ESPORTES
Torcedor escolhe a Argentina
Brasileiros revelam preferência por seleções de outros países.
Publicado em 13/07/2014 às 8:00 | Atualizado em 06/02/2024 às 12:02
Ver o Brasil na final da Copa do Mundo que será disputada hoje à tarde no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, era o desejo de milhões de brasileiros que sonharam durante muito tempo ver a Seleção Brasileira conquistar o hexacampeonato mundial. Mas, para alguns, o enredo dessa história não se escreve desta maneira. Mesmo antes da goleada histórica que a Alemanha fez o Brasil sofrer na Copa de 2014, a paixão futebolística por outros países falou mais alto e parte da torcida fervorosa abriu mão do verde e amarelo e abraçou outras cores.
Foi assim com Wresty Kuecy Brandão, 31 anos, mototaxista que mora no Sítio Araticum, em Lagoa Seca, no Agreste paraibano, e José Arnaud Júnior, 32 anos, publicitário, natural de Natal (RN), mas que há 6 anos mora em Campina Grande. Para ambos, a emoção de acompanhar a Copa do Mundo no Brasil não recaiu em torcer para Neymar e companhia na rota do título. Para Wresty Kuecy, a rival Argentina é a única capaz de mover seus sentimentos, enquanto que José Arnaud dedica sua torcida para a seleção dos Estados Unidos.
Loucura por renegar seu país? Insistir em sempre torcer pelo lado contrário? Pretensão em chamar a atenção dos outros? Para os dois, nenhuma dessas cobranças é válida. Segundo Wresty Brandão, sua identificação com a pátria argentina veio antes de saber o que isso representa na vida de alguém. “Eu estava na escola, tinha seis anos. No livro de Geografia achei uma bandeira de um país muito bonita. Quando perguntei de que país era, vi que não era o Brasil. Gostei pelas cores. Quando cresci e comecei a entender de futebol, foi a prova de que eu tinha de torcer pela Argentina”, contou.
Na adolescência, o inevitável. Acompanhar a carreira de Diego Armando Maradona jogando pelo Napoli (Itália) e depois voltando ao Boca Juniors (Buenos Aires), foi a peça que faltava para que o jovem se encantasse com o futebol do ídolo, incorporasse a garra argentina e vestisse a camisa do maior rival do Brasil, passando a se sentir mais ‘hermano’ do que ‘brasileño’. “Eu nasci no Brasil, mas meu espírito é argentino. Tenho camisa, bandeira, broches e esse ano dividi a decoração de São João da casa dos meus pais que tinha o verde e amarelo do Brasil com o azul tradicional da bandeira da Argentina”, acrescentou Wresty.
Se para muitos esse sentimento de amor a outra pátria é exagero, basta chegar ao local onde ele está construindo sua casa para confirmar seu verdadeiro amor pelo país de dom Diego Maradona. Prestes a se mudar para seu lar, Wresty aproveitou o nacionalismo tradicional que a Copa do Mundo reacende nas pessoas e pintou com as cores da bandeira argentina as paredes de sua residência. Para reforçar a semelhança, pediu a ajuda da irmã para desenhar o sol fixado no meio da flâmula da Terra da Prata.
“Vou deixar minha casa com várias características da Argentina. Pintei a frente de azul e branco, coloquei o sol em todas as paredes, vou colocar quadros, bandeira. Eu guardo o hino nacional plastificado com a tradução em português ao lado. Quero fazer um espaço só para Maradona, que foi o maior jogador de toda a história”, disse Wresty. Para ele, não importa a eterna competição entre brasileiros e argentinos sobre quem foi o melhor jogador de futebol do mundo: Maradona ou Pelé?
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