UTIs Covid de quatro hospitais da Grande JP têm ocupação acima de 70%, diz CRM

Também foi identificada a falta de exames nas UPAS e alertam para ‘segunda onda’.

Foto: divulgação/CRM-PB
UTIs Covid de quatro hospitais da Grande JP têm ocupação acima de 70%, diz CRM
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Quatro dos cinco hospitais da Grande João Pessoa estão com capacidade acima de 70% de ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19, constatou o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) após levantamento feito entre os dias 10 e 13 de novembro.

A situação mais grave foi observada no Hospital Universitário Lauro Wanderley, que está com 100% da capacidade ocupada por pacientes. O Complexo Hospitalar Clementino Fraga e o Hospital da Unimed estão com 80% ocupados e o Hospital Metropolitano com 70%. O único em melhor situação é o Hospital Santa Isabel, que estava com a ocupação da UTI com 23%.

Neste final de semana, equipes do CRM-PB estiveram também nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de João Pessoa – Oceania, Cruz das armas, Bancários e Valentina – e constatou que estão faltando testes para diagnóstico da Covid-19, o que pode gerar uma subnotificação da doença.

“Além de observarmos uma grande ocupação dos leitos de enfermaria e UTIs destes quatro hospitais, constatamos também que aumentou o número de atendimentos nas UPAs de João Pessoa e diminuiu o número de testes diagnósticos, o que leva a uma subnotificação da doença. Vimos que nas UPAs houve um aumentou do número de pacientes com síndromes gripais, mas muitos estão voltando para casa sem fazer o exame para Covid”, afirmou o presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais.

O presidente do CRM-PB ainda acrescentou que, conforme foi observado pelas equipes do Conselho, há pacientes com sintomatologia viral que estão sendo internados em hospitais de retaguarda, sem nenhuma confirmação de Covid-19 e sem estarem isolados dos pacientes com outras doenças. “A Regulação Municipal vem dificultando as internações de pacientes que não possuem Covid. Estamos diante de uma situação muito preocupante”, disse Roberto Magliano.

Aumento de 130%

Enquanto isso, dados do Hospital da Unimed, o com o maior número de leitos e atendimentos Covid da rede privada de João Pessoa, mostram que a unidade de saúde está atendendo, nas últimas semanas, uma quantidade de pacientes semelhante ao período do pico da doença, em junho deste ano. No último mês, houve um aumento de mais de 130% no número de pacientes atendidos semanalmente no hospital com síndrome gripal. Ou seja, na semana entre 10 e 16 de outubro, foram atendidos 50 pacientes. Já na última semana (entre 7 a 13 de novembro), o hospital atendeu 118 pacientes.

“Dessa forma, podemos já estar enfrentando uma segunda onda da Covid em João Pessoa. É preciso cautela, cuidado e, principalmente, prevenção. O vírus continua circulando em nossa cidade e estado e é necessário que a população, profissionais de saúde e autoridades tenham consciência deste problema. O CRM-PB está preocupado, vigilante e disponível para ajudar no que for necessário”, completou Roberto Magliano.

Segunda onda

Na última quinta-feira (12), o CRM-PB publicou uma nota de alerta sobre o crescimento no número de casos de Covid-19 no estado. A autarquia já estava preocupada com uma “segunda onda” da doença, principalmente, pelo desrespeito às normas sanitárias e às recomendações de distanciamento social.

Na tarde deste mesmo dia, o presidente do CRM-PB, Roberto Magliano, conselheiros e a presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia da Paraíba, Maria Enedina Scuarcialupi, reuniram-se com promotores do Ministério Público Federal, do Ministério Público Estadual e do Ministério Público do Trabalho para discutir o crescimento do número de casos de Covid-19, o aumento na ocupação de leitos no estado e as medidas preventivas que devem ser tomadas.

Conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), mais de 138 mil paraibanos já contraíram a Covid-19 e mais de 3,2 mil faleceram. Dentre os médicos, mais de 900 já foram infectados pelo novo coronavírus e 13 foram a óbito.

Principais pontos observados nas UPAs de João Pessoa:

– Os testes rápidos para Covid-19 estão escassos
– Os pacientes com pouca ou média sintomatologia estão sendo orientados a retornarem às suas casas sem realizarem o teste para Covid-19
– Pacientes com sintomatologia viral estão sendo encaminhados para internação em hospitais de retaguarda, sem confirmação de Covid e sem serem isolados dos pacientes com outras doenças
– Pacientes com pouca sintomatologia são orientados a procurar Unidades Básicas de Saúde para agendar o exame, que normalmente necessita de um prazo igual ou superior a 7 dias

Dados de ocupação dos leitos de UTI dos principais hospitais da Grande João Pessoa (entre os dias 10 e 13 de novembro):

– Complexo Hospitalar Clementino Fraga – 80% – (10 leitos – 8 ocupados)
– Hospital Metropolitano – 70% – (20 leitos – 14 ocupados)
– Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) – 100% – (6 leitos – 6 ocupados)
– Hospital da Unimed – 80% – (20 leitos – 16 ocupados)
– Hospital Santa Isabel – 23% – (35 leitos – 8 ocupados)

Respostas

A assessoria do Hospital Universitário informou que, nesta segunda-feira (16), dos 6 leitos disponíveis na unidade, três estão ocupados agora e mais uma internação deve acontecer ainda hoje.

Já a assessoria da Secretaria de Estado da Saúde (SES) disse que Hospital Clementino Fraga atualmente está com 100% das UTIs para covid-19 e 50% das enfermarias ocupadas. Já no Hospital Metropolitano, segundo o governo, as UTIs para covid-19 estão com ocupação de 70% e as enfermarias em 54,8%.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela administração das UPAs e aguarda retorno.