Após Copa, setor aéreo já planeja Olimpíadas

Os estrangeiros que visitaram o Brasil para assistir aos jogos da Copa do Mundo não tiveram muito do que reclamar dos nossos aeroportos. Tudo saiu conforme o planejado pelas autoridades brasileiras, conforme explica Nelson Negreiros, secretário de Aeroportos, da Secretaria da Aviação Civil da Presidência da República, em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA. “Eu não tinha a menor dúvida que teríamos sucesso pelo planejamento que fizemos ao longo dos últimos anos”, afirma. Ele destacou que o planejamento teve início em 2011, quando a Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias decidiu criar o Comitê de Operações Especiais. “Nós fizemos um total de 43 reuniões durante esses últimos três anos e o resultado foi a publicação do manual de planejamento no mês de maio de 2014, para todo o setor. Todos eles concordaram e sabiam exatamente o que fazer”.

JORNAL DA PARAÍBA - Quais foram os resultados gerais do setor aéreo durante a Copa do Mundo?

NELSON NEGREIROS - Tudo foi planejado e executado dentro da normalidade. Nossos aeroportos foram bem avaliados, inclusive pelos estrangeiros que utilizaram a nossa infraestrutura aeroportuária. Eu não tinha a menor dúvida que teríamos sucesso pelo planejamento que fizemos ao longo dos últimos anos.

JP - Como foi planejada a operação do setor aéreo?

NELSON NEGREIROS - Estamos organizando a operação Copa desde 2011, quando a Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias decidiu criar o Comitê de Operações Especiais para começar a construir o planejamento em conjunto com todos os órgãos públicos que prestam serviços dentro dos aeroportos. Nós fizemos um total de 43 reuniões durante esses últimos 3 anos e o resultado foi a publicação do manual de planejamento no mês de maio de 2014, para todo o setor. Todos eles concordaram e sabiam exatamente o que fazer.

JP - Quais os assuntos tratados nesse planejamento, secretário?

NELSON NEGREIROS - Nesse planejamento, nós tratamos diversos assuntos relacionados ao setor aéreo. Dentre eles, o mapeamento dos fluxos onde as delegações de futebol desembarcaram, a organização do meio-fio para a chegada do transporte público, a organização da posição de pátios para as aeronaves, a realização de simulações em todos os aeroportos envolvidos com a Copa, enfim, fizemos tudo para proporcionar aos passageiros um bem-estar durante a experiência de estar no aeroporto.

JP - Qual foi a abrangência desse planejamento?

NELSON NEGREIROS - Nós planejamos a Copa para 90 aeroportos. Foram mais de 17 milhões de passageiros transportados, o que representa 13% a mais de passageiros no mesmo período do ano passado. Só Guarulhos operou mais de 4 milhões de passageiros e teve, num dia de pico, mais de mil movimentos de pousos e decolagens. Isso mostra que bem planejados, conseguimos operar de forma eficiente em períodos de alta demanda.

JP - E a operação aérea, secretário, nós ouvíamos muito a frase "imagina na Copa" para os aeroportos...

NELSON NEGREIROS - Eu brinco que nós sofremos bulling durante o período que antecedeu a Copa. Mesmo com todas as críticas, nós continuamos trabalhando e planejando, e os resultados foram visíveis. Tivemos 76% de aprovação dos estrangeiros com relação aos aeroportos. Muitos pegaram mais de 20 voos e não tiveram atrasos durante o deslocamento, o que mostra que estávamos bem preparados.

JP - Os atrasos nas operações foram bem reduzidos. Quais os motivos, secretário?

NELSON NEGREIROS - Se você observar, tivemos um percentual de 6,9% de voos atrasados. Consideramos um voo atrasado quando a partida não se realiza até 30 minutos depois do horário do voo registrado na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Considerando que transportamos mais de 17 milhões de passageiros, este número ficou abaixo, inclusive, dos níveis europeus de atraso. Só o movimento de Guarulhos foi 4 vezes maior que o movimento dos três maiores aeroportos da África do Sul durante a Copa de 2010.

JP - Foi bom o senhor falar nesse ponto, secretário, na Copa da África do Sul, houve problemas no estacionamento das aeronaves na semifinal, principalmente, com torcedores perdendo o jogo porque não conseguiam sair do aeroporto. No entanto, no Galeão e no Santos Dumont, tudo ocorreu tranquilamente

NELSON NEGREIROS - Nós operamos sem nenhum incidente na final da Copa, foram mais de 270 aeronaves estacionadas ao mesmo tempo nesse dia, que foi o de maior movimento desse tipo de aviação. Para você ter uma ideia, tínhamos 4 bilhões de dólares em aeronaves na final da Copa, apenas no pátio do Galeão. E da mesma forma que as aeronaves chegaram, elas saíram com tranquilidade absoluta. Não há como não elogiar o trabalho da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) e do Decea (Departamento de Controle de Tráfego Aéreo) que participaram ativamente da operação, e da vigilância da Anac que evitou possíveis abusos que ocorreram na África do Sul.

JP - Os resultados foram positivos, então?

NELSON NEGREIROS - Sim, e agora nosso grande desafio é manter este estado de excelência nos aeroportos brasileiros. Tudo resultado de um planejamento benfeito que proporcionou índices de atraso muito pequenos. É claro que havia reforços de recursos humanos tanto dos órgãos públicos como do setor privado porque todos estavam imbuídos em cumprir o nosso planejamento. Além disso, o investimento na ampliação de infraestrutura pública foi em massa nos últimos anos e as concessões já estão nos entregando amplos e modernos terminais de passageiros. Mas isso é um ponto de reflexão que vamos levar adiante dentro do governo. Provamos que é possível atender bem os passageiros nacionais e estrangeiros e queremos manter esse padrão de excelência.

JP - O próximo desafio são os Jogos Olímpicos?

NELSON NEGREIROS - Isso. Nós já iniciamos o planejamento para as Olimpíadas com base em todo o planejamento que foi feito para os eventos anteriores. Mas há sempre novas especificidades que precisam ser levadas em conta e nós estamos trabalhando nisso agora. Já iniciamos as reuniões preparatórias com a APO e o Comitê Rio2016, além de todos os entes públicos e privados envolvidos, para repetir o sucesso da Copa. Eu não tenho dúvida que tudo será feito de forma eficiente para proporcionar uma experiência melhor ainda aos passageiros que irão circular nos aeroportos nacionais durante as Olimpíadas.