Trabalhadores soterrados: inspeção aponta equipamento inadequado em obra

Ministério Público do Trabalho abriu um processo administrativo para investigar as condições da obra onde trabalhadores foram soterrados.

Foto: Cerest/Divulgação

Uma inspeção realizada na obra do trecho da BR-230, em Cabedelo, onde dois trabalhadores foram soterrados, apontou que um dos equipamentos utilizados, uma escora metálica, era inadequado. A averiguação, de competência do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), aconteceu nesta quinta (28). A equipe fez uma inspeção no local e, segundo o órgão, não teve como fazer uma análise mais detalhada, pois já havia ocorrido uma alteração da área. No entanto, as imagens do resgate mostraram o uso de uma escora metálica, que não seria a recomendada.

Uma das vítimas do acidente, um homem de 39 anos, morreu na madrugada desta quinta (28), no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa.

O Ministério Público do Trabalho da Paraíba (MPT-PB) abriu um processo administrativo para investigar as condições da obra onde dois trabalhadores foram soterrados, nesta quarta-feira (27), em trecho da BR-230, em Cabedelo. Eduardo Varandas, procurador do MPT-PB, afirmou que ainda não recebeu os laudos da inspeção do Cerest e, portanto, ainda não emitiu posicionamento.

O 1º Grupamento de Engenharia (1º Gpt E) do Exército, que é responsável pela obra junto à uma empresa terceirizada, foi procurado pelo JORNAL DA PARAÍBA, mas ainda não forneceu nenhuma resposta sobre a inspeção realizada nesta quinta (28).

De acordo com o procurador Eduardo Varandas, o Ministério Público do Trabalho, em entrevista ao JPB1, foram determinadas duas auditorias no local. A primeira será realizada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e, caso constate a presença de risco iminente, irá interditar a obra. Outra auditoria será realizada pelo Núcleo Pericial do Ministério Público.

A assessoria do 1º Grupamento de Engenharia enviou uma nota informando que “todas as circunstâncias que envolveram o fato, dentre as quais a utilização de Equipamentos de Proteção Individual, procedimentos ou emprego de materiais, estão sendo apuradas por meio de processo administrativo instaurado no âmbito do 1° Batalhão de Engenharia de Construção, uma vez que a referida Organização Militar foi a contratante da empresa CLN Locações e Serviços Eireli para realizar os trabalhos de drenagem onde houve o acidente na BR-230”.

O acidente

O acidente aconteceu enquanto os homens trabalhavam na obra, em um buraco de cerca de 2,75 metros. Uma parte do aterro cedeu e eles foram soterrados. Uma das vítimas, um trabalhador terceirizado de 39 anos, que morreu nesta quinta, foi completamente soterrada e teve uma parada cardiorrespiratória. Antes de ser conduzido ao hospital, o homem precisou ser reanimado no local pelas equipes de socorro.

A outra vítima, um militar de 20 anos, ficou soterrada até a cintura e teve escoriações leves. Ainda na quarta-feira ele recebeu alta do Hospital de Trauma.