POLÍTICA
Agra acusa partido de tramar contra reeleição
Em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA, Luciano Agra fala sobre sua saída do PSB e sobre o relacionamento com Ricardo Coutinho.
Publicado em 02/09/2012 às 8:53
O prefeito Luciano Agra revelou que foi vítima de uma trama do seu ex-partido, o PSB, para desistir da reeleição. “A rejeição interna ao meu nome pela direção partidária era astuciosa, criando um ambiente que me levou à desistência da pré-candidatura através de carta aberta, uma única vez”. Ele falou pela primeira vez sobre os acontecimentos que envolveram a sua saída do PSB, após perder a disputa interna para Estelizabel Bezerra. “Com a minha saída do partido, começou um intenso ataque, tanto interna quanto externamente na tentativa de desqualificar-me”.
Amigo de longas datas do governador Ricardo Coutinho, Agra considera difícil uma reconciliação. “Depois de tanto desgaste, fica difícil uma reconciliação”, afirma o prefeito em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA. Indagado sobre como anda a parceria com o governo, ele disse que na prática está sendo desfavorável ao município de João Pessoa.
Na entrevista, ele encarou temas polêmicos como o caso Cuiá, Jampa Digital, a falta de médicos nos PSFs, dentre outros.
Atualmente sem partido, Agra disse ter recebido vários convites, mas avisou que só tomará uma definição após as eleições. “A minha opção virá no tempo certo”, destacou.
Luciano Agra disse que o seu sucessor vai encontrar a prefeitura equilibrada econômica e financeiramente. Ele ainda não definiu o que pretende fazer após concluir o seu mandato. “Vou descansar um pouco e depois retomar o trabalho com a dedicação de sempre. Talvez cursar um doutorado”, afirmou o prefeito.
JORNAL DA PARAÍBA - Prefeito, o senhor tinha mesmo planos de disputar a reeleição?
ENTREVISTADO - Sim. Após a ascensão acentuada de aceitação do governo municipal pela população da cidade, principalmente a partir de setembro de 2011, coincidindo com a afirmação da autonomia da Prefeitura em relação ao Governo do Estado.
JP - O PSB tinha compromisso de apoiar o seu nome ou desde o começo a opção era mesmo por Estelizabel?
ENTREVISTADO - Até dezembro de 2011 era público e notório. A rejeição interna ao meu nome pela direção partidária era astuciosa, criando um ambiente que me levou à desistência da pré-candidatura através de carta aberta, uma única vez. Depois de perceber que a direção do partido rumava contra a vontade popular, resolvi novamente colocar meu nome no processo e o resultado dessa pretensão foi uma reação descabida, injusta e politicamente incorreta. Com a minha saída do partido, começou um intenso ataque tanto interna quanto externamente na tentativa de desqualificar-me.
JP - Agora que a campanha está nas ruas, como o senhor se sente vendo que está fora da disputa?
ENTREVISTADO - Em paz e tranquilo com o caminho que eu desenhei pra mim. Ajudei a construir uma aliança forte de partidos visando a eleição do deputado Luciano Cartaxo e Nonato Bandeira, estamos na luta movidos pelo acolhimento popular.
JP - O senhor acha que fez a escolha certa em apoiar a candidatura de Luciano Cartaxo?
ENTREVISTADO - Nós já vínhamos construindo uma aliança em torno da minha pré-candidatura. O Partido dos Trabalhadores é a fonte de todas as políticas públicas que nós executamos, com nomes variados, com adaptações locais. A questão da afinidade ideológica é incontestável. Além disso, eu sempre discordei do método de escolha da pré-candidatura do PSB.
JP - É verdade que outros candidatos também buscaram o seu apoio?
ENTREVISTADO - Sim, de forma velada.
JP - Como está hoje a parceria da Prefeitura de João Pessoa com o Governo do Estado?
ENTREVISTADO - Na prática, desfavorável ao município da capital.
JP - Nas pesquisas divulgadas até agora a candidata do PSB aparece sempre atrás dos principais concorrentes. A que o senhor atribui esse desempenho?
ENTREVISTADO - À combinação de diversos fatores, o apoio do Governo do Estado com a popularidade em baixa, o processo de minha exclusão e, é claro uma concorrência de candidaturas muito fortes.
