POLÍTICA
Cícero Lucena é alvo de inquérito da PF que apura ligação com facção nas eleições 2024
TRE-PB apontou indícios para que se investigue o prefeito Cícero Lucena por envolvimento com facção nas eleições municipais.
Publicado em 28/10/2025 às 22:40 | Atualizado em 29/10/2025 às 6:47

O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, é alvo de um inquérito da Polícia Federal para apurar suspeita de ligação dele com uma fação criminosa no processo das eleições municipais de 2024. A abertura do inquérito foi confirmada pela PFao Jornal da Paraíba, mas a corporação não deu detalhes da investigação. O processo corre em segredo de Justiça.
No despacho do juiz-relator Bruno Texeira de Paiva, no âmbito do Tribunal Regional da Paraíba (TRE-PB), ele atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), na seção da Procuradoria Regional Eleitoral na Paraíba (PRE-PB), para que a PF investigue o prefeito por essas possíveis ligações que visavam interferir nas eleições do ano passado.
Em nota enviada à Rede Paraíba de Comunicação às 6h40 desta quarta-feira (29), a defesa de Cícero Lucena diz que o prefeito está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento, "por confiar na verdade, na Justiça e na transparência de sua vida pública, se submetendo ao maior julgamento que um político pode passar - o processo eleitoral".
Assinado ainda em agosto, o documento do juiz, que o Jornal da Paraíba teve acesso, reconhece que não há elementos suficientes para uma denúncia formal contra Cícero Lucena, mas o conjunto de provas apresentados pela PRE-PB "ultrapassam o campo da mera suspeita", o que torna a investigação necessária.
"Os diálogos apresentados (pelo MPF), conquanto sugestivos, permanecem na esfera do indiciário, carecendo da consistência probatória que a denúncia exige para legitimar-se. No entanto, esses mesmos elementos não obstam (pelo contrário, autorizam) a necessidade de continuidade das investigações", diz trecho.
Os crimes pelos quais a PRE-PB se pronunciou como havendo indícios e pelos quais Cícero Lucena passa a ser investigado após autorização judicial estão dividios entre os crimes eleitorais e também os crimes comuns. Veja abaixo.
- Corrupção eleitoral - Art. 299 do Código Eleitoral
- Coação eleitoral - Art. 301 do Código Eleitoral
- Organização criminosa - Lei nº 12.850/2013
- Corrupção ativa e passiva - Arts. 317 e 333 do Código Penal
- Peculato - Art. 312 do Código Penal
A solicitação de investigações contra o prefeito foi baseada no resultado da "Operação Território Livre", que aconteceu no ano passado e que visou combater o crime de aliciamento violento de eleitores. Naquela oportunidade, a primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena chegou a ser presa por participação com esquema de organização criminosa.
Em setembro deste ano, a primeira-dama e outros oito investigados viraram réus por corrupção eleitoral no âmbito dessas investigações.
De acordo com as investigações, a facção Nova Okaida controlava bairros como São José e Alto do Mateus, impondo restrições à livre manifestação política e ao voto dos moradores. O grupo outrora investigado, na qual a primeira-dama é apontada de compor, usava violência e intimidação para cooptar eleitores e candidatos. Em troca, líderes e familiares recebiam cargos e vantagens na Prefeitura de João Pessoa.
O juiz também desmembrou o inquérito e remeteu parte do procedimento ao 1º grau de jurisdição para que dê prosseguimento às investigações em relação aos investigados que não tem foro especial, como Cícero Lucena.

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