ESPORTES
Treze faz boa Copa do Nordeste, Marcelinho surpreende, mas vai ter que mostrar que time não está no limite
Galo fez campanha interessante, diante do que tinha para oferecer em termos técnicos
Publicado em 12/04/2021 às 15:36 | Atualizado em 18/04/2023 às 15:19
Por Pedro Alves
O Treze surpreendeu. Chegou na Copa do Nordeste como um time de Série D passando por reformulação profunda e apostando num técnico que iria e foi para a sua primeira experiência como treinador. Que foi escolhido mais pelo seu tamanho como jogador do que por uma aposta em um grande pensador do futebol que acabara de encerrar sua carreira de chuteiras. Marcelinho Paraíba estava cercado de dúvidas, mas foi bem em seu primeiro teste à beira do gramado. Mais em resultado do que em performance, é verdade.
Na Copa do Nordeste de 2021, o Galo não foi vistoso. Não fez grandes jogos. Mas e quem fez? O que o Treze fez foi superar as expectativas de quem conhecia o elenco, o processo de reformulação feito, o nível de investimento baixo para um torneio como o Nordestão atual e a falta de compromissos em pagar salários. Mesmo com tudo isso, o Treze chegou até a última rodada vivo, com chances de classificação para o mata-mata da Copa do Nordeste, que não disputa desde 2010.
O Treze fez jogos interessantes contra times grandes. Foi bem contra o Fortaleza, jogando na Capital cearense. Fez um bom jogo também, fora do regional, na Copa do Brasil, diante do América-MG. Dois times de Série A. Soube jogar de maneira reativa, passou poucos sustos e criou chances claras.
No resto dos jogos, o Treze foi só competitivo. Tendo que propor jogo, o time tem mais dificuldades. E foi mal algumas vezes. Tendo Jeferson, seu goleiro, novamente como destaque de vários jogos. Isso precisa ser corrigido, afinal, diferente da Copa do Nordeste, no Paraibano o Treze é um dos times a ser batido, e que geralmente vai enfrentar equipes inferiores, que vão jogar mais fechadas. Ser mais eficiente nesse tipo de jogo é o grande trabalho de Marcelinho a partir de agora.
Tendo essa obrigação, o Galo não fez partidas boas, mas conseguiu, por exemplo, vencer. Foi assim contra o Altos-PI, em casa. Foi assim contra o Botafogo-PB, em Brasília. Casca que fez o Galo ter chances de classificação até a última rodada, quando recebeu o Sport no Amigão, quando novamente não atuou bem, mas teve poder de reação para buscar um empate, após começar perdendo por 2 a 0, e ficar a apenas um gol seu da passagem de fase.
Por tudo isso, circunstâncias, e resultados diante delas, julgo que o Treze fez um bom papel na Copa do Nordeste. Que dá confiança para Marcelinho Paraíba seguir impondo evolução na equipe. O técnico agora precisa provar que seu time já não está no seu limite, o que pode ser o que está acontecendo.
Algumas conclusões do time
A Copa do Nordeste foi um bom teste para Marcelinho Paraíba tomar lições e tirar conclusões. Algumas delas me parecem claras. A linha defensiva não parece ser um problema do time. O Treze tem pelo menos um zagueiro indo bem, regularmente, Rômulo, e outro que às vezes faz bem seu papel, Marlon. As laterais não só não comprometem, como parecem ser virtudes.
O meia Emerson tomou conta da lateral esquerda. Rápido, tem transições defensivas e ofensivas rápidas, e é uma boa opção de jogo ofensivo. Na lateral direita, Paulinho foi mais vezes titular. Não compromete. Mas, para mim, é notadamente inferior a Júlio Ferrari, que ganhou a vaga de titular no último duelo contra o Sport, mas, ao meu ver, tardiamente. Júlio cria chances claras, tem mais confiança em ir para cima. É uma boa peça.
O problema do Treze mesmo é o setor de criação. Nenhum atacante de lado funcionou realmente bem. Jairinho teve um bom começo, mas não manteve o ritmo. Os outros também não convencem. No meio-campo, nem Kleiton Domingues nem Ancelmo dão conta do recado de ser protagonistas da armação. O melhor nome do meio é Birungueta, que tenta muito, erra muito e acerta algumas vezes, e o bom volante Régis Potiguar, que marca e sai bem para o jogo. Falta mais gente desse ou de nível acima.
Apesar disso, o Treze tem o artilheiro do futebol paraibano até o momento. João Leonardo não parece ser um atacante de tantos recursos. Mas sabe se posicionar e não precisa finalizar muito para chegar às redes adversários. Sem ser titular absoluto, o jogador tem quatro gols até aqui. Vem sendo letal. E, claro, precisa ser o atacante do time, sem discussão. Acho que esse entendimento, Marcelinho já tem. Mesmo que um pouco demorado.
O ideal, claro, é chegar reforços. Mas não se sabe se o Treze vai ao mercado, sem ter condição nem de arcar corretamente com a folha atual. E é melhor que não vá, caso não tenha como pagar. Diante disso, cabe a Marcelinho Paraíba fazer o time evoluir com o que tem, agora, com menos testes e mais convicções.
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