Em Caruaru, Bolsonaro defende “enquadrar” ministros do STF

Buscando mobilizar a base, voltou a convocar apoiadores para manifestações no feriado de 7 de setembro.

Presidente da República durante passeio do moto no Agreste de PE. Foto: Blog do Ney Lima/G1PE/Reprodução
Em Caruaru, Bolsonaro defende "enquadrar" ministros do STF
Presidente da República durante passeio do moto no Agreste de PE. Foto: Blog do Ney Lima/G1PE/Reprodução

Após participar de um passeio de moto por Caruaru, no Agreste de Pernambuco, o presidente Jair Bolsonaro discursou num estacionamento de um centro comercial. Na fala, ataques ao Supremo e a cantilena de que está jogando nas quatro linhas, mas pode não jogar mais.

Bolsonaro defendeu que integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) sejam “enquadrados”. Os integrantes aos quais se refere são os ministros Alexandre de Moraes, e Luís Roberto Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os dois são frequentemente atacados.

Moraes é o relator do inquérito das fake news, que apura a divulgação de informações falsas, no qual o presidente da República figura como investigado. Barroso, por outro lado defendeu, recentemente, a legitimidade do voto impresso, que ainda é questionado pelo presidente.

O nosso Supremo Tribunal Federal não pode ser diferente do Poder Executivo ou do Poder Legislativo. Se lá tem alguém que ousa continuar agindo fora das quatro linhas da Constituição, aquele poder tem que chamar essa pessoa e enquadrá-la e lembrar-lhe que ele fez um juramento de cumprir a Constituição. Se assim não ocorrer, (…) a tendência é acontecer uma ruptura.

O presidente e seus os admiradores acreditam que as prisões de bolsonaristas, que ameaçam ministros do STF e defendem ruptura institucional, são ilegais. Para criticar Moraes, Bolsonaro costuma apelar à “liberdade de expressão”. Liberdade essa que não é absoluta.

Também não se conformou com a derrota do voto impresso na Câmara dos Deputados. Daí, a obsessão por Barroso.

7 de setembro 

Buscando mobilizar a base ideológica, Bolsonaro voltou a convocar apoiadores para manifestações no feriado de 7 de setembro, que, a depender do que vão reivindicar, podem ser consideradas antidemocráticas.

Bolsonaro também repetiu que respeita o que chama de “quatro linhas da Constituição” e que o “povo” é o poder moderador.

“Eu sou chefe de um poder. Existem mais dois poderes em Brasília. Nesses três poderes, ninguém é mais soberano que o povo. Temos um ou outro saído da normalidade. Temos um ou dois jogando fora das quatro linhas da Constituição. Nós jogamos dentro das quatro linhas. Mas o povo, como poder moderador, não pode admitir que nenhum de nós jogue fora dessas quatro linhas”, afirmou.

Na Bahia, um dia antes, o presidente afirmou que as manifestações da próxima terça-feira servirão como um ultimato a ministros do STF.

Apesar de ter citado mais cedo sobre uma “ruptura”, o presidente afirmou a apoiadores que espera uma manifestação pacífica. Ele deverá participar de manifestações em Brasília pela manhã e na Avenida Paulista à tarde.

Alerta de Fux

O presidente do STF, Luiz Fux, “respondendo” às últimas ameaças, afirmou, na quinta-feira, que a Corte não vai tolerar ataques à democracia. Falava dos atos do dia 7. “Num ambiente democrático, manifestações públicas são pacíficas; por sua vez, a liberdade de expressão não comporta violências e ameaças”, afirmou.

O pós

As manifestações podem ser pacíficas, violentas, grandes ou pequenas, mas, no dia seguinte ao feriado do 7 de setembro, o presidente precisará governar. Tem problemas que já colocam em xeque sua reeleição. Desemprego, economia fraca, inflação, instabilidade e desconfiança de que ele será capaz de fazer mais que ameaçar, andar de moto e colocar a culpa nos inimigos.