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MEIO AMBIENTE

Encalhes de filhotes de peixes-bois-marinhos no Nordeste têm relação com perda de áreas de manguezal e estuário

É o que revela pesquisa desenvolvida pela ecóloga paraibana, Iara Medeiros, durante atuação no Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho. O estudo foi publicado em uma revista científica da Universidade de Cambridge.

Publicado em 08/06/2022 às 16:34


                                        
                                            Encalhes de filhotes de peixes-bois-marinhos no Nordeste têm relação com perda de áreas de manguezal e estuário
Peixe-boi-marinho. Foto: Divulgação.

A conservação dos manguezais e estuários têm relação direta com a conservação dos peixes-bois-marinhos. Os animais da espécie, ameaçada de extinção do Brasil, buscam estas áreas como fonte de alimentação, água limpa para beber e viver, como local ideal para reprodução, para cuidar dos filhotes, descansar, também como abrigo e proteção. 

É o que demonstra um estudo desenvolvido recentemente pela pesquisadora paraibana Iara Medeiros, durante atuação no Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho. O estudo também permitiu perceber a importância das unidades de conservação, que, com normativas socioambientais, conseguiram manter em suas delimitações as áreas de mangue conservadas em maior proporção.


				
					Encalhes de filhotes de peixes-bois-marinhos no Nordeste têm relação com perda de áreas de manguezal e estuário
Encalhe de filhote. Foto: divulgação.. Encalhe de filhote. Foto: divulgação.

A pesquisa em questão foi importante para avaliar uma das hipóteses que tem sido levantada ao longo do tempo que estabelece uma relação entre o aumento do número de encalhes de filhotes em consequência da perda dos ambientes estuarinos, especialmente dos manguezais. Para testar esta hipótese, foi estabelecida uma série temporal e, a partir de técnicas geoespaciais, foi feita uma análise de quais coberturas de manguezais existiam no passado nessa faixa do litoral da Paraíba e como elas foram se comportando, representando em termos de distribuição, ao longo dos anos, com algumas perdas e em alguns locais até com alguns danos. 

Paralelamente a isso, foram avaliados todos os encalhes que aconteceram no litoral da Paraíba nessa mesma escala temporal, e foi de fato possível constatar que, no transcorrer do tempo, quanto maior a perda desses ambientes de manguezais, maior foi acontecendo o número de encalhes de filhotes.

“Esses achados são de extrema importância para primeiro constatarmos que nos locais que as unidades de conservação foram criadas de algum modo reforçaram a proteção desses ambientes estuarinos e a integridade desses recursos permaneceu maior em detrimento àqueles fragmentos de manguezais em que, ainda que protegidos por leis, não estão assegurados por unidades de conservação”,  ressalta o Prof. Dr. João Carlos Gomes Borges, coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho.

O professor também destaca que “outro aspecto muito importante do trabalho foi gerar subsídios e condições para que essas medidas de proteção a esses recursos florestais pudessem de fato ser assegurados, porque, quando não, além de outros impactos sociais e ambientais que representam, traz uma implicação direta, como constatado do estudo, em função do aumento do número de encalhes dos filhotes”, diz o coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho.

O artigo “Spatiotemporal dynamics of mangrove forest and association with strandings of Antillean manatee (Trichechus manatus) calves in Paraíba, Brazil”, desenvolvido por Iara Medeiros durante atuação no Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho e mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba, foi publicado no Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom, uma revista científica pertencente à Universidade de Cambridge e considerada de alto impacto na área de Biologia Marinha. 

No artigo, a pesquisadora, que contou com a orientação do Prof. Dr. João Carlos Gomes Borges e a coorientação da Profa. Dra. Nadjacléia Vilar Almeida, aborda a dinâmica espaço temporal dos bosques de mangues e sua relação com as ocorrências de encalhes de filhotes de peixes-bois-marinhos (Trichechus manatus) na Paraíba.

O Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho é realizado pela Fundação Mamíferos Aquáticos em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção desta espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas. 

O projeto conta com o apoio da APA da Barra do Rio Mamanguape, Arie Manguezais da Foz do Rio Mamanguape, CEPENE/ICMBio e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal da Paraíba.

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Jornal da Paraíba

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