“É uma incapacidade de gestão e de apresentar resultados”, diz Pedro sobre reformas no governo Bolsonaro

O tucano concedeu entrevista exclusiva à CBN João Pessoa, nesta quarta-feira (22), e disse que não fará oposição sistemática, mas condenou a forma que o governo conduz as principais reformas do país.

“É uma incapacidade de gestão e de apresentar resultados”, diz Pedro sobre reformas no governo Bolsonaro
Pedro Cunha Lima (PSDB). Foto: Agência Câmara

Mesmo após o PSDB anunciar o rompimento oficial com o governo Bolsonaro, o deputado Pedro Cunha Lima tem adotado postura moderada na Câmara Federal. Em entrevista exclusiva à CBN João Pessoa, nesta quarta-feira (22), falou sobre a polêmica, explicou o posicionamento e justificou as críticas (e não são poucas) ao governo federal.

O tucano mirou, por exemplo, na Reforma Tributária proposta pelo governo, registrou o que ele chama de incapacidade de gestão, mesmo com um cenário favorável e um Congresso disposto a discutir e aprovar as reformas. “É uma incapacidade de gestão e de apresentar resultados”, diz Pedro sobre reformas do governo Bolsonaro.

“É ridículo, a palavra é essa, que num grau de necessidade que nós temos, de fazermos uma reforma profunda, robusta, que simplifique, que amenize carga tributária, que torne o sistema mais progressista, que tribute quem mais tem para poder aliviar quem menos tem”, pontua.

É impressionante que a gente chega na reta final do governo e não vê nada disso acontecendo. É um bate cabeça sem fim. O próprio governo não tem convicção do que defende. Um fala uma coisa, outro fala outra. Manda um texto, a própria base na Câmara desfaz o texto que foi enviado”, critica.

Espírito colaborativo x oposição sistemática

No entanto, enfatizou que terá um espírito colaborativo em toda oportunidade que tiver. Mesmo com discordâncias duríssima com o governo, não vai fazer oposição sistemática, com a mesma postura do PT. “Eu prefiro fazer uma oposição responsável”, explicou.

Pedro Cunha Lima registrou que o Brasil tem imensos desafios pela frente e que não há tempo a perder por exemplo, com do discurso de combate ao comunismo. “Temos que melhorar o nosso ambiente econômico, o ambiente de fazer negócios, de empreender. A gente tem uma reforma tributária para ser tocada, precisa melhorar o funcionamento da máquina pública, dar competitividade, enfrentar privilégios”, comentou.

Temas como reforma administrativa e desafios para melhoria da educação no país também estão na agenda do deputado que afirma ter visão crítica. “Acredito que dá pra separar as coisas. Dá pra pontuar a discordância de quem se manifesta ataques à democracia e muito sinceramente eu acho que esse não é o principal debate do país, temos que falar dessa agenda necessária ao país”, afirmou.

Exoneração do cunhado e Romero 

Na entrevista, o deputado também comentou sobre a demissão do cunhado da Sudene e negou que a decisão tenha relação com alguma orientação do PSDB nacional. Também reafirmou que Romero Rodrigues, ex-prefeito de Campina Grande, é o pré-candidato ao governo da Paraíba pelo grupo; e ainda que acredita que a volta das coligações não passa no Senado.

Na conversa, Pedro detalhou as críticas que faz a Reforma Administrativa apresentada, que exclui os privilégios dos mais poderosos, do topo do funcionalismo, dos que mais pesam nas contas, e pode manter os penduricalhos que ele condena.  “É importante deixar claro que esses privilégios não chegam em todos os servidores públicos […] que é outra coisa que eu faço questão de pontuar: que todo servidor público não trabalha, é acomodado, não tem responsabilidade com a função que cumpre: não pode generalizar”, lembrou.

E aponta para o problema: “a gente não está alterando o que há de mais grave, que é uma autoridade que recebe mais de R$ 200 mil por mês. Ainda acontece no Brasil isso. É um autoridade que recebe auxílio creche, quando a realidade social brasileira revela que menos de 30% das crianças mais pobres não têm vagas de creche. Então, eu falei de maneira muito direta: se não mexer nos pontos básicos, eu não voto Reforma Administrativa”, cravou.

Ouça a entrevista na íntegra: