas minha história, mas fazendo algo importante no futebol paraibano. Eu avalio como uma pressão natural na partida. A gente estudou muito as equipes. A formação das equipes, quem são os mais rápidos, os mais habilidosos. A gente estuda tudo isso. Isso facilita o trabalho. O primeiro tempo eu pude administrar melhor. No segundo tempo, os ânimos ficaram mais exaltados, mas acho que deu para fazer um bom controle de jogo.
Futebol feminino e masculino
Há diferenças físicas. O jogo feminino é um pouco mais lento. O masculino é um pouco mais rápido. Mas a nível técnico e de regra, é a mesma responsabilidade. A nível técnico é a mesma coisa.
Carreira
Eu vou fazer 27 anos e dez anos de arbitragem, no geral. Comecei com 17 anos. Eu era jogadora de futebol, em competições amadoras. Em determinado jogo que fui assistir de base, faltou o árbitro e eu substituí ele. E desse dia em diante nasceu uma paixão dentro de mim. E não deixei mais. Participei de competições amadoras até surgir o curso da Federação em 2015. Em 2018 comecei a ter oportunidades em nível profissional.
Desrespeito com a arbitragem
Acho que nem é culpa do jogador em si. A cultura brasileira do futebol é muito pobre no sentido do respeito. Eu acho muito difícil mudar. Nós também somos humanos. Quando estamos como árbitro, existe um ser humano, e que estamos passíveis de erros. Assim como um jogador perde um pênalti, é expulso, dá um passe errado, a gente também pode falhar.
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