MEIO AMBIENTE
Sudema se mobiliza para conter avanço de peixe invasor nos mares da Paraíba
Peixe-leão é nativo do Pacífico e foi introduzido no Atlântico de forma acidental. Tem alto poder de reprodução e não tem predador.
Publicado em 19/12/2024 às 12:06
Autoridades ambientais da Paraíba realizaram um encontro na manhã desta quinta-feira (19) em João Pessoa para discutir estratégias de contenção contra o avanço do peixe-leão no litoral paraibano. Trata-se de uma espécie nativa do Oceano Pacífico, venenosa, que foi introduzida no Atlântico de forma acidental e tem alto potencial de afetar a fauna local.
De acordo com Leandro Silvestre, responsável pela Divisão de Fauna da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) da Paraíba, o peixe-leão é considerado "uma espécie invasora" com alta capacidade de reprodução, que por sua vez não é reconhecida como presa pelas espécies nativas.
Ainda de acordo com ele, isso pode gerar com o tempo um desequilíbrio capaz de provocar prejuízos irreparáveis para os mares da Paraíba e de outros locais do país.
Estamos falando de um animal que vai se reproduzir muito rápido, em grande quantidade, e que não tem nenhum predador.
A espécie foi avistada em mares paraibanos pela primeira vez em 2023 e desde então 16 peixes foram apreendidos. Eles são capturados, mortos e depois destinados a laboratórios de ictiologia, especializados em estudos dos peixes, na Universidade Federal da Paraíba e na Universidade Estadual da Paraíba.
O principal objetivo desse trabalho, ainda de acordo com Leandro Silvestre, é realizar um estudo sobre a maturidade de reprodução desses animais e para avaliar o conteúdo estomacal e saber do que eles estão se alimentando.
O superintendente da Sudema, Marcelo Cavalcanti, pondera no entanto que apenas o trabalho de captura não vai ser suficiente para conter a reprodução desses animais, de forma que outras estratégias precisam ser pensadas.
Isso acontece porque, em pouco mais de um ano, apenas 16 peixes foram apreendidos, mas cada espécie que segue no mar tem um potencial de reprodução num ritmo muito maior.
Já Ivan Occhi, do Clube de Mergulho de João Pessoa, entidade parceira nesse trabalho com a Sudema e com as instituições universitárias da Paraíba, explicou que está havendo um diálogo com pescadores para tentar mapear onde essas espécies estão.
Ele diz que está ocorrendo uma "busca ativa" dessas espécies de peixe e que o trabalho acontece agora num momento em que a invasão ainda está no início.
"A reprodução acelerada dos peixes-leões pode colocar em risco a quantidade de peixes nativos, o que afetaria a pesca artesanal", resumiu.
Sobre a questão do peixe-leão ser venenoso, as autoridades dizem que não se tem registros de mortes por causa disso, mas alertam que o veneno provoca fortes dores em quem for atingido por um dos seus ferrões.
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