A cidade de São José de Piranhas carrega uma história marcada por transformações. Submersa sob as águas do Açude Engenheiro Ávidos, a antiga vila precisou ser reconstruída em outro local, preservando memórias e tradições que resistem ao tempo. E o Jornal da Paraíba conta esse passado e os desafios enfrentados pelos moradores.
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A história da antiga Vila de São José de Piranhas mudou em 1932, quando as obras do atual Açude Engenheiro Ávidos foram retomadas. Na época chamado de Boqueirão, o reservatório passou a ser uma das maiores represas da Paraíba, com capacidade para quase 300 milhões de metros cúbicos de água.
A obra trouxe desenvolvimento para a região, mas também obrigou os moradores da vila a deixarem suas casas, que ficariam submersas.
O passado do povoado, que um dia prosperou às margens do Rio Piranhas, ficou sob as águas do reservatório. Ruínas de construções ainda podem ser encontradas no fundo da represa, assim como vestígios de antigas ruas. Em momentos de estiagem, parte dessa história ressurge, revelando estruturas encobertas pelo lodo, incluindo os restos de um túmulo.
Para investigar e mapear esses vestígios, o Departamento de operações de mergulho autônomo de resgate (DOMAR), do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, realizou mergulhos no local. De acordo com o Major Lima, antes das buscas, é necessário um planejamento detalhado para garantir a segurança das operações.
Esse tipo de busca exige várias etapas. Avaliamos o manancial e estudamos o tipo de fundo. Por se tratar de uma cidade submersa, há escombros, estruturas, arames e cercas que dificultam o mergulho, além dos riscos naturais da fauna e flora. Fazemos uma análise geral desses perigos para, então, planejarmos e executarmos as buscas com a maior segurança possível
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Desde a retomada das obras do açude em 1932, os moradores de São José de Piranhas sabiam que a vila ficaria submersa. Com isso, a população iniciou, em 1935, a construção de um novo núcleo urbano no Sítio Jatobá, onde a nova cidade foi inaugurada em janeiro de 1937.
"A construção do açude determinou a mudança da vila. O povo sabia que, mesmo com o rebaixamento do reservatório, a cidade ficaria submersa. Então, em 1935, começaram os trabalhos da nova sede, porque era inevitável a transferência", detalhou o historiador Messias Ferreira.
Apesar da nova localização, os primeiros anos da cidade foram marcados por dificuldades econômicas. Segundo Messias Ferreira, muitos comerciantes não se mudaram para a nova vila, e a população precisou reconstruir suas casas com os próprios recursos. O principal sustento da região era a agricultura, com destaque para a cultura do algodão e a criação de gado.
"Durante cerca de 20 anos, a cidade ficou praticamente parada. Todo mundo gastou dinheiro para construir sua casa. Muitos moradores foram embora para Cajazeiras e Sousa", contou o historiador.
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Atualmente, São José de Piranhas tem cerca de 19 mil habitantes e preserva sua história através de patrimônios, como a Paróquia de São José. Algumas relíquias foram resgatadas das ruínas da antiga vila, como a pia batismal, encontrada durante uma estiagem e levada de volta à igreja.
"Certa vez, quando o açude secou, encontrei a igreja destruída, só um amontoado de escombros. Ao cavar, vi um objeto diferente: era a pia batismal. Reunimos algumas pessoas, tiramos os escombros e a trouxemos de volta", relatou Messias Ferreira.
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