Tsunami na PB: mesmo com possibilidade remota, geógrafo explica que é importante ter um plano de prevenção

Saulo Vital, coordenador do Núcleo de Estudos e Ações em Urgências e Desastres, ressalta a importância das cidades terem protocolos para desastres naturais.

Vulcão Cumbre Vieja entra em erupção. Foto: Borja Suarez/Reuters

Um dos questionamentos que a erupção do vulcão Cumbre Vieja, localizado na ilha de La Palma, nas Ilhas Canárias, levantou foi sobre a possibilidade de causar um tsunami capaz de atingir a Paraíba. Apesar da possibilidade ser remota, o geógrafo Saulo Vital ressalta a importância das cidades terem protocolos para desastres naturais. Ele é coordenador do Núcleo de Estudos e Ações em Urgências e Desastres (NEUD), da UFPB.

Não é porque desastres naturais por aqui são raros que não deve haver a preocupação de ter planos de segurança”.

De acordo com o Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias (Involcan), a erupção do vulcão Cumbre Vieja que começou neste domingo (19) deve durar até 84 dias. A atividade sísmica do vulcão no momento é de 4,2 pontos na escala Richter. Para que ocorresse um tsunami que atingiria a costa brasileira, seria preciso uma atividade sísmica muito alta, superior a 8.

Importância de um plano de prevenção

O professor Saulo Vital explica que, mesmo o risco sendo baixíssimo, é um alerta. Ele afirma que a situação é um aviso para que o poder público desenvolva protocolos para prevenção de desastres naturais.

O risco é baixíssimo. Porém, temos que continuar observando a evolução da atividade na região. Não é motivo para total despreocupação, apenas atenção e, talvez, um aviso para começarmos a trabalhar mais com prevenção de desastres e não apenas remediação, como se tem feito costumeiramente no Brasil. Isso não é uma crítica a pessoas ou políticos, mas uma posição científica”.

O coronel Kelson Chaves, da Defesa Civil de João Pessoa, afirmou que a capital paraibana conta com Plano Municipal de Gestão Para Redução de Vulnerabilidades e Desastres. Contudo, a cidade não possui protocolo para desastres de maior projeção, como tsunamis, por exemplo.

“Na verdade, o tsunami é, como poderíamos classificar, um fato novo para o país. Não creio que as cidades nordestinas, que eventualmente possam ser atingidas por esse evento, já contemplam alguma medida específica. Entretanto, todos esses planos obedecem o instituto da flexibilidade e podem perfeitamente sofrer modificações que demandem necessidade”, afirmou o representante da Defesa Civil.

O geógrafo Saulo, por sua vez, disse que o Núcleo de Estudos e Ações em Urgências e Desastres (Neud), da UFPB, está à disposição da gestão pública para orientar planos de prevenção a desastres naturais como tsunamis.

“Sabemos que não é fácil elaborar esses planos, por isso, colocamos nossas pesquisas à disposição para estabelecer essas parcerias”.

Nesta quinta-feira (23), o Núcleo de Estudos e Ações em Urgências e Desastres participa de uma live com o Grupo de Pesquisa em Gerenciamento do de Riscos e Desastres Naturais (Genat). O bate-papo sobre os riscos de tsunami no Brasil acontece às 20h, no canal do Genat, no YouTube.