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SAÚDE

Síndrome de Guillain Barré: o que é a doença que deixou o Peru em emergência sanitária

Entenda o que é a doença, como seu tratamento é feito e como surgiu.

Publicado em 10/07/2023 às 14:56


                                        
                                            Síndrome de Guillain Barré: o que é a doença que deixou o Peru em emergência sanitária
Inflamação dos tendões na região do punho e mão é um dos disturbios da DORT. (Foto: Freepik)

O Peru declarou que o país está em nível nacional de emergência sanitária por causa do aumento de casos da Síndrome de Guillain BarréAo todo, foram registrados um total de 182 casos da Síndrome de Guillain-Barré no país - 31 pacientes se encontram hospitalizados e 147 tiveram alta. Quatro mortes ocorreram entre os meses de janeiro, março e maio. O Jornal da Paraíba explica o que é essa síndrome, quais seus sintomas e como o tratamento é feito. 

O que é a Síndrome de Guillain-Barré?

A Síndrome de Guillain Barré, também conhecida como polirradiculoneurite aguda, é um distúrbio autoimune, em que o sistema imunológico ataca parte do sistema nervoso (nervos que conectam o cérebro com outras partes do corpo), sendo uma inflamação das raízes nervosas. A síndrome é considerada uma doença rara e não é de notificação compulsória.

A infectologista Raquel Stucchi, afirma que a SGB, como é abreviada, pode ser provocada por um processo infeccioso anterior, podendo se manifestar fraqueza muscular, com redução ou ausência de reflexos. Outras infecções têm sido associadas à síndrome, sendo a infecção por Campylobacter, que causa diarréia, a mais comum.

Segundo o Ministério da Saúde, a incidência anual de casos da Síndrome de Guillain-Barré, no Brasil, é de 1-4 casos por 100.000 habitantes e o pico é entre 20 e 40 anos de idade, de ambos os sexos.

Quais são os sintomas?

Muitos pacientes percebem, inicialmente, a doença pela sensação de dormência ou queimação nas extremidades dos membros inferiores e, em seguida, superiores. Dores neuropáticas lombares (nervos, medula da coluna ou no cérebro) ou nas pernas podem ser vistas em pelo menos 50% dos casos. 

Os sintomas principais da Síndrome de Guillain Barré são:

  • Fraqueza muscular ascendente: começam nos pés, pernas e coxas;
  • Redução de reflexos.

Raquel Stucchi explica que o quadro pode progredir comprometendo os membros superiores, tronco, braços e face. “Em casos mais sérios pode comprometer a deglutição e a respiração”, alerta.

A SGB pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando uma leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos quatro membros. 

Outros sintomas apresentados na síndrome são:

  • Sonolência;
  • Confusão mental;
  • Coma;
  • Crise epiléptica;
  • Alteração do nível de consciência;
  • Perda de coordenação muscular;
  • Visão dupla;
  • Fraqueza facial;
  • Tremores;
  • Redução ou perda do tono muscular;
  • Dormência, queimação ou coceira nos membros.

O principal risco provocado pela SGB é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios, onde a síndrome pode levar à morte se não forem adotadas as medidas de suporte respiratório.

Com dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 5% a 15% dos casos podem evoluir para óbito, resultante de insuficiência respiratória, pneumonia aspirativa, embolia pulmonar, arritmias cardíacas e sepse hospitalar.

Como o diagnóstico da doença é feito

Diagnóstico Clínico

Como os pacientes de SGB geralmente apresentam alguns dos sintomas citados acima. A progressão dos sinais e sintomas é muito importante e não podem ultrapassar oito semanas e com uma recuperação iniciando de duas a quatro semanas depois da fase se platô da doença. Febre e disfunção sensitiva são achados pouco frequentes, devendo levantar suspeita de uma etiologia alternativa,de causa provavelmente infecciosa.

Diagnóstico Laboratorial

O diagnóstico laboratorial pode ser feito de duas formas de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Síndrome de Guillain Barré. A primeira forma sendo pela Análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), que monitora a elevação da proteína no líquor acompanhada por poucas células mononucleares sendo evidente em até 80% dos pacientes após a segunda semana. Na primeira semana, a proteína no LCR pode ser normal em até 1/3 dos pacientes. 

