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POLÍTICA

260 mil pessoas voltarão à miséria na PB sem o Bolsa Família

'Tesourada' de R$ 10 bi no programa, proposta por relator do Orçamento, atingirá mais de 570 mil paraibanos.  Dados são do Ministério do Desenvolvimento Social.

Publicado em 10/11/2015 às 7:30

O almoço de ontem na casa de Lindicléa Nascimento foi macarrão, feijão e frango. Dia de fartura, conforme contou ao JORNAL DA PARAÍBA. Moradora da comunidade do S, em João Pessoa, mãe de três filhos, Lindicléa depende diretamente do programa Bolsa Família, do governo federal, para garantir o sustento da casa e colocar alimento na mesa, embora nem sempre isso seja possível. Enquanto em Brasília se discute a possibilidade de corte de R$ 10 bilhões no orçamento do próximo ano previstos para o programa, Lindicléa se entristece ao cogitar perder os R$ 310 que hoje representam sua principal renda.

Se aprovado o corte, a família não só deixa de receber o dinheiro, como retorna à condição de miserável, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Na Paraíba, seriam mais de 88 mil famílias entrando na condição de pobreza extrema, onde a sobrevivência é sempre uma incerteza e a insegurança alimentar é uma constante. Em número de beneficiários, o corte no Bolsa Família atingiria diretamente 573.955 pessoas na Paraíba (34% do total que hoje é atendida pelo programa), sendo 107 mil crianças e adolescentes, segundo o MDS.

A proposta de corte veio do deputado Ricardo Barros (PP-RR), relator do projeto de orçamento de 2016. Para o próximo ano estão previstos R$ 28,8 bilhões para o Bolsa Família. O levantamento do MDS leva em conta a saída de pessoas com renda maior do programa de transferência de renda, que paga R$ 167,00 em média às famílias beneficiárias. O Ministério do Desenvolvimento Social levantou as consequências dos cortes em todas as unidades da federação e divulgou como forma de pressionar deputados federais e senadores nos seus estados de origem, para que eles votem contra a emenda.

DIFICULDADES


E tem dado resultado. A 'tesourada' deixa famílias como a de Lindicléa apreensivas. A situação que hoje é preocupante, pode piorar. “Não é todo dia que consigo comprar mistura (carne ou frango) para o almoço. Tem dia que é só arroz e feijão. Às vezes feijão e farinha. Se eu perder o Bolsa Família, não terei o que comer. Não quero nem pensar nisso”, comentou a dona de casa. Para complementar a renda, ela se arrisca na reciclagem. Quando tem sorte, consegue R$ 200,00 por mês.

Na casa de Lindicléa, a precariedade está em tudo. O armário fica vazio na maior parte do mês. Do total que recebe do Bolsa Família, R$ 200,00 ela faz a feira, que inclui quatro quilos de feijão, cinco de arroz, seis fubás e algumas latas de sardinha. O biscoito recheado que as crianças tanto pedem, a mãe não pode comprar. “Ainda tenho que reservar dinheiro para pagar o gás, a água e a luz. É uma vida muito sofrida, você nem imagina”, contou a dona de casa.

O possível corte no Bolsa Família é duramente criticado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano do Estado, Aparecida Ramos. “Acho muito difícil ser aprovado. O corte de programas sociais só agrava a situação de tantas famílias que encontram no Bolsa Família um complemento da renda”, destaca. Segundo ela, o possível corte atinge diretamente as pessoas mais frágeis da sociedade, que vivem em condições de vulnerabilidade, como Lindicléa.

A secretária também não poupou críticas a quem relaciona o Bolsa Família ao comodismo. “Dizer que uma pessoa atendida pelo programa não quer trabalhar ou quer fazer mais filhos não corresponde a verdade. Essas declarações não se sustentam diante dos dados oficiais. Ninguém vive só com o dinheiro do Bolsa Família, o programa é um complemento. Quem o recebe geralmente faz algum 'bico' para garantir o sustento da família. É uma crítica perversa”, afirma Aparecida.

Tem direito ao benefício famílias com renda até R$ 154,00 mensais per capita. São consideradas extremamente pobres as famílias com renda per capita até R$ 77,00 mensais. Os valores correspondem aos parâmetros da ONU.

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Jornal da Paraíba

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