Opinião: jogos de cena da política eleitoral paraibana nas últimas horas

A ideia é mostrar tranquilidade, equilíbrio e empacotar palavras para evitar entregar estratégia, demonstrar fragilidade ou perda de controle.

Foto: divulgação
Opinião: jogos de cena da política eleitoral paraibana nas últimas horas
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Política tem no seu DNA o jogo de cena. A ideia é mostrar tranquilidade, equilíbrio e empacotar palavras para evitar entregar estratégia, demonstrar fragilidade ou perda de controle. Faz parte. Nesta sexta-feira, vimos alguns exemplos claros.

No evento de filiação do PSB, o governador João Azevêdo (PSB) evitou dizer que precisa de Aguinaldo Ribeiro (Progressistas) para compor uma chapa competitiva. Disse que o progressistas é “um grande nome e espera que ele possa encontrar um caminho de convergência. Se for encontrado será parceiro”.

Sem Efraim, Aguinaldo é fundamental.

Por outro lado, Aguinaldo diz que trabalha para ser o candidato ao Senado, mas não diz que será com João. Quer garantia de grupo unido.

Mas, se não for o candidato de João, vai pra reeleição de deputado federal. Frustração. Pode até lançar a irmã, Daniella Ribeiro (PSD), como candidata ao governo. Mas desmantela o projeto do partido para 2024 na capital, focado na reeleição do prefeito Cícero Lucena (Progressistas). De alguma forma bagunça o coreto, sem saber onde vai dar agora ou depois.

Nilvan anuncia ida ao PL, com aval e vídeo do presidente. Ele sabe que não poderia ser melhor. Terá fundo partidário, foca na polarização e pode ganhar musculatura com bolsonaristas. Mas não foi uma escolha natural: foi a necessidade imposta pelo cenário.

No grupo do PSDB/PSC uma natural normalidade nas falas. Normalidade para evitar expor fragilidade. O pré-candidato a deputado federal, Romero Rodrigues, levou uma rasteira e ficou sem chão. Foi para o PSC. Lá, com Ruy e Léo Gadelha aproveita melhor os “100 mil votos” planejados.  Mas verdade seja dita: foi para o PSC porque o PSDB está fragilizado na disputa por uma vaga à Câmara Federal. Focou na AL.

Para completar, Cássio e Bruno Cunha Lima, dois nomes que deveriam estar na proa visível, explícita desse debate, atuam de maneira comedida, cautelosa. Não sei se essa é a palavra, mas falta uma liga forte, de movimento grande e positivamente ofensivo a favor de Pedro. Tudo meio morno e Pedro gritando. Talvez seja impressão, mas é preciso pensar sobre.

Damião Feliciano, quase União Brasil, admitiu que o PDT paraibano está morto. Não tem nome fortes. Sozinho não vai longe. Esconde até o último momento o que é óbvio: está refém de um partido que lhe dê condições de ganhar. É necessidade, mesmo. Não é uma escolha corriqueira.

Temos ainda o ex-senador Raimundo Lira. Filiou-se ao Republicanos, mas disse que não sabe se será candidato a nada. Porém, não foi do nada que o nome dele foi pra lista dos possíveis vices de João. No meio dessa confusão político-eleitoral, quem não quer nada não entra.

Para completar essa rodada de jogo de cena, dos últimos dias, temos Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa. No Republicanos, ganhou voz.

Diz que está com João e não foge de nenhuma luta, nenhuma missão. Mas a missão que deseja, mesmo, é a da vaga de vice. Se não tivesse se antecipado e declarado apoio a Efraim, até estaria melhor na bolsa de apostas. Mas, com a imposição de “unidade” feita por Aguinaldo, a pontuação cai.

É preciso dizer que não há demérito nesses jogos de cena. Eles só não convencem mais. De alguma forma, torna o “jogo” mais enigmático e até divertido.