POLÍTICA
Bolsonaro diz que quem 'não respeita família não merece ser governo'
Em discurso de 9 minutos, Bolsonaro disse que filha tem 'sangue de cabra da peste'.
Publicado em 11/11/2019 às 10:41 | Atualizado em 11/11/2019 às 17:08
Com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PSL), aconteceu nesta segunda-feira (11) a solenidade de entrega das 4,1 mil unidades habitacionais do Complexo Aluízio Campos, em Campina Grande. As famílias contempladas com os imóveis recebem as chaves ainda nesta segunda-feira, mas algumas delas foram chamadas para a entrega ser feita no palanque, pelas mãos das autoridades, incluindo o próprio Bolsonaro, que posou para fotos com os beneficiários. O presidente chegou no local por volta das 10h e antes da solenidade, visitou algumas casas do Complexo.
Em um discurso de cerca de 9 minutos, Bolsonaro destacou que sua filha tem “sangue de cabra da peste”, que “jamais esperava sequer ser governador”, lembrou o episódio da facada que sofreu durante a campanha e que foi vitorioso nos dois turnos em Campina Grande. Bolsonaro também destacou que está trabalhando para resolver o que chama de problemas éticos, morais e econômicos do Brasil. “Os éticos... já estamos resolvendo! Afinal de contas, governo que não respeita a família e que não teme a Deus, não merece ser governo”, justificou.
Comparando-se ao ex-senador Cássio Cunha Lima, que estava no palanque, o presidente disse que os dois são sexagenários e que “quem passou dos 60 está com prazo de validade vencido”. “Mas, dado esse prazo de validade vencido, nós queremos cada vez mais viver cada dia, cada minuto, cada segundo, com mais intensidade. E cada vez mais nós queremos trabalhar para esse povo maravilhoso”, garantiu. Cássio tem 56 anos.
Bolsonaro também disse que o Nordeste deve receber boa parte dos "vultuosos investimentos" que foram prometidos durante sua última viagem ao Japão, China, Emirados Árabes, Qatar e Arábia Saudita. "O Nordeste mora no coração de todo mundo. O Nordeste é uma parte importante do nosso Brasil", disse.
Retomada da transposição
O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), aproveitou seu discurso para fazer o que ele chamou de ‘lembrança’, afirmando que não era uma ‘cobrança’: o retorno da transposição das águas do São Francisco para o canal que chega a Boqueirão, que abastece a cidade. Durante a visita a Campina Grande, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, garantiu que a água deve chegar até o fim do mês.
O bombeamento das águas foi paralisado em fevereiro por um problema na barragem Cacimba Nova, na cidade de Custódia, em Pernambuco. Em agosto, o Ministério do Desenvolvimento Regional chegou a anunciar a retomada do serviço, mas novos problemas foram registrados. Houve uma emissão de alerta durante a fase final de enchimento do reservatório.
Na sexta-feira (8), o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público da Paraíba (MPPB) divulgaram uma recomendação conjunta para que a água do ‘Velho Chico’ voltasse a ser liberada para o estado. E no sábado (9), o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) que confirmou que as águas da Transposição do Rio São Francisco devem voltar a chegar à Paraíba, na cidade de Monteiro, na segunda quinzena deste mês.
Pauta da cidade
Outra pauta 'lembrada' foi a conclusão da duplicação de duas rodovias federais que passam por Campina Grande. A 230, no trecho que liga a cidade ao Sertão, e a 104, que liga Caruaru a Campina Grande, mas que precisaria da obra no trecho que segue para o Brejo. "Cerca de 17 mil veículos passam em frente ao Aluízio Campos diariamente e essa duplicação vai ajudar a fazer o trânsito fluir melhor", justifica.
Romero também pediu que Campina Grande recebe uma escola cívico militar e seja contemplada com linha férrea que torne possível um projeto de transporte através de VLT na cidade.
Palanque concorrido
O palanque da solenidade reúne um grande grupo de autoridades, como o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canutto, a senadora Daniela Ribeiro (Progressistas), os deputados federais Damião Feliciano (PDT), Pedro Cunha Lima (PSDB) e Ruy Carneiro (PSDB) e o prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues (PSD). A vice governadora Lígia Feliciano (PDT) foi vaiada ao citar em seu discurso que representava o governo estadual. O governador João Azevêdo (PSB) não participou da solenidade. O ex-senador Cássio Cunha Lima, atualmente sem mandato, também esteve presente na solenidade.
Um dos destaques é a ausência do deputado federal Julian Lemos (PSL), que anunciou no domingo (10) que não vai ao encontro do presidente, que é do seu partido por "sentimento de decepção".
Obra de quatro anos
A entrega das casas e apartamentos acontece um mês depois do previsto, já que a cerimônia estava marcada para o dia 11 de outubro, aniversário da cidade, mas foi primeiramente adiado para o dia 25, tendo que ser adiado mais uma vez por questões burocráticas relativas aos contratos.
A obra foi iniciada em 2015, na gestão da ex-presidente Dilma Roussef (PT) e os serviços atravessaram o mandato interino do presidente Michel Temer (MDB) e estão sendo entregues por Bolsonaro.
Veja tudo sobre a construção do complexo Aluízio Campos.
O projeto do complexo inclui linhas de ônibus exclusivas, creches e postos de saúde e até uma subprefeitura e um jardim botânico. A avenida que corta o complexo, antiga Rua Projetada I, é chamada de Avenida Ronaldo Cunha Lima.
Foram investidos mais de R$ 330 milhões investidos, uma obra que deve reduzir em 31,5% o déficit habitacional de Campina Grande, estimado em 13 mil moradias, pelo IBGE.
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