POLÍTICA
1726 mortos em 24 horas! Logo serão 2000?
Publicado em 03/03/2021 às 7:11 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53
Quando a Itália tinha 400, 500 mortos por dia pela Covid, o número nos parecia assustador.
Logo chegamos e ultrapassamos.
Isso foi em 2020.
Um ano se passou desde que a pandemia do novo coronavírus chegou por aqui, e, nesta terça-feira (02), o Brasil atingiu um número que já foi improvável: 1726 mortos em 24 horas.
Fomos jogados dentro de um abismo, a vacinação anda lentamente, e o governo brasileiro pouco faz.
Para mim, a palavra "sabotador" sempre esteve associada a um filme. Essas coisas que a gente guarda na memória afetiva.
Sabotador é um filme maravilhoso que Hitchcock fez em 1942. Vi algumas vezes nas sessões da madrugada da TV aberta.
Nunca imaginei que "sabotador" serviria a um presidente da República.
Nos últimos tempos, é o que tenho visto com certa frequência na imprensa brasileira.
O presidente sabota isso, o presidente sabota aquilo, o presidente é um sabotador - dizem entrevistados, escrevem articulistas quando se referem ao comportamento de Bolsonaro diante das ações de combate da pandemia.
Isso é normal?
Não deveria, mas passou a ser.
Nada atinge o presidente em seu caminho absolutamente incomum para um presidente da República.
Milhares hospitalizados, milhares morrendo, e Bolsonaro indo pra galera, de peito aberto, feliz e sem máscara.
Intencionalmente na contramão. Por método.
E sob o aplauso dos devotos que se manifestam nas redes sociais e nas aglomerações que provoca em suas aparições públicas.
Às vésperas da eleição de 2018, num café, ouvi de um eleitor de Bolsonaro que era necessário matar uns 30 mil no primeiro ano de governo. Talvez mais 30 mil no segundo.
Ouvi incrédulo o que parecia tão natural a quem defendia a tese.
Hoje, já são mais de 250 mil, por outra via, é claro.
É isso mesmo?
Sim. É isso mesmo!
E ninguém sabe como deter Bolsonaro em sua marcha insana!
Eu sei, nós sabemos que não foi o presidente que inventou a pandemia.
Mas eu também sei, nós sabemos o que ele fez e o que ele deixou de fazer, qual a sua contribuição para chegarmos ao ponto em que chegamos.
E tudo era tão óbvio, tão previsível aos que ouviram as vozes do bom senso.
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