Pesquisa da UEPB pode ajudar na melhora de pessoas com lesão medular

Estimulador Magnético Transcraniano ajuda a estimular os movimentos de pacientes.

Uma pesquisa desenvolvida no Departamento de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) vem tendo como missão contribuir para a melhoria motora de pessoas que sofrem com lesão medular. A técnica, ainda recente na comunidade científica e pouco aplicada nas unidades de saúde do país, utiliza um equipamento chamado de Estimulador Magnético Transcraniano para estimular os movimentos de pessoas que sofreram algum trauma medular.

Dependendo da frequência utilizada no equipamento, os estímulos aplicados podem aumentar ou diminuir a atividade da área cerebral atingida e, assim, pode-se equilibrar o funcionamento neuronal cortical e medular de acordo com o problema apresentado.

Sob o título “Estimulação Magnética Transcraniana em Pacientes com Lesão Medular” a pesquisa, coordenada pelas professoras Valéria Ribeiro Nogueira Barbosa e Gilma Serra Galdino, teve origem com a aluna Amanda Vitória Lacerda de Araújo, após ela estudar os mecanismos de ação da Estimulação Magnética Transcraniana.

A aluna também analisou as conexões cerebrais e medulares que poderiam ser estimuladas para promoção de melhora motora após a lesão medular incompleta e apresentou a ideia para as professoras, que observaram o potencial da pesquisa.

Os estudos foram iniciados com pacientes da Clínica Escola de Fisioterapia da UEPB. “Ficou evidente que o controle motor dos pacientes foi bem positivo. É tanto que essa aluna conseguiu um mestrado na Universidade de São Paulo (USP) por causa dos resultados que obteve”, destacou a pesquisadora Valéria Ribeiro.

Por verem na pesquisa uma importante ferramenta de promoção da reabilitação motora e meio imprescindível para o crescimento do conhecimento científico, as professoras resolveram manter a pesquisa. Conforme elas, o trabalho pode representar o início de uma nova ferramenta de reabilitação para pessoas com lesão medular.

Facilidade

Caio Henrique Oliveira Pinto Brandão, aluno do 9º período, fez parte da primeira equipe e hoje é um dos responsáveis pelo andamento dos trabalhos. Ele explica que quando se estimula o cérebro, a execução do movimento fica mais fácil.

Clinicamente, o paciente com lesão medular apresenta perda de função motora e da capacidade de executar determinados movimentos. A motricidade voluntária é reduzida. Associada a essa perda vem uma série de sintomas com reflexos das lesões causadas por traumas patológicos, como acidentes de carro, motos, armas de fogo ou armas brancas, bem como o fator hereditário.

“Essas aplicações com EMT vão repercutir nas fibras da medula. Ou seja, a gente vai aumentar o estímulo, o que proporciona uma melhor facilidade para o cérebro desempenhar algumas funções”, explica Caio.

Devido ao sucesso da pesquisa, a professora Valéria diz que a utilização do equipamento representa uma revolução dentro da neuromodulação. Como se trata de uma pesquisa, o número de sessões, o tempo e parâmetros de estimulação são estabelecidos para todos os pacientes, não havendo, assim, diferença entre um paciente e outro.

Os pacientes são assistidos dentro de um prazo limitado estabelecido na pesquisa. Mesmo o tempo sendo curto, os pacientes relatam evolução clínica perceptível. “Verificamos que os pacientes que passaram pela pesquisa obtiveram melhoras significativas, evidenciadas por exames”, frisa Caio Brandão.

Aparelho

Em todo o Nordeste, apenas três instituições dispõem do aparelho. Além da UEPB, utilizam o equipamento no atendimento com Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva (EMTr) para tratamento da dor crônica o Instituto de Neurologia e Neurocirurgia Paraíba – INNPAR, sediado em João Pessoa, e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).