JP - A amizade sua com o governador Ricardo, de muitos anos, acabou de vez ou ainda há chances de uma reconciliação?
ENTREVISTADO - Depois de tanto desgaste, fica difícil uma reconciliação.
JP - O senhor atualmente está sem partido. Quando que o senhor definirá a sua nova opção política?
ENTREVISTADO - A minha opção virá no tempo certo. Os convites estão chegando, gostaria de me posicionar após as eleições 2012, a não ser que ocorra algo excepcional.
JP - Os candidatos que disputam a Prefeitura prometem resolver de vez o problema da falta de médicos nos PSFs. Como o senhor analisa esta e outras propostas apresentadas no guia eleitoral para resolver os problemas da cidade de João Pessoa?
ENTREVISTADO - João Pessoa se encontra numa situação bem melhor que outras capitais. Trata-se de um problema conjuntural que envolve a formação do médico, a dicotomia poder público e iniciativa privada, segurança pública, principalmente nas áreas mais carentes e outros condicionantes. Quanto às propostas dos adversários, avalio que são reducionistas e desvinculadas do cotidiano do acolhimento de pessoas para assistência nos três níveis de atendimento básico, intermediário e de referência hospitalar.
JP - Como o senhor vê as denúncias da oposição envolvendo a gestão da Prefeitura de João Pessoa, como o caso Cuiá, Jampa Digital, entre outros?
ENTREVISTADO - Com absoluta tranquilidade quanto à lisura dos meus atos. Os dois projetos, inclusive, estão em processo de implantação, o Parque do Cuiá, as obras já começaram; e Jampa Digital será concluído em setembro.
JP - Como é que o seu sucessor vai encontrar a Prefeitura de João Pessoa?
ENTREVISTADO - Equilibrada econômica e financeiramente, reestruturada para os novos desafios para o futuro. Modernizamos as unidades da Previdência, Mobilidade e Emlur. Na Administração direta, destaque para as secretarias das Finanças, Receita, Administração e Planejamento. Novo desenho organizacional do controle social. O CAM de Água Fria ampliado e revitalizado.
JP - A experiência de administrar uma cidade do porte de João Pessoa foi positiva? O que mudou na sua vida?
ENTREVISTADO - Muito produtiva, superamos a primeira fase do mandato em áreas estratégicas: a Educação subiu 20 lugares no ranking paraibano do Ideb e aumentamos a média em 25%; habitação: 6.921 casas e a regularização fundiária de 3.205 unidades, até dezembro de 2012, fora as casas do PAC I e das ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social); empreendedorismo: superamos o período que vai de junho de 2005 a março de 2010, elevamos o valor de 12,5 milhões de microcrédito de 7.374 empreendedores para 44,5 milhões beneficiando 20.476 pequenos empreendedores; infraestrutura urbana: pavimentação de 400 ruas, além das obras de drenagem; valorização do servidor municipal, sustentabilidade. A agenda ambiental e serviços que jamais foram oferecidos à população, como a implantação do serviço de hemodiálise e ensino em tempo integral. A expansão das redes de serviços públicos, além da ampliação, reforma e revitalização dos espaços, como também dos planos estruturantes para os próximos 20 anos.
JP - A Prefeitura está distante do pleito, ou seja, a máquina não será usada em favor dos candidatos?
ENTREVISTADO - Existe um limite muito tênue, muito delicado entre vedação e a manifestação, que é democrática. Usar a máquina, nem pensar.
JP - A Câmara Municipal tem sido parceira da Prefeitura?
ENTREVISTADO - Tem sim. Eu agradeço muito à Câmara por ter nos ajudado durante todo esse período que estou à frente da Prefeitura de João Pessoa, principalmente ao presidente da Casa, o vereador Durval Ferreira e a todos os membros da Mesa Diretora.
JP - E a oposição, está sabendo exercer o seu papel ou às vezes ela tem sido injusta com o senhor?
ENTREVISTADO - Eu acho que a oposição está muito tímida. Eu diria que está defasada no tempo.
JP - Quais os seus planos para o futuro?
ENTREVISTADO - Cresci, aprendi e ensinei muito. Descansar um pouco e depois retomar o trabalho com a dedicação de sempre, talvez cursar um Doutorado.
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