POLÍTICA
Como pré-candidato, 1º desafio de João Azevedo é se tornar conhecido
Enquanto o partido não confirma oficialmente a pré-candidatura socialista, seus correligionários preparam o terreno para recebê-lo.
Publicado em 25/10/2015 às 7:11
“É o cara que tem condições de ir para o enfrentamento com Luciano Cartaxo (prefeito de João Pessoa), com condições de dizer: a solução para o trânsito é essa, para a habitação é essa, para a educação, é aquela. Se fosse um filme, o título seria De volta para o futuro”, diz um socialista, recorrendo ao otimismo característico dos filiados à sigla, ao falar da pré-candidatura de João Azevedo (PSB) a prefeito da capital. O entendimento no partido é o de que Azevedo seria a pessoa para “corrigir” os rumos da cidade que, após ser governada por Ricardo Coutinho (PSB), passou para a mão de Luciano Agra e, depois, para Luciano Cartaxo (PSD).
Visto com desconfiança pela oposição e otimismo por aliados, o secretário de Infraestrutura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia do Estado precisará inegavelmente do peso político do governador Ricardo Coutinho para levar sua candidatura adiante. A primeira vitória de João Azevedo no percurso foi derrotar a deputada estadual Estela Bezerra na disputa interna. A tese reinante no partido era que a parlamentar foi testada nas urnas, em João Pessoa, em 2012, e não foi bem.
Os socialistas acreditam que apostando em João Azevedo partem sem a rejeição de uma parcela da população. Diferente de Estela. Orientado pelo partido, o pré-candidato, que iniciou semana passada sua participação em plenárias, tem adotado o silêncio enquanto a escolha não for sacramentada pelo partido, o que deve ocorrer em janeiro.
Enquanto o partido não confirma oficialmente a pré-candidatura socialista, seus correligionários preparam o terreno para recebê-lo. Não falta quem conceda entrevista sobre ele, quem exalte qualidades, elogie sua postura e defenda, inclusive, aquilo que os governistas consideram seu calcanhar de aquiles: a inexperiência política. Sobre isso, há dois discursos na praça. O primeiro é que não falta ao secretário experiência política, mesmo não tendo disputado cargos no Executivo e Legislativo. O engenheiro está na vida pública desde o início dos anos 1980, quando assumiu a diretoria da Divisão de Planejamento Habitacional do Ipep e depois a chefia da Assessoria de Planejamento Econômico da Urban (antiga Emlur). Ainda nos anos 1980, assumiu pela primeira vez uma pasta no Executivo, com a Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura de João Pessoa. De lá para cá, transitou entre cargos de chefe de gabinete, assessor, secretário adjunto e titular (Planejamento, Habitação e Infraestrutura) em secretarias das prefeituras de João Pessoa e Bayeux, assumindo, por último, a Secretaria de Recursos Hídricos do governo do Estado em 2011.
Em dezembro do ano passado, com a reforma administrativa realizada pelo governador, João Azevedo ganhou o apelido de “supersecretário”. A pasta de Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia incorporou também a Secretaria de Infraestrutura. O gestor ainda acumula a secretaria especial do PAC e a Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado da Paraíba (Suplan). Além disso, é o articulador de Ricardo em Brasília, onde tem peregrinado em busca de recursos para garantir as obras no Estado.
Enquanto alguns defensores se pegam ao currículo do gestor e a sua habilidade em lidar com agentes políticos – foi com esse argumento que o deputado Hervázio Bezerra e os vereadores Zezinho do Botafogo e Renato Martins, todos do PSB, saíram em defesa de João Azevedo na última semana – um segundo discurso também tem sido propagado por socialistas: o fato de João Azevedo nunca ter disputado uma eleição pesaria, e muito, a seu favor. Além de blindá-lo de qualquer tipo de avaliação de governo, a decepção quase generalizada da sociedade com a política abre espaço para a renovação.
Não é a mesma avaliação de alguns “cartaxistas”. Em entrevista recente, o vereador Bira (PSD) disse que João Pessoa saberá escolher entre “quem já tem uma história de vereador, deputado, prefeito e vice-governador e quem nunca se candidatou ou se elegeu nem a síndico de prédio”. Esse pensamento, contudo, não é unânime na cúpula do prefeito. O engenheiro é reconhecido, é verdade que não por muitos, como técnico competente. A maioria, no entanto, alfineta.
“João Azevedo é um gerente que teria perfil apropriado se tivéssemos uma situação de crise na gestão, com obras e serviços sem andamento. No caso de João Pessoa, ele tem mais a explicar que a sugerir”, disse um membro graduado da cúpula pessedista, usando o argumento de que em cinco anos cuidando da questão hídrica da Paraíba, os problemas só se agravaram. “Campina Grande está com três dias de racionamento por semana e vai ser ampliado para cinco”, enfatizou. A cúpula do PSD trabalha com o argumento que do ponto de vista político João Azevedo “será um preposto de Ricardo Coutinho”. Outro argumento é o que a presidente Dilma Rousseff, do PT, partido abandonado por Cartaxo, é a prova de que “os gerentões estão em baixa”.
Temendo ser alvo de ataques, Azevedo tem sido discreto. Desde que seu nome começou a circular como um possível candidato, concedeu poucas entrevistas sobre o assunto. O indicativo de que Azevedo tinha a preferência de Ricardo Coutinho ganhou força no fim do ano passado, quando ele assumiu maior importância para a gestão. De lá para cá, tem assumido a dianteira na entrega das obras. Aos poucos, vai ganhando cancha. Com o início das plenárias nos bairros, o nome está nas ruas.
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