Opinião: Cícero terá que decidir o que vai fazer com o ‘Trauminha’, só não pode deixar como está

Semana passada, o secretário de Saúde de João Pessoa, Fábio Rocha, admitiu que tem vontade de fechar a unidade, referência em ortotraumatologia e que fica no bairro de Mangabeira.

Foto: Secom-JP
Opinião: Cícero terá que decidir o que vai fazer com o 'Trauminha', só não pode deixar como está
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O prefeito Cícero Lucena (PP) segue com agenda intensa em viagem internacional. Nesta terça-feira (16), o gestor participou do Smart City Expo World Congress, em Barcelona, na Espanha. Esse é o principal evento mundial sobre iniciativas inteligentes para o desenvolvimento urbano.

O gestor deve trazer experiências e exemplos importantes para o futuro de João Pessoa, mas, ao pisar na sua terra, terá que enfrentar um problema do passado, que ele, então candidato a prefeito da capital, há um ano, prometeu resolver em 6 meses.

No fundo, todo mundo sabia que em um tempo tão curto não haveria solução definitiva, mas, ao menos, teríamos um horizonte com mais soluções do que problemas.

“Vontade de fechar”, disse Rocha

Em quase um ano de gestão, temos um cenário inverso, mais problemas e nenhuma solução concreta, pelo menos foi o que deu a entender o secretário de Saúde de João Pessoa, Fábio Rocha.

Semana passada, o secretário, com a sinceridade peculiar, admitiu os problemas que foram identificados na unidade referência em ortotraumatologia. Em destaque, a falta de insumos para realizar cirurgias.  Fábio afirmou que a pandemia gerou a escassez de produto e medicamentos.

Eu vou confessar uma coisa para vocês: eu já tive vontade de fechar o Trauminha, porque eu não posso ter um hospital que falte fio de sutura. Por quê? Porque é impossível comprar ou porque não tem. Eu tenho tudo documentado, várias licitações,  disse Rocha, em entrevista às TVs Cabo Branco e Paraíba, semana passada.

Fiscalização do CRM

O CRM constatou vários casos de pacientes que estão precisando de cirurgia. Eles têm risco de perder o movimentos dos membros, medo de uma calcificação “indevida”, medo de uma lesão que pode ficar pra toda vida.

A fiscalização detectou falta de itens básicos , de insumos (como fios de sutura, gel condutor para eletrocardiograma), medicamentos e superlotação.

Não tinha lâmina de bisturi, luva de procedimento, algumas medicações essenciais  no hospital, monitores estavam quebrados, cirurgias sendo canceladas ou desmarcadas”, afirmou Bruno Leandro, diretor de fiscalização do CRM, em entrevista às TVs Cabo Branco e Paraíba.

A direção informou que os procedimentos licitatórios estavam acontecendo, mas o CRM cobrou uma solução, um plano de ação em curto, médio e longo prazos.

Gravidade 

A situação é grave. Vários relatos chegaram ao nosso conhecimento. O último, de um amigo, que está com fratura exposta no braço, grave, mas aguarda para fazer cirurgia. “Está faltando material”, disse um colega que o acompanhou.

Profissionais que trabalham por lá não sabem o que fazer, estão envergonhados e se sentem incapazes. “Tá difícil. Aquilo ali ta caindo e ninguém faz nada”, afirmou um trabalhador da saúde. Os relatos se repetem, sob reserva, para evitar retaliação.

Qual a solução?

Se a solução for fechar: para onde vão os pacientes que estão “na fila do osso” do Trauminha ? Se ficar aberto, qual a solução? Se o secretário de Saúde, responsável pelo lugar, não sabe o que fazer, quem saberá?

A prefeitura tem que criar, urgentemente, uma comissão de crise para enfrentar o problema. Nem precisa esperar o prefeito chegar. Esse grupo precisa estar pronto com um “leque” de soluções para que o prefeito decida o que fazer.

Talvez uma parceria com o governo do estado, aliado político, para fornecimento de medicamento. Pedido de ajuda ao governo federal. Alguma solução tem que ser iniciada, nem que seja por vídeo conferência, remotamente, caso estejam esperando o prefeito chegar de viagem.

Veja entrevista do chefe de fiscalização do CRM e de Fábio Rocha, no Bom dia Paraíba, no último dia 11 de novembro.