Já a segunda forma, é pelo diagnóstico eletroneuromiografia (ENMG), que analisa as neuroconduções nervosas e a eletromiografia por agulha utilizadas para confirmar o diagnóstico de SGB e fornecer algumas informações sobre o prognóstico. A ENMG permite classificar as principais formas de apresentação da SGB diferenciando as formas de acometimento desmielinizante das formas axonais do nervo periférico.

Para o diagnóstico da doença, esses procedimentos precisam encontrar alguns critérios que são:

  • Progressão dos sintomas ao longo de 4 semanas;
  • Demonstração de relativa simetria da paresia de membros;
  • Sinais sensitivos leves a moderados;
  • Acometimento de nervos cranianos, especialmente expresso por fraqueza bilateral dos músculos faciais;
  • Dor;
  • Disfunção autonômica;
  • Ausência de febre no início do quadro.

Como o tratamento é feito

O tratamento da Síndrome de Guillain Barré visa acelerar o processo de recuperação, diminuindo as complicações associadas à fase aguda e reduzindo os déficits neurológicos residuais em longo prazo.

A SGB é uma doença rara e não é de notificação compulsória. Segundo o Ministério da Saúde, o país conta com 136 Centros Especializados em Reabilitação, que atendem pacientes com a síndrome pela rede pública de saúde.

Além disso, o SUS dispõe do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Síndrome de Guillain Barré, que prevê entre outros tratamentos, a disponibilidade do medicamento imunoglobulina intravenosa (IgIV) e do procedimento plasmaférese, que é uma técnica de transfusão que permite retirar plasma sanguíneo de um doador ou de um doente. 

O Ministério da Saúde alerta que médico é o profissional responsável por indicar o melhor tratamento para o paciente, conforme cada caso. E que não há necessidade de tratamento de manutenção fora da fase aguda da doença.

De acordo com a infectologista Raquel Stucchi, pacientes que apresentam quadros leves costumam ter uma evolução boa com recuperação total. Mesmo em casos moderados, o tratamento realizado com imunoglobulinas ou plasmaférese tendem a ter uma resposta satisfatória.

Síndrome de Guillain Barré no Brasil

Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Síndrome de Guillain Barré, há escassez de dados sistematizados sobre a SGB, no Brasil. Durante a flavirose pelo vírus Zika, em 2015, houve um aumento de incidência de SGB, e disparou a possibilidade de relação direta entre essas duas condições e estimulou-se melhor coleta de informações epidemiológicas. 

Durante o período do surto epidêmico, de março a agosto de 2015, a incidência geral de SGB e outras manifestações neurológicas foi de 4,4 casos por 100 mil habitantes na Bahia, sendo de 4,2 por 100 mil habitantes em Salvador. 

A incidência de SGB e outras manifestações neurológicas foi de 5,0/100 mil habitantes entre os homens, e de 3,8/100 mil habitantes entre as mulheres, com mediana de idade geral de 44 anos.

Por que a síndrome tem esse nome

Em 1916, os médicos franceses Charles Guillain, Jean Barré e André Strohl descreveram uma nova síndrome encontrada em dois jovens soldados franceses caracterizada por um distúrbio motor, supressão do reflexo do tendão, parestesia com a sensação de distúrbio mental, e mudanças na reação elétrica dos nervos e hipoalbuminemia do líquido cefalorraquidiano com ausência de reação citológica.

Os médicos pensaram que a síndrome surgiu devido ao envolvimento das raízes e nervos espinhais, provavelmente de natureza infecciosa ou tóxica. O tratamento consistia em repouso, massagem e injeções de estricnina. Ambos os pacientes se recuperaram após alguns meses.

Tempo depois, Guillain se tornou professor de Neurologia no Hospital Salpêtrière em Paris. Barré foi professor de Neurologia em Estrasburgo. O nome de Strohl foi esquecido, provavelmente por sua pouca idade e sua participação se limitou à eletrofisiologia.

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Jornal da Paraíba

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