Mulheres se reinventam para conciliar carreira com vida familiar

Conheça histórias de mulheres que deram a volta por cima, reviram conceitos e encontraram uma maneira de viver as delícias da profissão e criação dos filhos. 

Em momento de recessão econômica, elas conseguem se reinventar. Buscam um jeito de ganhar dinheiro, seja partindo para o empreendedorismo ou aproveitando o tempo fora do mercado para fazer cursos de capacitação e melhorar o currículo. São mulheres que enfrentam o período de retração econômica de ‘peito aberto’, driblando as dificuldades e os muitos preconceitos em busca da igualdade de direitos. São histórias de mulheres que servem de inspiração para tantas outras. 

Uma dessas histórias tem como protagonista a empresária Nicolle Nery, formada em Administração e Enfermagem. Nicolle trabalhava para uma empresa multinacional em Belo Horizonte. No ano de 2010 foi transferida para João Pessoa com a missão de ampliar os negócios da empresa. Quatro meses depois, antes mesmo dela se adaptar à capital paraibana, descobriu que estava grávida. Um descolamento de placenta a fez ficar de repouso por seis meses, conforme recomendação médica. Nesse momento veio a notícia da demissão.

Para Nicolle, foram dias de angústia. “Fiquei desesperada. Eu estava em uma cidade nova, onde não conhecia quase ninguém, estava grávida e sem emprego”, contou. A empresa pagou as verbas indenizatórias devidas, inclusive com a multa devida pela demissão ter ocorrido enquanto Nicolle estava grávida, mas nem isso a deixou completamente tranquila.

Quando o bebê nasceu, Nicolle decidiu voltar ao mercado de trabalho. Na busca por uma nova oportunidade, se deparou com a dificuldade de encontrar um berçário seguro para deixar o primogênito Arthur. E assim nasceu o Baby’s Cool. Abrir o próprio negócio para Nicolle representou uma felicidade dupla: trabalhar para si mesma e ter o filho sempre por perto. “Se eu voltasse a trabalhar de carteira assinada para os outros, perderia muitos momentos com meu filho”, declarou.

Ao mesmo tempo que comemorava o sucesso do berçário, que logo se tornou referência em João Pessoa, Nicolle respirava sossegada por saber que o filho estava sendo bem cuidado. Apesar das vantagens, a empresária destacou que nem tudo são flores para quem tem o próprio negócio. “Quem trabalha para si mesmo costuma se cobrar muito para as coisas darem certo. Muitas vezes você acaba trabalhando muito mais”, explicou.

Pausa para realizar sonhos
Mesmo em tempos de recessão, há mulheres que optam por ‘dar uma pausa’ na carreira, realizar sonhos pessoais para em seguida voltar ao mercado – melhor que antes, diga-se de passagem. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Paraíba tinha, no ano de 2014, 759 mil mulheres ocupadas, o que corresponde a 42,2% do total de pessoas com algum tipo de ocupação no Estado.

Trabalhando há dez anos em uma empresa privada de João Pessoa, a publicitária Camilla Coriolano, que tem inglês fluente e pós-graduação em marketing avançado, pediu demissão para viver o sonho da maternidade. Não que fosse impossível fazer as duas coisas, como tantas outras mulheres fazem, mas Camilla queria aproveitar o máximo da gravidez quando isso acontecesse. Ela contou que não foi fácil pedir demissão da empresa na qual trabalhava e construiu boas relações pessoais.

No final de 2014, entrou na sala do chefe e pediu para sair. Os planos da publicitária eram de que, caso não engravidasse logo, aproveitaria o que seria o seu ano sabático, aquele que muitos chamam de ‘férias de gente fina’. Um mês após sair da empresa, veio a confirmação da gravidez. “A partir daí começou meu novo ano de fato. Foi o melhor ano da minha vida. Cuidei de mim e curti minha gestação de maneira incrível”, declarou. Nesse período, Camilla se formou em inglês e fez a viagem dos sonhos com uma amiga para os Estados Unidos, onde comprou o enxoval do bebê (Pedro) que estava a caminho.

Ela disse que todas as decisões tomadas foram discutidas com o marido, que a apoiou em tudo. “Se é fácil essa dedicação exclusiva? Nada fácil. Sofri as dores que todas as mães de primeira viagem sofrem, exceto a dor da separação, da volta ao trabalho”, pontuou. E completou: “Sei que esse é um privilégio que poucas pessoas têm. Não me arrependo da minha escolha. Quero muito voltar ao trabalho, mas não tenho pressa”, frisou Camilla. O bebê dela completa sete meses amanhã.

Um dos medos de Camila, por hora, são as consequências de ficar muito tempo fora do mercado, mesmo com boas perspectivas. Inclusive, ela já recebeu propostas nesse tempo que está afastada. “Meu maior medo era ser esquecida pelo mercado, mas graças a Deus, algumas oportunidades já surgiram. Sei que quando for a hora vou voltar. Não quero abdicar da minha carreira, mas sem pressa. Na hora certa eu sei que as portas vão se abrir”, relatou.